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17.
Evocação de Conservatória
Minhas
afinidades musicais me fizeram desenvolver
desde cedo uma sensibilidade especial para
tudo que dissesse respeito à música,
sobretudo quando ela responde pela sigla
de MPB – música popular brasileira.
As letras poéticas e inteligentes
de uma Dolores Duran, de um Vinicius de
Moraes ou de um Chico Buarque, sempre fazem
vibrar dentro de mim uma nota especialmente
harmônica.
Nada do que diz respeito à música
me é estranho. Por isso, um dia eu
teria que descobrir a vila de Conservatória,
num ponto em que o estado do Rio de Janeiro
faz divisa com Minas Gerais. Na época
em que visitei essa vila pela primeira,
em 2001, ali viviam pouco mais de quatro
mil habitantes que tinham, em comum, o fato
de serem todos musicais em alto grau. É
uma musicalidade que se expressa nos nomes
das ruas da cidade, sempre homenageando
um compositor ou uma canção.
Até
os estabelecimentos comerciais mais comuns
em qualquer cidade, como uma padaria ou
uma farmácia, ganham nomes musicais
em Conservatória. Assim, ao invés,
por exemplo, de nomear uma farmácia
com nome de santa ou de santo, lá
o seu proprietário prefere atribuir-lhe
o nome de uma canção. Farmácia
Caminhemos, por exemplo, ou Restaurante
Dó-ré-mi, Padaria Lua Branca...
Não
admira, então, que o principal lazer
dos conservatorianos seja ouvir música.
Isso eu pude constatar nas duas vezes em
que visitei sua vila. É comum se
verem, à noite, seresteiros passeando
pelas ruas da cidade cantando canções
de Caymmi, de Cartola, Lupicínio,
Chico, Tom e outros criadores da canção
brasileira.
À
medida que a seresta avança cidade
adentro, as pessoas vão se juntando
ao grupo de músicos e cantores, cantando
com eles. Embora os gêneros musicais
variem, as pessoas sempre conhecem as letras
das canções.
Essa
hiper musicalidade dos conservatorianos
já pode ser conferida também
no Museu da Seresta, localizado no Centro.
A iniciativa foi do advogado carioca José
Borges, já falecido, cujo irmão,
Joubert, vem dando continuidade ao seu trabalho,
passando seus fins de semana em Conservatória,
razão por que é um dos responsáveis
pela tradição musical de Conservatória.
A obra de José Borges também
lhe valeu o reconhecimento público,
como se pode depreender da estátua
dele que foi mandada erigir na praça
principal da cidade.
No
Museu da Seresta, em vez de objetos antigos
ou históricos, o que o visitante
vai ter é o prazer de ouvir canções
de diversas épocas, estilos e regiões
do país. O visitante pode ainda pesquisar
nos seus arquivos estilos, gêneros
e compositores brasileiros de todas as épocas.
Além
da música, duas coisas chamam a atenção
em Conservatória: é uma cidade
tranquila e sem desempregados. Será
que a música não tem algo
a ver com essa situação tão
atípica na realidade social do Brasil?
Resta investigar...
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