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Raimundo Ubirajara de Macedo
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Outono da Memória
O Jornalista Ubirajara Macedo
Conta a História da Sua Vida
Nelson Patriota, 2010
14.
Quando me sinto poeta
Ocasionalmente,
sou poeta. A rigor pertenço à
categoria dos poetas bissextos – poetas
que escrevem um verso, um poema, a pretexto
de algo diante do qual nada conseguem dizer
em prosa, por não achá-la
à altura do que precisam dizer. Nessas
ocasiões, o único recurso
à mão é a poesia. E
nos rendemos a ela. Por isso, só
de quando em vez recorremos à poesia.
E o fazemos na certeza de que ela nos atenderá.
Foi assim que escrevi alguns poemas, motivados
por um acontecimento, uma emoção
incomum, um deslumbramento que eu não
sabia traduzir com as palavras triviais
do dia-a-dia.
Transcrevo agora alguns desses poucos exemplares
em forma de versos para que eles, embora
de voos modestos, não se extraviem
na efemeridade dos diários e dos
jornais.
O primeiro poema nasceu do amor que sinto
por minha companheira Lourdes Pereira, desde
o instante em que a conheci. Tento traduzir
nos seus versos a gama de sentimentos amorosos
que ela me inspira num crescendo de afetividades.
O poema, embora tenha sido escrito por ocasião
do seu aniversário em 2001, traduz
sentimentos duradouros e inamovíveis
que alimentam nosso amor para com o outro.
Mas um único poema não bastaria
para dizer todo o sentimento que me une
a minha amada Lourdinha. Por ocasião
de outro aniversário dela, escrevi-lhe
um segundo poema que, de certo modo, complementa
o primeiro.
Escrevi o terceiro poema em homenagem a
Maria do Céu, minha cunhada, no dia
em que o Criador a chamou para si. Tentei
expressar com ele toda a emoção
que sua perda inconsolável representou
para mim, que a conheci com desmedida admiração,
fazendo-me porta-voz também dos seus
filhos, que a amavam com incontrastável
amor filial.
Prosseguindo em minha carreira efêmera
de poeta bissexto, reúno neste capítulo
um poema que escrevi para a cidade de Natal
e que fez parte da série “Crônicas
de Natal”, do Diário de Natal.
Posteriormente, o poema recebeu música
do compositor Sidney Palmeira.
O último poema desta breve antologia
de minhas poesias é dedicado a Raquel,
uma jornalista paranaense que nos abrilhantou
com sua presença na nossa cidade,
com sua jovialidade, simpatia e olhar penetrante.
AVE DO CÉU
Ubirajara Macedo
Maria,
que também é do Céu!
Aqui, a homenagem de quem
Sempre te admirou.
Disseste, um dia, que eras
Mais mãe do que tudo.
Mais mãe do que política,
Mais mãe do que escritora, poeta
Ou qualquer coisa intelectual,
Porque ser mãe representava
Toda a razão de tua vida.
E não mentiste e nem deixaste
De cumprir o teu desejo.
Estão aí Nina e Paulo como
Testemunhas de tudo
E já se foram Magnus e Armando,
Também filhos diletos que
Estão te recebendo no
Sagrado Reino de Deus,
Onde esperavam para
Saudar a grande mãe!
E é no teu dia que saúdo
A mãe que sempre
Desejastes ser, no sofrimento
Ou na alegria.
A mãe que sempre honrou os filhos
Como também o marido Aristófanes.
Por tudo isso, és Ave do Céu
Que também é Maria.
Natal, 20.04.2001.
LOURDINHA
(A Paz Não Dorme)
Ubirajara Macedo
Paz
de criança dormindo é pouco.
Eu quero paz para você acordada,
E muito bem acordada.
A paz para nós dois,
A paz para os netos e
A paz para os filhos e amigos,
Uma vez que esta data é de todos
eles,
De todos nós, e, lógico,
Principalmente de você.
Gostaria que Dolores Duran,
A grande letrista de nossa música
popular,
Estivesse presente nesta hora:
À paz de nosso amor, à paz
dos netos e filhos,
À paz dos amigos, também,
que são inúmeros.
Por tudo isso, receba de quem lhe quer muito,
O abraço de uma paz eterna,
Pois eterno é o nosso bem-querer.
Seu, sempre seu,
Ubirajara Macedo.
Natal, 14.12.2001.
AH... SE EU FOSSE POETA...
Ubirajara Macedo
Para Lourdinha Pereira, no seu aniversário.
Sim!
Como é necessária a poesia
Para momentos como este.
Minha amada! Se eu fosse poeta
Diria nesta hora, ternamente,
Que sinto dentro da poesia maior de
Nossas vidas o amor.
Não sou poeta. Falo sem palavras
líricas,
Mas te direi simplesmente
Com a sinceridade dos que de fato amam.
Esta saudação serve também
para afirmar-te
Que ela não comemora o teu aniversário.
Aniversário comemora-se todos os
dias.
Aniversário lembra existência.
A existência comemoro todos os dias.
E o farei sempre.
Por toda a minha vida, estarás sempre
em mim.
AH! SE EU FOSSE POETA!...
MINHA CIDADE AMADA
Ubirajara Macedo
Se
eu fosse um poeta cantaria melhor
Essa cidade-poema, essa cidade-vida.
Poeta não sou, mas mesmo assim eu
direi a ti,
Natal, meu canto de amor.
Minha paixão por ti
Vai além do que imaginas, Natal!
No canto das águas do Potengi amado,
Nas velas dos pequenos pesqueiros
Que adormecem nos parrachos.
Nas mulheres de “vida fácil”
Da velha Ribeira amada.
Tudo isso é Natal, minha amiga, meu
amor.
Natal rebelde, que nunca morreste de amores
Pelos que nada fizeram por ti!
Natal que glorificou e foi glorificada por
Djalma Maranhão!
Natal que aprendeu a ler mesmo de “pé
no chão”
E que cumpre o seu destino
Com a firmeza de cidade heróica!
Natal: 400 anos de lutas, somando mais vitórias
Que derrotas.
Receba, neste momento, Natal,
O amplexo de um macaibense que sempre te
Adorou.
UNS CERTOS OLHOS...
Ubirajara
Macedo
Olhos
bíblicos
Que vibram, sorriem e
Falam da mulher-menina
Olhos
que não sentem
Emoções fortes por que
São olhos puros de menina
Olhos
de mulher amada
Olhos que não fingem
Olhos que não mentem
Olhos
que se fixam no bem
E quem os conhece sente
A grande alma de Raquel
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