DECLARAÇÃO
MARCELO
MÁRIO DE MELO, brasileiro, jornalista, casado, portador do RG
número 634742-SSP/PE, residente no Recife-PE à Rua Marques de
Amorim 596, 1º’, declaro para efeitos legais que conheci LUIZ
ALVES NETO em Mossoró-RN no ano de 1967, militando nas fileiras
do Partido Comunista Brasileiro e, a partir de 1968, no Partido
Comunista Brasileiro Revolucionário – PCBR. Na condição de membro
do Comitê Regional do PCBR no nordeste, tinha contatos sistemáticos
com Luiz Alves. No ano de 1970 residi no Recife com ele e sua
esposa, Anatália Melo Alves, já então, eu e ele, com prisão preventiva
decretada, enquadrados na Lei de Segurança Nacional.
Preso
em 1971, só reencontrei Luiz Alves quando do seu recolhimento
à Penitenciaria Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, entre
os anos 73/74. Cumprimos juntos uma parte das nossas penas. E
foi nessa convivência que tomei conhecimento, em detalhe, das
torturas físicas e psicológicas sofridas por ele e sua esposa,
Anatália Melo Alves encontrada morta numa cela do DOPS de Pernambuco,
com a versão oficial e sem credibilidade de um pretenso suicídio.
O
assassinato da sua esposa e o achincalhe dos agentes policiais
quando o levaram para ver o corpo, acredito que representaram
uma das majores torturas para Luiz Alves, sem falar nos choques
elétricos e nas pancadas que lhe atingiram fisicamente.
Nos
julgamentos a que respondeu na Auditoria da 7ª Circunscrição Judiciária
Militar, em Pernambuco, e perante entidades ligadas à defesa dos
direitos humanos, como a GAB, a CNBB e a Anistia Internacional,
Luiz Alves denunciou formalmente as torturas que sofreram, ele
e sua esposa. Essas denúncias foram registradas nas memórias de
Paulo Cavalcanti e no Dossier dos Mortos e Desaparecidos, passando
a fazer parte da nossa história escrita.
Recife,
23 de maio de 2002
MARCELO
MARIO DE MELO
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