DECLARAÇÃO
Eu,
GEORGE GOUVEIA, brasileiro, casado, residente e domiciliado no
Recife/PE, DECLARO, sob as penas da lei, destacadamente para fins
previstos na Medida Provisória n.º 65/2002, QUE, conheço MÉRCIA
ALBUQUERQUE FERREIRA, brasileira, casada, advogada inscrita na OAB/PE
sob n.º 2.079, residente à rua Sete de Setembro, 197, aptº. 52, Boa
Vista, Recife/PE, desde 1960, sendo do meu conhecimento que desde a
eclosão do golpe ditatorial militar de 1964 até 1979, a DECLARADA
dedicou-se exclusivamente a defesa dos Presos Políticos e perseguidos
pelo regime militar vigente naquela época. Atuando inicialmente, no
processo do líder comunista GREGÓRIO BEZERRA e demais membros do PCB
e, posteriormente junto aos militantes do PCBR,ALN, VAR PALMARES e
demais facções. Desta forma, também, participou dos Inquéritos
Policiais Militares (IPMs), pertinentes aos funcionários públicos
pertencentes ao IAA, IAPB, IAPETEC, INPS, REFESA, incluindo Sindicatos
Urbanos e Rurais. Motivo pelo qual a DECLARADA mais de uma dezena de
vezes foi presa e torturada, SENDO inclusive, SEQUESTRADA quando
participou do processo de exumação do cadáver do estudante mineiro
JOSÉ CARLOS NOVAIS DA MATA MACHADO, brutalmente assassinado nos porões
do quartel do IV exército, sediado no Recife, conforme relato citado no
livro ZÉ, escrito por Samarone Lima. PODENDO AFIRMAR que na época,
raros colegas se aventuraram a patrocinar a defesa de presos e
perseguidos políticos, assim mesmo quando algum assumia, cobrava o
valor de R$ 7.000,00 (SETE MIL REAIS), inclusive, havia quem cobrasse até
R$ 300,00 (TREZENTOS REAIS) só para ler o processo como forma de
desestimular a contratação. PODENDO AINDA AFIRMAR que a DECLARADA foi
desumanamente perseguida, também com o intuito de atemorizá-la
tendo-se em vista sua extrema atuação junto aos Tribunais Militares,
desde abril de 1964 até 1979. Fatos pelos quais posso testemunhar por
se tratar de colega e amigo da DECLARADA, bem como haver vivenciado os
horrores dos cárceres, quando pude visitá-la numa de suas inúmeras
arbitrárias prisões.
Por
ser legítima expressão da verdade, firmo a presente declaração.
Recife,
8 de outubro de 2002.
GEORGE
GOUVEIA
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