Emmanuel
Bezerra dos Santos
Militantes políticos assassinado pela
Ditadura Militar
PREFÁCIO
A Ditadura Militar marcou
um período sombrio de nossa vida política. Em nome da Segurança
Nacional, atrocidades foram cometidas com requinte de crueldade contra
brasileiros que não estavam de acordo com o regime.
Mulheres, homens, velhos
e crianças foram torturados: lares invadidos e não faltaram os seqüestros,
desaparecimentos e assassinatos de opositores políticos.
Os horrores praticados
pelo Estado macularam a imagem idílica que fazíamos de nós mesmos: Um
povo cordial e pacifico. Mas também revelaram o anseio de liberdade e a
ousadia de segmentos populares que resistiram e combateram aquele estado
de coisas.
Ao abrirmos a vala
clandestina do Cemitério de Perus, fizemos emergir com vigor os fatos
daquele passado recente, que obstaculizam, ainda hoje, o avanço democrático
em nosso pais. As ossadas encontradas na vala confirmam as denúncias de
familiares de presos políticos, feitas desde meados da década de 70
quando os movimentos pela Anistia iniciaram suas primeiras articulações.
O nosso compromisso, à
frente do Governo Municipal de São Paulo, foi o de buscar a ve???•?a???g??»??rdade e a
justiça, não medindo esforços para elucidar os crimes cometidos pela
Ditadura Militar. A direita não poupou ataques ao governo e a minha
atitude. Mas os resultados de nosso trabalho são mais contundentes.
Identificamos e entregamos aos familiares os restos mortais de três
presos políticos, mortos sob torturas nos cárceres da repressão política:
Denis Casimiro, Antônio Carlos Bicalho Lana e Sônia Maria Lopes de
Moraes. Neste trabalho travamos um intimo contato com a dor e a emoção
das mães. Familiares e pessoas envolvidas, durante todos estes anos, na
busca dos desaparecidos políticos.
Não podemos consolidar a
democracia com seus corpos insepultos e sem respostas a suas famílias e
à sociedade brasileira.
Eram jovens, em sua
maioria, que sonhavam com uma pátria livre, democrática e soberana.
Mesmo sem ter conhecido Emmanuel
e seus companheiros, considero-o assim: um jovem amante da liberdade
e da justiça.
Esse sonho integra a
nossa utopia - a conquista de uma sociedade livre, justa e igualitária.
O resgate de suas vidas e
de suas mortes torna-se necessário como parte do nosso patrimônio histórico.
São Paulo, 13 de marco de
1992.
LUIZA ERUNDINA DE SOUZA
Prefeita |