DIREITO
À IGUALDADE
(artigos
1, 2 e 28 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)
"Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade"
Constituição
da República Federativa do Brasil, artigo 5º
1ª
SUGESTÃO
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Língua
Portuguesa, Arte e Geografia.
1. O professor
entregará uma cópia do conto "Os três astronautas" aos
estudantes, estipulando um tempo para leitura. O texto pode ser usado
completo ou o professor pode suprimir, na primeiro leitura, o
parágrafo do cabeçalho que revela quem é o autor e, também, o
parágrafo final de conclusão. Com respeito ao final, pode-se deixar
só o princípio da oração (Haviam compreendido que ..."), para
que os estudantes a completem com sua própria conclusão. Após o
debate sobre o conto, o professor contará aos alunos a parte que
suprimiu. Assim poderá comparar se há coincidência entre o
propósito e a conclusão do autor e a interpretação dos jovens.
2. Roteiro para
debater em grupo:
- O que vocês mais
gostaram do conto? Por quê?
- Vocês acham válido
o conflito entre os cosmonautas? E entre os cosmonautas e o
marciano?
- Em quais
circunstâncias vocês se sentem como o marciano? Em quais
circunstâncias como os astronautas? Que conclusões vocês podem
tirar disso?
- Existe alguma
diferença entre o astronauta africano e os outros astronautas que
tenha dado ao primeiro maior vantagem para entender o marciano?
- Como terminariam o
conto? O que acham que os astronautas "Haviam
compreendido"?
- Vocês acham que
este é só um conto infantil? Por quê?
3.
Dramatização:
Os estudantes
dramatizarão o conto. Podem apegar-se à história original ou
introduzir alguma mudança de comum acordo. Por exemplo: variar a
nacionalidade, a raça ou o sexo dos astronautas. Não há nenhuma
mulher nessa história!
Seria bonito apresentar
o conto a crianças na forma de uma representação feita pelos
estudantes. O professor poderia organizar essa atividade, sugerindo a
dramatização ou o uso de marionetes. Após a apresentação, os
alunos do ginásio podem conduzir o debate sobre a peça com seu
público infantil. Também podem pedir-lhes que ilustrem o conto.
Depois, de volta à classe, comentarão as reações e opiniões dos
meninos.
TEXTO
Um
Conto Infantil (ou nem tanto)
Os
Três Astronautas
UMBERTO
ECO
Esta é uma fábula de
hoje para as suas crianças. Ou talvez não. É para vocês. De
qualquer maneira, façam a prova de contá-la a eles. Talvez
reconheçam sua própria linguagem do futuro, e a contarão a vocês.
"Era uma vez a
Terra.
E era uma vez Marte.
Estavam muito longe um
do outro, no meio do céu, e ao redor havia milhões de planetas e
galáxias.
Os homens que habitavam
a Terra queriam chegar a Marte e aos outros planetas, mas eles estavam
muito longe!
De qualquer maneira,
começaram a trabalhar. Primeiro lançaram satélites que giravam dois
dias ao redor da Terra e logo regressavam.
Depois lançaram
foguetes que davam voltas ao redor da Terra, mas, ao invés de
regressar, ao final fugiam da atração terrestre e partiam para o
espaço infinito.
No começo, nos
foguetes, colocaram cachorros, mas os cachorros não sabiam falar, e
através do rádio transmitiam só "au-au" . E os homens
não podiam entender o que tinham visto nem onde tinham chegado.
Ao final encontraram
homens valentes que quiseram ser astronautas. O astronauta era assim
denominado porque partia para explorar os astros no cosmos, que dizer,
o espaço infinito, com os planetas, as galáxias e tudo o que nos
rodeia.
Os astronautas, ao
partirem, ignoravam se poderiam regressar. Queriam conquistar as
estrelas para que um dia todos pudessem viajar de um planeta a outro,
porque a Terra havia se tornado muito pequena e os homens cresciam
diariamente.
Um belo dia partiram da
Terra, saindo de três pontos diferentes, três foguetes.
No primeiro ia um
americano, que assobiava muito alegre um trecho de jazz.
No segundo ia um russo,
que cantava com uma voz grave: 'Volga, Volga' .
No terceiro ia um negro
que sorria feliz, com os dentes muito brancos em sua cara negra. De
fato, naqueles tempos, os habitantes da África, que finalmente eram
livres, tinham se demonstrado tão hábeis quanto os brancos para
construir cidades, máquinas e, naturalmente, para ser cosmonautas.
Os três queriam chegar
primeiro a Marte para demonstrar quem era o mais valente. O americano,
com efeito, não gostava do russo e o russo não gostava do americano.
E tudo porque o americano para dizer bom dia dizia "how do you
do" e o russo dizia "ZGPABCTBYUTGE" .
Por isso não se
compreendiam e se achavam diferentes.
Os dois, além do mais,
não queriam saber do negro porque ele tinha uma cor diferente.
Por isso não se
compreendiam.
Como os três
astronautas eram muito valentes, chegaram a Marte quase ao mesmo
tempo.
........................................................
Chegou a noite. Havia
em torno deles um silêncio esquisito, e a Terra brilhava no céu como
se fosse uma estrela longínqua.
