Potiguariana
Digital
Experiências
de Educação Popular
De Pé no Chão
Também se Aprende a Ler
Memória Histórica
Potiguar
Cartas
de um Exilado
Djalma
Maranhão
Edição Clima
Artes Gráficas, 1984
De
Pé no Chão | 40
Horas de Angicos | Movimento
de Natal |
CEBs no ES | Potiguariana
Dia
de Domingo
Doryan Jorge Freire
Pessoas a quem Djalma
Maranhão enviou cartas do exílio
Embaixada do Uruguai
Dezembro de 1964
João Maria Furtado
Embaixada do Uruguai, Dezembro
de 1964
Roberto Furtado
Embaixada do Uruguai, Dezembro
de 1964
Leandro
Embaixada do Uruguai
Dária (esposa)
1.º de janeiro de 1965,
tirando o azar de 64.
Jacyra
Embaixada do Uruguai
Roberto Furtado
Montevideo, 9 de julho de
1965
Natércia
Montevideo, 14 de abril de
1968
Natércia
Montevideo, 12 de junho de
1968
Marcos (filho)
Montevideo, 20 de agosto
de 1968
Dária (esposa)
Montevideo, 4 de outubro
de 1968
João Maria
Furtado
Montevideo, 7 de maio de
1969
Jacyra
Montevideo, 8 de maio de
1969
Dária (esposa)
Montevideo, 24 de outubro de 1968
Roberto Furtado
Montevideo, 12 de maio de
1969
João Maria Furtado
Montevideo, 1.º de janeiro
de 1970
Jacyra
Montevideo, 1.º de janeiro
de 1970
Bilhete
para Jacyra
Montevideo, 12 de janeiro de 1970
Humberto
Pignataro
Montevideo, 25 de janeiro
de 1970
Roberto
Furtado
Montevideo, 27 de janeiro
de 1970
Jacyra
Montevideo, 15 de Maio de 1970
Marcos
(filho)
Montevideo, 31 de janeiro
de 1970
Roberto
Furtado
Montevideo, 27 de fevereiro
de 1971
Dia
de Domingo
Dorian Jorge
Freire
Alguns amigos de Djalma Maranhão,
sobretudo Roberto Furtado, Carlos Lima,
Mailde Pinto, Newton Navarro, José
Alexandre Garcia e Paulo Macedo, vão
publicar cartas do grande prefeito de Natal
na data que assinalaria os seus 70 anos,
se ele não tivesse morrido no exilio.
E
ensejam a todos nós, amigos e admiradores
de Djalma Maranhão, a oportunidade
excelente de voltar a falar nele, a relembrá-lo
e a exaltar as suas graúdas qualidades.
Qualidades
de homem público, cuja vida inteira
esteve estreitamente ligada a causa do povo
pobre. Djalma Maranhão, sempre, todos
os dias de sua vida, breve e preciosa vida,
esteve a serviço dos pobres. Como
jornalista, como político, como deputado,
prefeito, exilado. Não há
na sua história, na sua biografia
que precisa ser escrita pela competência
de Roberto Furtado, não há
um instante, um dia, um minuto de distanciamento
Djalma Maranhão-povo.
Não
posso dizer que o conhecí, como ele
merecia ser conhecido e como eu gostaria
de tê-lo conhecido. Mas o conhecí.
Eu o conhecí na segunda metade dos
anos 40 e fui mobilizado por ele, lá
em Mossoró, para a campanha de o
petróleo é nosso,
que quixotescamente ele provia no interior
do Estado. Ele fez um ato público
ao lado do Pavilhão Vitória,
na Praça Rodolfo Fernandes, em Mossoró,
com dois oradores. Eu que o apresentei (a
ousadia de meus 15 ou 16 anos de idade)
e ele.
Em
1950, comecinho do ano, ele me escreveu
uma carta que até hoje guardo nos
meus baús. Chamava-me para vir a
Natal. Dizia temer que eu continuasse nos
limites (que ele julgava estreitos) da cidade
de Mossoró, onde findaria me casando
e tendo filhos barrigudos e remelentos...
