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Dra. Mércia, 

Recebi seu recado no sentido de comparecer à audiência na Auditoria de Justiça Militar.

Como a senhora sabe, ausentei-me do Recife em virtude de estar sendo constantemente procurado pela Polícia Civil, que inclusive esteve no meu apartamento, invadindo-o sem nenhuma formalidade legal e apreendendo os meus documentos de identidade. Essa diligência, realizada por seis policiais, não tinha o menor sentido, uma vez que eu estava no Recife, comparecendo aos lugares de costume, não sendo do meu intento foragir-me.

Esses policiais disseram aos meus colegas que, o menos que fariam comigo, se me pegassem, seria “meter-me uma bala”.

Nessas condições, e tendo em vista a ocorrência de outros atentados, inclusive o do estudante Cândido Pinto de Melo, resolvi ter mais cuidado com a minha vida, razão por que não poderei comparecer à Justiça Militar, porque considero que mesmo ela não tem condições de garantir-me, nas circunstâncias atuais.

Isso, aliás, me constrange, uma vez que eu teria o maior empenho em defender-me perante a Justiça Militar, provando que o que existe contra mim é produto da luta que sustentei contra os demandos da Universidade Rural e a corrupção de certos professores.

Há duas correntes ou grupos na Escola de Agronomia: uma que apoia o atual reitor e outra que o combate. Quando a polícia quis me prender, na Universidade Rural, quem me deu fuga foi evidentemente o professor Lécio, além disso, me revelou, juntamente com o professor Camerino, todas as graves irregularidades da Escola. Naturalmente que eles procediam assim, não por minha pessoa, mas para fazer onda, como se diz vulgarmente, contra a Reitoria, cujas mazelas realmente existiam.

Nunca usei palavras contra o pavilhão nacional, que, como brasileiro, tenho o dever de honrar. No meu discurso, no dia 1º de novembro do ano passado, condenei, sim, aqueles que maculam a bandeira nacional, servindo-se dela para cobrir interesses subalternos.

Por minha luta para revelar ao público e às autoridades a verdadeira face da Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde campeia, entre os seus dirigentes, com raras exceções, a maior corrupção administrativa e moral, é que estou sendo processado na Justiça Militar como subversivo.

Um dia, estou certo, tudo se revelará com a demonstração da verdade. E, então, eu serei tido como um dos estudantes que combateram a verdadeira corrupção.

Agradeço a sua ajuda, como minha advogada, e espero que a senhora mande dizer quanto lhe devo de honorários.

Cordialmente,

José Moura e Fontes
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