Os astronautas se
sentiam tristes e perdidos e o americano, no escuro, chamou a mãe
dele.
Disse: "Mamie".
E o russo disse:
"Mama".
E o negro disse: "Mbamba".
Mas logo compreenderam
que estavam dizendo a mesma coisa e que tinham os mesmos sentimentos.
Foi assim que sorriram entre si, aproximaram-se, juntos acenderam um
bom foguinho, e cada um cantou canções de seu país. Então
armaram-se de coragem e, enquanto esperavam o amanhecer, aprenderam a
conhecer-se.
Por fim, fez-se o dia.
Fazia muito frio. De repente, de um grupinho de árvores saiu um
marciano. Era realmente horrível vê-lo! Era todo verde, tinha duas
antenas no lugar das orelhas, uma tromba e seis braços.
Olhou para eles e
disse: "GRRRR!"
Em seu idioma queria
dizer: "Mãezinha querida! Quem são esses seres tão
horríveis?"
Mas os terráqueos não
o compreenderam e pensaram que seu grito era um rugido de guerra.
..................................................................
Foi assim que decidiram
matá-lo com seus desintegradores atômicos.
Mas de repente, no meio
do enorme frio do amanhecer, um passarinho marciano, que evidentemente
tinha fugido do ninho, caiu no chão tremendo de frio e medo. Piava
desesperado, mais ou menos como um passarinho terráqueo. Dava muita
pena. O americano, o russo e o negro olharam para ele e não puderam
conter uma lágrima de compaixão.
Nesse momento,
aconteceu algo muito esquisito. Também o marciano aproximou-se do
passarinho, olhou para ele e deixou escapar dois fios de fumaça da
tromba. E os terráqueos, naquele instante, compreenderam que o
marcianinho estava chorando, a sua maneira, como choram os marcianos..
Depois viram que se
inclinava sobre o passarinho e o carregava entre seus seis braços
tratando de aquecê-lo.
O negro, que em outros
tempos tinha sido perseguido porque tinha pele negra e por isso mesmo
sabia como são as coisas, disse a seus dois amigos terráqueos:
"Vocês viram?
Pensávamos que este monstro era diferente de nós, mas ele também
ama os animais, sabe comover-se, tem um coração e sem dúvida um
cérebro! Vocês ainda pensam que temos que matá-lo?"
Não era necessário
fazer tal pergunta.
Os terráqueos já
haviam aprendido a lição. Duas pessoas serem diferentes não
significa que elas devam ser inimigas.
Portanto,
aproximaram-se do marciano e estenderam a mão. E ele, que tinha seis,
deu a mão aos três ao mesmo tempo, enquanto fazia gestos de
cumprimentos com as mãos que ficavam livres.
E apontando para a
Terra, distante no céu, fez entender que desejava viajar até lá,
para conhecer outros habitantes e estudar junto com eles a forma de
fundar uma grande república espacial na qual todos se amassem e
estivessem de acordo. Os terráqueos disseram que sim entusiasmados.
Haviam compreendido
que, tanto na Terra como em outros planetas, cada um tem seus
próprios costumes, sendo necessário somente compreeder-se
mutuamente."
2ª
SUGESTÃO
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Arte, Geografia
e História.
A dinâmica que ora se
propõe deve ser realizada numa sala de aula decorada com cartazes que
contenham trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O professor convida os
alunos a escrever em um papel os direitos que cada qual crê possuir,
distinguindo quais lhes são reconhecidos sem objeção e quais não
lhes são reconhecidos (ou o são, mas com grande dificuldade). Em
seguida, deve o aluno anotar os direitos dos outros que lhe custa
aceitar e reconhecer. Em terceiro lugar, anotará os direitos que são
violados com maior frequência no seu país.
Formam-se pequenos
grupos, nos quais se trocam impressões e opiniões; sugere-se a eles
que façam comentários espontâneos entre si, podendo incentivá-los
com as seguintes questões:
- Por que uns direitos
são reconhecidos e outros não?
- Por que somos tão
reticentes em admitir os direitos dos outros, mas tão diligentes
para reclamar os nossos próprios direitos?
- Por que, ainda que a
ONU tenha proclamado os direitos humanos e muitos países tenham
assinado o Tratado, eles não são reconhecidos na prática?
- Quais são, segundo
o grupo, os direitos fundamentais, os básicos, para toda pessoa?
- Como é vista a
situação do nosso país, no que se refere ao respeito dos
direitos humanos?
- Quais seriam as
tarefas a realizar, a fim de conseguirmos um avanço significativo
no reconhecimento dos direitos humanos, não apenas para alguns,
mas para todos por igual?
"A igualdade
(...) é afirmada no plano da dignidade humana. É evidente que nem
todos os homens são iguais no que tange à capacidade física e às
qualidades intelectuais e morais.
Nós homens
somos fundamentalmente iguais pela nossa origem e pelo nosso destino.
Todos somos iguais na nossa natureza humana: todos somos chamados a
ser pessoas, à liberdade, ao amor e à vida. Isto quer dizer que
todos temos direitos fundamentais para podermos nos desenvolver como
seres humanos"
JUAN
JOSÉ MOSCA e LUIS PÉREZ AGUIRR
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