Vim no pio e ele aqui me arranjou um emprego,
de tradutor de telegrama
no Diário de Natal,
àquela época dirigido por
Edilson Varela.
Eu ficava no meu cantinho, manso e humilde
de coração, penteando telegramas
(da Asapress) e enchendo
os olhos com as notabilidades que ali brilhavam:
Edgard Barbosa, Américo de Oliveira
Costa, Luiz Maria Alves, João Neto,
Aderbal de França, o próprio
Maranhão.
O
próprio Maranhão que eu, em
artigo publicado no O Mossoroense,
que a família Maia ainda não
assinara com a complacência de Mossoró,
chamara de Maranhão Feroz, o que
o divertira muito.
Depois
veio o depois. Fui para a nação
Sul, mas não perdi Djalma de vista.
Nem ele esqueceu seu amigo mossoroense,
tanto que, prefeito de Natal, duas vezes
me trouxe aqui, para ser hospede do Hospital
Miguel Couto (que na época era também
hospedaria) e ver o seu trabalho.
E
que trabalho, minha gente. Djalma Maranhão,
que não era homem de cultura, não
frequentava livros, escrevia com a desenvoltura
gostosa com que falava, em Natal costurava
e bordava. Entendia o povo e o povo o entendia.
Nunca houve, nunca terá havido na
história política e administrativa
de Natal e do Rio Grande do Norte, um caso
mais perfeito de simbiose povo-administrador.
Djalma não administrava para o povo
– Djalma administrava com o povo.
Com ele a democracia era mais o governo
do povo do que pelo povo e para o povo.
No
seu jeep de guerra, a gente embiocava pela
periferia da capital e eu via a admiração
direta. O prefeito excelente discutindo
planos com o povo, aprendendo e ensinando.
Falando a linguagem do povo, não
porque tivesse aprendido a falá-la,
mas porque aquela era sua própria
linguagem.
Se
o seu mano Luiz Maranhão Filho era
o político culto, o professor de
imensos méritos, causeur
agradável, selecionador de leituras,
assistido por um pensamento político-filosófico.
Djalma era a intuição, a pele
suscetível, a capacidade de entender
num átimo, a coragem furiosa (daí
o Maranhão Feroz) de ousar, de tentar,
de fazer.
Vi
naquela época que ele engrandeceu,
que ele fez sua, que ele nominou, a época
de Djalma Maranhão, faixas e mais
faixas nas ruas dos pobres de Natal, com
a informação maravilhosa:
nesta rua todos sabem ler e escrever, nesta
rua não há mais analfabetos.
Porque com Djalma Maranhão, de pé
descalço se aprendia a ler em barracos,
em choupanas, até no raio que o parta.
Não
era aquele um governador paulista, mas um
governo do povo. E com singularidades notáveis:
a máquina administrativa andava a
todo vapor, as contas municipais eram exemplarmente
corretas, não se roubava nem se esbanjava
dinheiro do povo, que o dinheiro da Prefeitura
voltava para o povo em obras que se multiplicavam
para atendê-lo.
Natal
sabia que tinha um prefeito. Um grande prefeito.
Que aqui tinha o maior prefeito do Brasil.
Fazendo, acontecendo, mexendo, criando,
lutando, enfrentando as dificuldades, se
possível, se necessário, até
na porrada.
A intervenção militar de 1964
tinha de pegá-lo, porque não
podia aceitar o povo no governo. Cassou
Djalma Maranhão, prendeu Djalma Maranhão
e terminou por exilá-lo. Abriu mil
d um inquéritos para escacaviar e
sua administração e verificou
a inexistência absoluta (eu escrevia
absoluta) de qualquer senão, de qualquer
escorregão, de qualquer deslize,
de qualquer facilidade, de qualquer leviandade.
Djalma
Maranhão, que era um estouro da natureza,
tinha também a sua simplicidade.
E os homens simples não roubam, não
defraudam, não mentem, não
traem, não exploram.
