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Emmanuel Bezerra dos Santos
Militantes políticos assassinado pela Ditadura Militar

A SAGA DE EMMANUEL BEZERRA

Francisco Alves da Costa Sobrinho (*)

Convivi com Emmanuel Bezerra dos Santos quando, estudantes secundaristas, nos anos 60, participávamos das movimentações e manifestações do Movimento Estudantil, com toda a efervescência que caracterizou a época. Oriundo da JEC, passei a militante da Ação Popular (carregado de pecados e vacilações) e Emmanuel do PCB para PCR (pregando a revolução a partir do Nordeste). Apesar das divergências que caracterizavam as nossas organizações, tínhamos um profundo respeito e admiração pela sua capacidade de luta, sua constante disponibilidade, sua presença marcante, desassombrada e efetiva, onde quer que fosse a trincheira ou a tribuna.

Além de sua reconhecida participação no Diretório Estudantil Celestino Pimentel, do Atheneu, da presidência da Casa do Estudante (onde afirmou toda a sua capacidade de liderança) e nas diversas agitações políticas, Emmanuel Bezerra foi também um elemento de vanguarda nos movimentos literários e culturais de Natal - exercendo a crítica, compondo poemas ou ajudando a criar e gerir grupos e associações ou, ainda, dirigindo o Cine Clube Tirol num dos seus períodos mais significativos.

Bastante visado pela repressão, esteve preso na Delegacia das Rocas e na Base Naval de Natal, sem que isso o intimidasse ou lhe arrefecesse os ânimos. Pelo contrário, saía retemperado e disposto a novas lutas e articulações, ao ponto de evoluir em sua trajetória e alçar vôos mais longos, assumindo dimensão nacional.

Assim, Emmanuel Bezerra dos Santos foi importante protagonista do processo de construção de uma consciência histórica no Brasil. Resgatar sua trajetória é realçar fatos históricos de maior significação, que se encontram excluídos da história oficial. Quem estudar a verdadeira história das lutas de libertação do povo brasileiro, vai localizar Emmanuel Bezerra dos Santos nas linhas de frente, sacrificando a própria vida pelos ideais de construção de uma sociedade igualitária.

* Diretor da COMGRAF e ex - militante da Ação Popular.

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