Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 Apresentação
 Trajetória de Vida
 Escritos & Reflexões
 Atuação Jurídica
 ABC Vítimas da Ditadura
 Matérias na Mídia
 Correspondências
 Processos
 Arquivos Multimedia
 Galeria Virtual
 Acervo Mércia
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Rede Brasil
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN
 Rede Lusófona
 Rede Mercosul


Testemunhas confirmam ação do Cabo Anselmo na repressão
Jornal do Commercio – 8 de fevereiro de 1995
Direitos Humanos 

Depoimentos contestam versão oficial da morte de três militantes da VPR

A participação do Cabo Anselmo – informante da polícia durante o regime militar – na prisão de sua companheira e militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) Soledad Barret Viedma foi confirmada ontem, em dois depoimentos prestados ao Grupo Tortura Nunca Mais. Na presença do secretário Roberto Franca (Justiça), a ex-advogada de presos políticos, Mércia Albuquerque e a comerciante Sonja Maria Cavalcanti testemunharam pela primeira vez para contestar a versão oficial das mortes de Soledade, Pauline Reichstul e Jarbas Pereira Marques.

Sonja Maria reconheceu o Cabo Anselmo – em uma foto levada por Mércia – como sendo um dos homens que participaram da prisão de Soledad e Pauline. Ela contou que Soledad costumava ir a sua boutique, em Boa Viagem, deixar mercadorias para ser revendidas. No dia 8 de janeiro de 1973, Soledad e Pauline estavam na boutique quando cinco homens, se dizendo policiais, invadiram o local, bateram barbaramente em Pauline, enquanto Soledad, grávida do Cabo Anselmo, apenas indagava insistentemente “por que?”.

Depois ainda segundo o relato de Sonja, as duas foram levadas em dois carros, um de placa 7831 (pertencente ao Incra) e o outro um volks particular, cuja placa não foi anotada. “Quase enlouqueço na época”, disse a comerciante que nunca teve militância política nem sabia do envolvimento das moças com a VPR. “Fui registrar queixa e me aconselharam a deixar as coisas pra lá. No dia seguinte é que vi a foto delas nos jornais e me dei conta da gravidade do caso”.

Relembrar a cena que presenciou no necrotério deixou Mércia Albuquerque, hoje com 61 anos e hipertensa, emocionada. Procurada por Rosália Marques, mãe de Jarbas Pereira Marques, desaparecido no dia 8 de janeiro de 73, Mércia conseguiu entrar no necrotério em frente ao Cemitério Santo Antônio, no dia 9. Ali reconheceu os corpos de Soledad, Pauline e Jarbas.

“Pauline estava nua, tinha uma perfuração no ombro e parecia ter sido muito torturada. Jarbas tinha perfurações na testa e no peito e marca de cordas no pescoço. Soledad, também nua, tinha ao seu redor muito sangue e aos seus pés um feto”, disse a advogada. Ela relembrou também uma conversa que teve com Jarbas três dias antes dele sumir. “Ele disse que a equipe de Fleury (Sérgio Paranhos Freury, do antigo Dops, em São Paulo) estava em Recife e que ia ser morto. Me entregou também a foto de Cabo Anselmo dizendo quem era ele e que usava os nomes de Daniel, Jardiel e Américo Balduíno”.

A versão policial afirmava que os militantes haviam sido mortos durante um estouro de um aparelho subversivo na Granja Timbi. Cabo Anselmo, agente infiltrado no grupo, teria sido o única a escapar com vida. No final dos depoimentos, as duas testemunhas receberam sete rosas do secretário Roberto Franca, exatamente 23 anos depois da data que a sentença contra os militantes foi tomada: 07 de janeiro de 73.
Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055-84-3221-5932 / 3211-5428 - Skype: direitoshumanos - dhnet@dhnet.org.br
Google
Notícias de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
MNDH
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Memória e a Verdade
Comitês de Educação em Direitos Humanos Estaduais
Rede Brasil de Direitos Humanos
Redes Estaduais de Direitos Humanos
Rede Estadual de Direitos Humanos Rio Grande do Norte
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Rede Lusófona de Direitos Humanos