Tanto
que pela força bruta arrancado de
sua Prefeitura, arrancado de sua cidade,
de seu Estado, de sua pátria, era
um homem liso. Sem meios para garantir a
subsistência familiar, a sua própria
subsistência. Tendo de trabalhar com
o suor de seu rosto, para comer o amargo
e triste pão do exilio.
A
quem chegava do Uruguai, perguntávamos
todos – e Djalma? A resposta era invariável
– está morrendo de saudades.
Outros
exilados se adaptavam, aprendiam a língua
estrangeira, diversificavam suas atividades,
conspiravam. Djalma Maranhão, não.
Djalma Maranhão agonizava de saudades.
No rádio vagabundo que comprara em
Montevidéu, corujava a noite inteira,
na tentativa, evidentemente vã de
ouvir Natal.
Aquela
fúria que era sua característica
de ação, se transformou na
fúria interior que passou a consumi-lo.
A matá-lo todos os dias, em doses
homeopáticas, crescentemente. Cada
dia no exílio, era cada dia mais
próximo da morte. Da morte que para
ele tinha um sentido de resgate, porque
haveria de trazê-lo para Natal. Aqui
seria plantado, no chão amante de
sua Natal.
E
foi assim. Um dia o coração
de boi estourou de saudade. E o cadáver
veio para sua cidade, e, com acompanhamento
de uns poucos temerários, foi levado
ao cemitério.
Ainda
aí, a bravura, a grandeza, a singularidade
de Djalma Maranhão não haviam
pago o preço todo que cobravam. Fez-se
silêncio em torno dele. O seu nome
passou a ser proibido. Pronunciado em cochicho.
Velado apenas no coração do
povo pobre que não esquece. Ainda
hoje há quem comete a prudência
de omitir o seu nome no Palácio dos
Esportes. Palácio dos Esportes. Só.
Não Palácio dos Esportes Djalma
Maranhão.
Tolice.
Porque
a cada dia que passa, Djalma Maranhão
cresce mais no respeito do povo. Não
há mais uma só pessoa que
não saiba que ele foi o maior prefeito
que Natal teve. O maior e o melhor. Não
há mais quem não o avalie
com justiça.
Os
que o conheceram, os que tiveram o privilégio
de sua amizade, de sua atenção,
de seu querer-bem, falam dele com basófia,
com gabolice, com goga:
- eu conheci Djalma Maranhão.
Já
é alguma coisa. Outros há,
muito mais felizes e no seu rol eu me meto:
os que podem dizer, mesmo sem soberba, que
não trairam a sua amizade.
^
Subir
Pessoas
a quem Djalma Maranhão enviou cartas
do exílio
Pela sequência
de publicação, e para melhor
identificação
Netércia,
Ângelo, Odete e outros – familiares
João Maria – Desembargador
João Maria Furtado, seu procurador
Roberto – Dr. Roberto Furtado –
Advogado e seu ex-Secretário de finanças
Leonardo – Leonardo Bezerra, jornalista
Dária – Dária Maranhão,
sua esposa
Jacyra – Jacyra Furtado, esposa do
Desem. João Maria Furtado
Netércia – Netércia
Maranhão, irmã de Djalma Maranhão
Marcos – Marcos Maranhão, seu
filho
Humberto Pignataro – Corretor de imóveis
em Natal
^
Subir
Embaixada
do Uruguai
Netercia, Ângelo e Odete:
Ronaldo, Margarida, Aliete
Maria Ângela, Eugênia e Roberto:
Como
um peregrino, continuo andando, sendo levado
como as folhas que o vento arranca das árvores
e voam sem destino.
Espero,
em breve, começar a coordenar a suavidade
das brisas e disciplinar a força
dos tufões.
Voltarei,
então, a Natal, para o convívio
da família e dos amigos.
Tio
Lula vai bem.
Aguardo
salvo-conduto para viajar para o Uruguai,
aonde pretendo fazer um rigoroso tratamento
de saúde, que anda um pouco avariada.
A moral, entretanto, está firme...
