Belo Horizonte, 26/8/971
Prezada
Dra. Mércia,
Estou
simplesmente transtornada com a situação em que se acha ainda o meu
filho.
É
inacreditável uma coisa desta, pois, nem na ocasião do inquérito ele
não ficou tanto tempo fechado sem sol e sem ver ao menos a luz do dia
porque, quando o visitamos a primeira vez, que foi em junho de 70, consequentemente um mês e pouco após a prisão, ele já se achava
tomando banho de sol e fazendo exercício físico diariamente e agora,
sob judice, julgado e há quase 3 meses no DOPS fechado e assistindo
possivelmente cenas pungentes e muitas vezes relembrando o que ele
passou lá mesmo e depois em Salvador.
Ora,
Dra. Mércia, a senhora não me disse que ele havia seguido? Fiquei até
pensando que ele tivesse ficado noutra prisão em Salvador, entretanto,
está aí? Diga-me por favor o que está acontecendo. Eu já nem durmo e
nem alimento pensando nisto. Estou escrevendo também para o Juiz
solicitando a ele esta interferência, deixando de pensar se vale ou
não, pois as minhas palavras são de uma mãe que está desesperada.
Sem
saber se vale alguma coisa ou não, estou lhe enviando a cópia da
defesa de Salvador, que se refere à condenação dele em Recife.
Certa
de que a senhora tudo fará pela liberdade de meu filho, despeço-me.
Ondina
Pedrosa Nahás.
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