DECLARAÇÃO
Declaro
para os devidos fins que aproximadamente
em junho do ano do 1964, quando estava
em busca por MANOEL MESSIAS DA SILVA,
percorrendo várias Delegacias do Município
do Recife e área metropolitana, encontrei
o jovem HIRAM MENEZES (hoje Bacharel
de Direito e Advogado militante em
nosso Fórum) algemado, preso e recolhido
em uma das celas do Comissariado de
Água Fria deste município, e do relance,
sem ser nenhuma especialista em laudos
médicos policiais, observei que aquele
rapaz apresentava sinais de tortura,
hematomas por várias partes do corpo,
inclusive o rosto bastante demasiados
o que pode ser visto facilmente, mesmo
por se encontrar quase desnudo, vestindo
apenas uma cueca (peça íntima).
Sendo
sabedora do que as prisões eram arbitrárias
sem obedecer a um devido processo
legal, sem abertura do inquérito policial
(prática usual para dificultar a localização
do preso e muitas das vezes vítima,
com consequente falecimento e ocultação
do cadáver), procurei familiares daquele
rapaz (genitor) e comuniquei-lhe o
que presenciara. Daí,
a razão de não encontrar os prontuários
das infelizes pessoas vítimas da ditadura
implantada neste país àquela época.
Recife,
21 de março de 2001.
MÉRCIA
DE ALBUQUERQUE FERREIRA
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