Bôas
Festas e Feliz Ano Novo
Djalma
Maranhão
^
Subir
João
Maria Furtado
Embaixada
do Uruguai, Dezembro de 1964
João
Maria,
Você,
que foi um grande jogador de futebol, sabe
que melhor sistema é endurecer o
jogo e quando perde, aceitar a derrota de
cabeça erguida.
O
diabo, é que no jogo da vida, um
árbitro sem escrúpulo, marcou
um penalti contra mim... Estou em desvantagem
no placar. E chegamos quase ao final do
primeiro tempo, nos últimos instantes
de 1964, ano cruel que não deixa
saudades.
Durante
o intervalo, no período de descanso
vou ao Uruguai. Tratarei da saúde.
O
segundo tempo vai ser duro, com linha e
dêdo amolecendo...
Avise
a Jacyra que as promessas que ela fez, pagarei
todas, assim que retorne a Natal, espero
não demorar muito.
Tome
conta dos meus negócios, juntamente
com Roberto, desde o processo, orientando
os advogados, liquidando o jornal, vencendo
objetos, fazendo empréstimos. E,
particularmente, aconselhando Marcos.
A
saúde melhorou pouco, mas, o tratamento
definitivo, somente será possível
em Montevideo.
Diga
a Lauro Pinto que se aguente na sela...
Lembranças
para Carlos Augusto e Zacarias.
Abraços
em toda a família.
Bôas
Festas e Feliz Ano Novo
Djalma Maranhão
(Dezembro
1964 – Embaixada do Uruguai)
^
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Roberto
Furtado
Embaixada do Uruguai, Dezembro de 1964
Roberto,
Poucos
foram tão solidários como
você, na hora da hecatombe. Evidentemente
certo, que é um problema de tradição,
atávico, hereditário. Você
herdou esta fibra do velho João Maria.
Todos
nós e eu em particular, lhe agradecemos,
reverenciando, emocionados, a sua atitude
e desta admirável Dora.
Saimos
da Prefeitura de cabeça erguida,
com as mãos limpas. Não houve
subterfúgio que conseguisse colocar
uma mancha no pulmão sadio das finanças
municipais, que esteve sob a sua responsabilidade,
comprovada capacidade e indestrutível
honradez.
Ficaram
em cofre cem (100) milhões de cruzeiros,
o funcionalismo rigorosamente em dia e um
plano administrativo quase impossível
de ser superado. Você realizou o saneamento
das finanças municipais, criando
condições econômicas
para a execução do plano de
obras.
É
muito difícil apagar no coração
do povo a marca de amor que deixamos enraizada.
Nunca
esqueça que o vilão somente
leva vantagem no início da contenda.
Esperemos, confiantes, os atos finais da
tragédia.
Bôas
Festas e Feliz Ano Novo
Djalma
Maranhão
(Dezembro 1964 – Embaixada do Uruguai)
^
Subir
Leandro
- Embaixada do Uruguai
Leandro,
Para
Você, nesta Véspera de Natal
e proximidade de Ano Novo, não era
necessário escrever uma mensagem,
nem mesmo uma simples frase.
Bastava
uma pausa, uma pequena meditação,
um mergulho no passado. E no silêncio
e na tortura desse submundo em que passei
mais de oito meses, tinha, forçosamente,
de encontrar coce, como o melhor amigo de
uma determinada e longa fase da minha vida.
Em
breve devo seguir para o exterior. Longe
da Pátria, retemperarei as energias,
acreditando sempre na fidelidade do coração
humano, que se desencontra, mas que nunca
foge a grandeza geométrica de um
reencontro.
Quando
chegar a hora de voltar, chegarei rápido
a Natal, porque ninguém se perde
no caminho da volta, na afirmação
do sociólogo nordestino.
Velho
Léo, abraços para você,
extensivos a esposa e filhos.
Bôas
Festas e Feliz Ano Novo
Djalma
Maranhão
(Embaixada do Uruguai)
Recado
para o “reaça” Alves:
Diga ao Britânico, que apesar de tudo,
ainda lhe resta uma “bola branca”,
como diria Paulo Macedo. Seu anjo tutelar
é a filha, que vi praticamente nascer
e crescer, chorona e bonita e por quem tenho
ternura de tio ou de sogro...
