Emmanuel
Bezerra dos Santos
Militantes políticos assassinado pela
Ditadura Militar
EMMANUEL: UM BELO EXEMPLO
DE HEROÍSMO
Hélio Vasconcelos*
A vinda dos restos
mortais de Emmanuel Bezerra dos Santos para as terras do Rio Grande do
Norte, alem de representar um marco de solidariedade e alta significação
para seus familiares e para tantos quantos lutaram contra os negros anos
da ditadura, resgata um momento histórico que precisa e deve ser
relembrado.
Era uma vez um menino,
filho de pescadores de Caiçara do Norte (São Bento do Norte), que,
quando rapaz, veio para Natal e foi residir na Casa do Estudante, para
continuar seus estudos no Atheneu.
Participou da política
estudantil secundarista e ingressou no Partido Comunista Brasileiro
(PCB). Desde logo, despontou na liderança dos movimentos que, à época,
se insurgiram contra o regime ditatorial. Posteriormente, ingressou no
Partido Comunista Revolucionário e foi membro do seu Comitê Central.
Foi morto, segundo
noticias que se tem, em 1973, quando viajava para o Chile, mais
exatamente na fronteira do Brasil com a Argentina.
Tem-se claro um exemplo
de luta e de heroísmo, vivido, corajosamente, por um jovem que
desafiou, nos mais ásperos tempos, os bárbaros torturadores,
impostores de uma "ordem" que se implantou pela força e dela
fez seu trágico e danoso ideário.
Alem de Emmanuel, o Rio
Grande do Norte teve mais mártires e heróis, refiro-me às admiráveis
pessoas de Luiz Ignacio Maranhão Filho e Hiram Pereira, dados como
"desaparecidos", na época, e dos quais, até hoje, não se
tem noticias de onde foram sepultados.
Mas, o exemplo de
Emmanuel e de tantos outros, que queríamos vivos, nos deixou um legado
e, mais que isso, a responsabilidade de continuarmos a dura peleja em
favor da defesa intransigente do Estado de Direito e, dentro dele, do
respeito aos Direitos Humanos.
È por isso mesmo, que a
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, através de sua Comissão de
Direitos Humanos, juntamente com a Comissão de Justiça e Paz, da
Arquidiocese de Natal, e várias outras organizações da sociedade
civil, desenvolvem um trabalho de defesa da vida, contra todas as formas
de injustiças, implícitas ou explicitas, que penalizam, sobretudo, as
camadas menos favorecidas da nossa sociedade.
Esse trabalho, embora
modesto, mas corajoso, se inspira no bravo exemplo de heroísmo que
Emmanuel nos deixou.
* Vice Presidente da
OAB/RN e membro do Comitê em Defesa da Vida. |