Mércia
A Rosa me disse que
você esteve aqui e não quis que me acordasse. Quando você vier aqui não
deixe de falar comigo e dar as notícias.
Veja
o que está se fazendo, no sentido de localizar os culpados, do meu acidente,
ou melhor do atentado.
Como
já lhe disse muitas vezes, eu não tenho esperanças que o caso seja
solucionado, mas como você diz que devemos lutar e insistir, vamos lutar.
A
sua dedicação me sensibiliza, e reafirmo que lhe sou grato, não posso
esquecer a sua solidariedade.
Os
médicos, principalmente Miguel, têm sido solidários e feito o possível,
para curar-me, mas não haverá restabelecimento. Não tenho ilusões. A
maneira, que você fala me dizendo que importante é o cérebro, e me fala de
pessoas que tiveram a coluna lesionada e venceram, me deixa claro, que jamais
terei um completo restabelecimento.
Prefiro,
atitudes como a sua que não vende ilusões, que respeita o outro, e diz a
verdade, respeita as pessoas, pois em nenhuma circunstância se deve mentir, a
quem está numa situação como a minha, mesmo que escangalhe o sujeito.
Vou
Ter que viajar, vou precisar de folha corrida, segue um formulário assinado,
providencie com urgência.
Já
se fala que um tenente da polícia comandou o atentado, e acredito que sim,
pois os balaços que me atingiram saíram de revólver bem manejado.
Parece-me
que o nome do herói é Ferreirinha.
Continuo
necessitando dos antibióticos, o meu estado não é bom.
Mércia,
um abraço e a minha gratidão.
Cândido
Pinto
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