^
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Dária
1.º
de janeiro de 1965, tirando o azar de 64
Dária,
Minha querida:
Tenho
orgulho de você. Digo, sinceramente,
que não esperava a resistência
demonstrada, a inexcedível dedicação,
a extraordinária coragem de enfrentar
situações difíceis,
o ânimo forte.
Você
é uma grande mulher, uma dedicada
companheira, uma extraordinária esposa.
Todos
sabem, - que à minha maneira –
sempre fui um apaixonado. Sempre repetia
que você era a única mulher
capaz de vivermos a vida inteira unidos.
Você
é muito mais inteligente do que parece.
Soube, com habilidade me envolver, dominando-se
completamente e ao mesmo tempo, dando a
impressão de que eu tinha livre todos
os caminhos.
Meu
bem: A sua ternura, o seu amor, o afeto
constantemente demonstrando, são
coisas impossíveis de relembrar,
numa simples carta.
Somente
estando ao seu lado, acariciando o seu cabelo,
olhando os seus olhos, adorando o seu perfil,
as mãos entrelaçadas, é
que poderia transmitir todo o sentimento
do meu coração.
Depois
de oito meses de separação,
aquelas 24 horas que passamos juntos, no
Recife, tiveram sabor de lua-de-mel. Beijos
e abraços do seu marido
Djalma
P.
S. Escrevo esta carta no dia 1.º de
Janeiro de 65, tirando o azar de 64.
(Embaixada do Uruguai)
^
Subir
Jacyra
Embaixada do Uruguai
Jacyra,
No
dia das mães passei um telegrama.
Depois do falecimento da velha Salomé,
um espelho de bondade que guardo pela vida
afora – tive uma imensa saudade.
Voltei
a lembrança para diversas pessôas
e resolví mandar-lhe aquela mensagem,
reflexo do meu estado emocional.
Dária
deverá retornar até o dia
15 de junho próximo. Está
bem melhor, com o sistema nervoso mais controlado
mas, sempre preocupada com Marcos.
Estou
pedindo a Roberto para entregar trinta mil
cruzeiros a Marcos, com recomendações
de que seja econômico.
Tive
uma imensa, extraordinária mesmo,
alegria, com a vinda de Harilda, que chegou
como um furacão, demorando menos
de uma semana, pipocando no mundo. Devia
ter passado um mês, divertindo-se
no velho Rio de Janeiro. Não nega
que ainda sente saudades de Nereu... A sua
vinda foi ótima... Abraços
para João Maria.
Djalma
(Embaixada do Uruguai)
^
Subir
Roberto
Furtado
Montevideo, 9 de julho de
1965
Roberto,
Aproveitando a visita do nosso amigo Sérvulo,
escrevo-lhe este bilhete. Ele chegou na
hora do almoço e obteve uma rápida
visita extra.
Estou
com o pé no escribo para viajar.
Consegui adiar o embarque. Ontem teve avião
e amanhã terá outro. O motivo
do adiamento é guardado a ajuda econômica
que, por seu intermediário, mandei
solicitar aos amigos.
O
próximo avião será
entre o dia 18 e 21. E neste terei que ir
de qualquer maneira. Telegrafarei, logo
que tiver o dia certo.
Escreverei
mais detalhadamente, quando Dária
regressar.
Abraços
para todo o pessoal, não esquecendo
o velho João Maria, Jacira, Harilda,
Mailde, Dora, etc.
Disponha
sempre do amigo.
Djalma
Maranhão
P. S. O portador voltou e hoje, 10, fui
avisado que tem um avião no dia 14.
Devo viajar nele.
O nosso amigo Sérvulo tem um processo
na Secretaria de Segurança. Peço
examinar.
