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Potiguar
Palavras
ao Povo
Djalma
Maranhão
Rio de Janeiro, Novembro
de 1964
(Publicado pelo Correio da Manhã)
De
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Palavras
ao Povo
Depois de oito logos meses de cárcere,
nos presídios de Natal, Fernando
de Noronha e Recife, fui libertado por “Habeas-Corpus”
concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
Resolvi, no entanto, procurar asilo político
na Embaixada do Uruguai e, deste gesto,
sinto-me na obrigação de prestar
aos brasileiros, particularmente aos nordestinos
a aos meus conterrâneos do Rio Grande
do Norte, os seguintes esclarecimentos:
I
– Não creio na validade de
um habeas-corpus neste momento da vida brasileira
em que a ordem jurídica é
vilipendiada e destruína riàriamente;
os casos Seixas Dória e Astrogildo
Pereira para citar apenas os mais recentes,
comprovam sobejamente essa interpretação.
II
– Meu estado de saúde exige
tratamento imediato, sendo impossível
fazê-lo no clima de apreensão
em que vive o País. Duas vêzes,
dado o clima de terror em que estamos mergulhados
minha morte foi anunciada pela imprensa.
Perdi vinte e cinco quilos de peso. Em Natal
fui internado no Hospital da Polícia
Militar e, antes de concluir o tratamento,
levado para Fernando de Noronha, de onde,
posteriormente, fui mandado para o Hospital
do Exército no Recife, visto que
realçavam o escândalo de meu
falecimento na Ilha.
Ultimamente
estava detido no Regimento Guararapes na
capital pernambucana. Vou para o exterior,
também, na tentativa de recuperar
a saúde.
III
– Além do mais, com os direitos
cassados, demitido do emprego e sem condições
de trabalho, são mínimas as
possibilidades de tentar aqui o tratamento
de que necessito. Confio em que minha ausência
será de pouco tempo.
IV
– O governo está totalmente
submetido ao imperialismo: agrava-se dia
a crise econômico-financeira; a inflação
toma proporções imprevisíveis,
e já nos encontramos às vésperas
daquilo que Jânio Quadros classificava
como a “revolução do
orçamento doméstico”.
O general Fome está nas ruas, nos
campos, nas fábricas, nas escolas
e nas repartições públicas
e muito e breve nos quartéis, absorvendo
o aumento de vencimentos dado aos militares.
Este governo ilegal, arbitrário e
inimigo do povo não terá meios
para travar a batalha decisiva.
Garanto,
porém, que ante o espectro da fome
nenhum povo permanece de braços cruzados.
A História o demonstra. Até
breve, meus irmãos!”
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