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                  Internet ajuda direitos humanos 
                  Sobre as novas tecnologias, Roberto 
                  Monte teve oportunidade de vê-las sendo utilizadas diretamente 
                  nas ruas em prol do bem-estar do cidadão. No Brasil, ele acredita 
                  que o uso intensivo da Internet, como instrumento de trabalho 
                  para os militantes em Direitos Humanos, será ’’uma questão de 
                  tempo’’. 
                 Junto à ONG Witness, Roberto informa 
                  que conseguiu, para a Dhnet, uma máquina fotográfica digital 
                  e uma máquina de filmar digital. ’’A partir de agora, a gente 
                  está na última linha, em termos de material e tecnologia, que 
                  a gente vai utilizar em julgamentos tipo esse de Otávio Ernesto 
                  (Caso Gilson Nogueira). Eu não estou querendo ter um pensamento 
                  basista, eu estou querendo trabalhar com multiplicadores, e 
                  a questão da Internet é questão de tempo. Eu não consigo ver 
                  um veículo de comunicação que agregue, a um preço tão baixo, 
                  todo esse acúmulo de informação. Você vai ter acesso a cartilhas 
                  das mais variadas, você vai ter acesso aos antecedentes, aos 
                  históricos das lutas pelos Direitos Humanos. Você vai ter acesso 
                  aos mecanismos internacionais de proteção aos direitos humanos, 
                  o que é o Tribunal Penal Internacional. Naquilo ali, na verdade, 
                  nós estamos montando uma grande enciclopédia virtual de cidadania.’’????/p>
                p>Outra grande novidade, segundo 
                  os projetos do CDHMP, é o próximo envolvimento da camada jovem 
                  da população no interesse dos temas da Dhnet. ’’Será o grande 
                  lance. Porque, mesmo que não atinja milhões e milhões de pessoas, 
                  eu diria que tem dia que entram na nossa rede mais de 200 pessoas. 
                E eu nunca vi 200 pessoas chegarem 
                  aqui no Centro de Direitos Humanos. Acho que você vai ter um 
                  pouquinho de paciência e, a partir de agora, a gente também 
                  quer trabalhar tipo uma Dhnet Kids, para jovens.’’O Centro de 
                  Memória Popular acaba de fechar um projeto, para lançamento 
                  de três mil CD-Roms da Dhnet, adianta Monte. Em setembro, em 
                  Brasília, participa do Seminário de Comunicação e Direitos Humanos, 
                  no qual irá ministrar uma palestra sobre Iniciativas Educacionais 
                  e ONGs. 
                  
                Cidadania 
                  ao alcance das mãos: tecnologia 
                 Paulo 
                  Augusto 
                  Subeditor de Cidades 
                A proliferação da 
                  informação, hoje em dia, se dá num processo muito rápido e o 
                  mundo, sob alguns enfoques, realmente começa a ser uma aldeia 
                  global. Nós é que moramos num pequeno estado, de um lugar muito 
                  longe de onde as coisas acontecem. Mas é preciso ficarmos atentos 
                  para o fato de que a questão do local e do global ganha uma 
                  nova dimensão quando a gente começa a ter uma sociedade civil 
                  planetária. 
                A observação é do 
                  economista Roberto Monte, secretário executivo do Centro de 
                  Direitos Humanos e Memória Popular, que acaba de voltar de um 
                  périplo realizado nos Estados Unidos, nos quais visitou cerca 
                  de 40 cidades, no espaço de 22 dias. A convite do Departamento 
                  de Estado norte-americano, Roberto Monte conheceu experiências 
                  na área de direitos humanos e trocou idéias com especialistas 
                  norte-americanos sobre educação e cidadania. 
                O interesse maior 
                  do Departamento de Estado ficou evidente em torno da Rede Telemática 
                  de Direitos Humanos – a Dhnet, http://www.dhnet.org.br/  
                  –, mantida pelo CDHMP, considerada hoje o maior provedor de 
                  informações em língua portuguesa. O resultado mais imediato 
                  da viagem ele define em poucas palavras: ’’Na verdade, estamos 
                  querendo utilizar os novos meios de comunicação para agregar 
                  militantes de direitos humanos em nível planetário.’’ 
                E uma das novas tarefas 
                  do Centro que dirige no Estado ganhou um perfil ainda antes 
                  de Monte aterrissar em Natal: ‘‘Encaramos o desafio de fazer 
                  da luta pelos Direitos Humanos uma coisa gostosa, em que não 
                  se fale apenas de sangue e miséria, mas que a gente fale efetivamente 
                  de educação. Porque sem educação, este País não vai adiante. 
                  A gente tem que criar pessoas antenadas com o tempo, pessoas 
                  cônscias de suas responsabilidades e seus deveres, enquanto 
                  cidadãos participantes. Numa palavra: formar cidadãos críticos.’’ 
                  
                Um 
                  diálogo para troca de idéias 
                 A visita permitiu ao economista 
                manter diálogos com professores, pesquisadores e figuras de proa 
                de universidades como Harvard e Berkeley, além de vivenciar e 
                trocar idéias com membros de famosas ONGs (Organizações Não-Governamentais) 
                americanas, como ocorreu em São Francisco, onde manteve colóquio 
                com a ONG que interferiu e influenciou a reunião dos membros do 
                G-7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, que passou a ver-se 
                cobrado pela cidadania internacional acerca de seus interesses 
                visando o futuro do planeta. ‘‘Acho 
                  que, com a tecnologia de ponta, os novos meios de comunicação 
                  fazem com que uma experiência seja planetarizada; com criatividade, 
                  faz tornar o que é local em global, e o que é global, em local. 
                  Nossa Rede Telemática de Direitos Humanos e Cultura tem uma 
                  característica que os gringos adoraram, porque nós trabalhamos 
                  com os povos de língua portuguesa. E da parte deles há essa 
                  preocupação: alguns centros americanos discutem muito a questão 
                  do Timor Leste, Angola, Moçambique. E a Dhnet pretende isso: 
                  a gente tem um grande projeto para reunir os povos de língua 
                  portuguesa.’’ 
                Roberto irá elaborar um 
                  projeto, no qual pretende reciclar a Dhnet, já considerada como 
                  o maior provedor de informações em língua portuguesa, colocando-a, 
                  a partir de agora, como provedor para usuários dos idiomas inglês 
                  e espanhol. ‘‘Nesse sentido, iremos mandar pessoas a Portugal, 
                  pegar toda a legislação pertinente à área de direito e cidadania, 
                  assim como dos povos de língua portuguesa, como o material que 
                  se tem em Macau, na China. 
                Da mesma forma que a gente 
                  está reconfigurando a Dhnet como um grande portal de direitos 
                  humanos em língua portuguesa, também será em espanhol e inglês, 
                  e multimídia. Os gringos ficavam de bobeira, quando eu dizia: 
                  ’Nós estamos enriquecendo urânio em plena caatinga’. 
                Porque sem isso a gente 
                  não sobrevive. A gente está trabalhando tecnologia de ponta 
                  exatamente para cuidar desse tipo de coisa. E a gente imagina 
                  fazer um encontro, colocar dados de legislação de cidadania 
                  de Brasil, que já tem, Portugal, Angola e Moçambique.’’ 
                 De Angola, terceiro país 
                  em importância na África, Monte contatou com um dos representantes 
                  do Partido de Renovação Social, Eduardo Kuananga, um partido 
                  de centro-esquerda. 
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