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Raimundo Ubirajara de Macedo

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No Outono da Memória
O Jornalista Ubirajara Macedo Conta a História da Sua Vida
Nelson Patriota, 2010

22. Minha rotina

Tive uma vida trabalhista intensa ao longo de mais de 50 anos ininterruptos de trabalho. Nesse ínterim, colhi muitos frutos positivos e alguns poucos aborrecimentos com colegas de redação, mas isso são águas passadas. Sempre fui muito versátil, por isso consegui me adaptar a todos os tipos de trabalho, porque sempre acreditei firmemente que todo trabalho é digno. Mas quando me afastei em definitivo de qualquer atividade remunerativa, em 1987, resolvi investir os longos dias livres que se abriam à minha frente a cada manhã em coisas úteis, agradáveis, se possível culturais, de preferência musicais.

Desde então, venho estudando coisas, como, por exemplo, línguas: estudei francês e espanhol, informática e teatro, memorização e terapia expressiva e fiz um curso de oficina de memória. Todos esses cursos me foram oferecidos pela Universidade Aberta para a Terceira Idade – Unat, segmento da UnP voltado para a terceira idade.

Achei todos os cursos ótimos e creio que me têm sido muito úteis. Gostei particularmente do curso de teatro, da professora Ana Francisca, que repeti no ano seguinte. Gostei também do curso de oratória, que fiz também com ela.

Esses cursos têm me mostrado que pessoas idosas precisam estar se reciclando sempre, recapitulando aquilo que aprenderam na juventude e assimilando novos conhecimentos. Vale observar que os alunos, todos da terceira idade, pagam uma quantia simbólica para fazer esses cursos, o que valoriza mais o papel desses professores, aliás professores universitários que reservam uma parte do seu tempo para se ocupar com pessoas de idade, como nós.

Outra forma de aproveitar meu tempo livre é em festas, como as patrocinadas pelo Clambom, ou ainda visitando amigos e parentes, indo à missa aos domingos, lendo bons livros e sempre ouvindo música.

As viagens têm tido um papel especial no meu lazer. Viajei bastante para o exterior. Na América Latina, do Chile à Patagônia, passando por Montevidéu, para prestar uma homenagem à memória de Djalma Maranhão, embora não tenha encontrado quem me indicasse o local onde ele amargou seu exílio. O espetáculo dos Andes, com seus vulcões, seu gelo eterno, seus lagos imensos, tudo me encantou. Tomei um ônibus em Porto Monte, Argentina, na fronteira com o Chile, e fomos até Bariloche, na Argentina.

Fui ao México num pacote que incluía Nova Orleans, Nova Iorque, Washington, Miami. Visitei as ruínas das pirâmides astecas e maias. Na Cidade do México, me chamou a atenção o museu Zoccalo, com um painel imenso de Diogo Rivera que conta a história do país sem fazer uso de palavras. Suas imagens falam por si.

Viajei também bastante Brasil adentro. De avião, de navio, de ônibus...

No leste europeu, visitei a Polônia, a Tchecoslováquia (na época), a Áustria (Viena) e Innsbruch. Fui à Escandinávia. Peguei um navio em Copenhague, na Dinamarca, e fiz um cruzeiro pelo Mar Báltico estirando até a Finlândia e a Letônia e, na volta, passei por São Petersburgo, Rússia, onde visitei o famoso museu Armitage. Impressionei-me com a grandiosidade desse museu, que é, sem favor, um dos maiores e mais importantes do mundo.

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