Recife,
29 de junho de 1968
Caro
colega Evandro
Estou sem notícias
suas. Você precisa ter tempo para escrever sobre os casos a nós
confiados, a fim de eu poder transmitir informações aos colegas. Até
agora, não sei o resultado do habeas corpus de Walter Pedrosa de
Amorim. Quanto ao habeas de João Vieira, no qual obtivemos grande vitória,
soube de tudo pela Auditoria. Dê-me conhecimento, sempre que puder, da
marcha dos feitos.
Estou
enviando para você um novo habeas, de um arquiteto da SUDENE, Frank.
Ele está processado em Juiz de Fora por atividades ao tempo em que era
estudante em Minas Gerais, isso há mais de seis anos. Frank ainda é
funcionário da SUDENE e ocupou, depois de 1946, digo 1964, vários
cargos de chefia naquela Repartição. Trata-se de um homem de bem e de
excelente profissional, cujos serviços são julgados necessários à
SUDENE.
O
processo dele é fácil de anular. Outro co-réu do mesmo processo já
obteve habeas pela unanimidade do STM, sendo relator o ministro Correia
de Melo. Por aí você vê que o processo é mesmo absurdo. Levanto a
tese da falta de justa causa e da inépcia da denúncia. Como se trata
de funcionário atual da SUDENE, é bom que não haja divulgação pela
imprensa, a fim de evitar explorações políticas.
Mando-lhe
pelo Banco Irmãos Guimarães, Agência da Av. Rio Branco, um cheque de
duzentos cruzeiros novos, enviados por esse novo constituinte.
Telegrafe-me
dizendo qual o ministro relator. E não deixe de falar com o nosso amigo
comum sobre o caso, merecedor de todo nosso interesse.
Disponha
sempre dos préstimos de sua colega e amiga
Mércia.
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