Belo Horizonte, 19 de setembro de 1972
Dra. Mércia,
Eu sou aquele tipo que só aparece quando
necessita de algum favor, não é mesmo? Nem vou me justificar tanta
demora em escrever-lhe - e principalmente em mandar-lhe o seu profeta de
pedra sabão - porque não existe mesmo justificativa.
O seu profeta, como também o de Jerson estão em minha casa há mais de
dois meses e não encontro uma hora para despachá-lo. Sei mesmo que é
uma vergonha. Mas, prometo-lhe agora que chegará antes do Natal deste
ano, tenho certeza.
Mércia, aqui os dois pedidos de certidão para a Gilseone. Vamos tentar
o livramento condicional dela e ver se ela passa o Natal em casa. Tentei
por todos os meios absolvê-la mas não consegui. Acabou levando dois
anos.
Aqui tem tido bastante trabalho. Depois que estive aí já assumi o
encargo de trinta defesas. Inclusive de Antônio Sérgio, noivo de
Gilseone e que é aí de Recife - o qual já está absolvido só lhe
restando o processo que ele tem na Bahia.
No mais, tudo aqui é velho e estamos aguardando sua visita. Qualquer
coisa que você quiser que veja aqui ou no Rio (onde vou constantemente)
disponha, certo?
Muito grato por tudo que você fizer aí por mim. Um grande abraço do
colega que a admira e respeita.
Afonso.
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