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DECRARAÇÃO

Eu, Mércia de Albuquerque Ferreira, brasileira, casada, advogada, residente e domiciliada na cidade do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, onde tem endereço à Rua Sete de Setembro, n” 197, apartamento 52, no bairro da Boa Vista, portadora da Carteira de Identidade RG n0 388.849, expedida pela SSP/PE e inscrita no CPF/MF sob o n” 006.227.454-64,            DECLARO que em maio do ano do 1964, pela manhã bateram em minha porta, e ao abri-la, deparei-me com uma adolescente contando aproximadamente dezesseis (16) ou dezessete (17) anos, que me pedia abrigo, afirmando que acabara de ser liberada da prisão, e era irmã de Manuel Messias da Silva.

Na ocasião a jovem Maria, relatou que havia sido presa em Caruaru por agentes da Secretaria Pública do Estado de Pernambuco, lotados na Secretaria Auxiliar, comandada pelo bel. Álvaro Gonçalves da Costa Lima. O que a deixou indignada, é o fato da prisão ter se revestido de truculência, no centro comercial da cidade, em plana luz do dia, diante de tudo e de todos, que assistiram esboçarem qualquer reação. Relatou ainda que a primeira pernoitou no Abrigo do Bom Pastor, para no dia seguinte ser entregue nas mãos do Ten-Cel. Hélio Ibiabina Lima, Presidente do IPM de Pernambuco, o qual determinou que a mesma fosse recolhida ao xadrez.

Durante o período de sua detenção na 2ª Companhia de Guardas, a jovem Maria foi submetida a torturas, inclusive de ter sido obrigada a contemplar o deplorável estado físico de seu irmão, que ali se encontrava, igualmente preso e vítima da crueldade de seus algozes, como posteriormente relatou o jornalista Márcio Moreira Alves em seu livro denúncia “Tortura e Torturados”.

Ao chegar em minha casa, observei que Maria tinha o cabelo em desalinho, estava com as vestes extremamente sujas e rasgadas, se apresentava física e emocionalmente abalada.

Acolhi-a, providenciei-lhe banho, roupa limpa, alimentei-a e pedi-lhe que fosse dormir.

Avisei aos seus familiares e após alguns dias, sua sofrida mãe veio ao seu encontro.

Alguns meses depois, em plena madrugada, volta Maria a me pedir ajuda e pousada. A partir dessa data, praticamente permaneceu residindo em minha casa, pois agentes da Delegacia Auxiliar passaram a persegui-la.

Sendo só, espero que esse relato venha a dar amparo ao seu pedido de indenização.

Mércia de Albuquerque Ferreira

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