Djalma
^
Subir
Natércia
Montevideo,
14 de abril de 1968
Natércia,
As
suas cartas são esperadas com ansiedade
e lidas com satisfação, porque
transmitem notícias da cidade e dos
amigos. Dária vai passar o inverno
em Natal. Tenho uns problemas a resolver
no Rio e em Natal. Voltará no fim
do ano, caso não seja eu que retorne,
em companhia de Marcos e Aninha.
Examine
a possibilidade de mandar, também,
Maria Eugênia. Grande abraço
para Ângelo e para o resto da turma
e escrevera sempre.
Djalma
Maranhão
^
Subir
Natércia
Montevideo,
12 de junho de 1968
A
tranquilidade de Dária, que volta
a Natal para operar-se depende muito de
sua assistência, tendo em vista a
confiança que ela deposita em você.
Durante o período que ela estiver
no Hospital, Maria Eugênea poderá
ajudar bastante.
Lembranças
para Ângelo, Bia e o resto da turma,
com um grande abraço do
Djalma
^
Subir
Marcos
Montevideo, 20 de agosto
de 1968
Marcos, meu filho; um grande abraço.
Fiquei,
realmente, satisfeito com a sua carta. Uma
demonstração clara do seu
amadurecimento. O homem que se preocupa
em ocupar o seu lugar dentro da sociedade
em que vive, descortinando horizontes em
novos ângulos, marcando a transição
de um período que se ganha quando
se ultrapassa a maioridade. Os 21 anos de
uma juventude, doce e bela infância
que não se reencontra nunca mais,
porque a roda da história não
anda para trás... O menino de ontem,
que se criou brincando nas largas avenidas
do Tirol e nas encostas dos morros que circundam
a cidade, subiu nos cajueiros, goiabeiras,
mangueiras; jogou pedras e deu tiros; entrou
pelo mar a dentro, deslumbrando, nadando
nas ensolaradas praias de Areia Preta, Ponta
Negra, Redinha, Circular. Teve o seu velocípede
e a sua bicicleta e depois atormentou os
pais, saindo as escondidas dirigindo, sem
permissão, um jeep ou um automóvel.
Bebeu o seu primeiro copo de cerveja, fazendo
careta, reusando guaraná, porque
beber cerveja, com um gosto amargo, era
uma deliciosa maneira de ir afirmando-se
como homem... Estudou sempre, com extraordinária
facilidade para aprender, mas dando um trabalho
imenso a sua mãe, com a tarefa de
obrigá-lo a preparar as lições
e acordar cêdo para ir ao Colégio.
Entre os esportes e a literatura, preferiu
ser um intelectual, um devorador de livros,
deixando permanentemente derrubada a biblioteca
do pai... Ainda de calças curtas
escreveu seu primeiro artigo quando morreu
o padrinho Luiz Antonio e fez o primeiro
discurso estimulado por Café Filho.
Viajou, conhecendo grande parte do território
de sua Pátria.
Depois
veio o dilúvio, a enxurrada que enxovalhou
o Brasil. Angústias, desilusões,
a noite negra que acobertou o ódio
e abriu ainda mais as portas de nossas riquezas
à voragem insaciável dos poderosos
grupos econômicos norte-americanos.
Mas, o sol nasce todos os dias, desde que
o mundo é mundo. O rubro clarão
das madrugadas é uma esperança
que se renova. O futuro está do nosso
lado. Os mais poderosos impérios
da terra, baseados na força, nunca
sobreviveram à força das idéias.
Buda, Confúcio, Cristo, Maomé,
Marx, símbolos de filosofias diversas
mas que têm uma raiz comum e deságuam
no imenso estuário em que se encontram
milhões de seres humanos, unidos
no desejo de que o mundo seja um mundo melhor.
Hitler e Mussolini sonharam em implantar
um sistema, baseado na prepotência,
que duraria MIL anos. Em minhas andanças
pelo mundo estive em Milão, na Praça
Loreto, onde Mussolini foi fuzilado e dependurado
em um poste, como se fosse um porco e também
visitei em Berlim o local aonde Hitler está
soterrado como se fosse um cão hidrofóbico.
É a história dos nossos dias.
Uma guerra que se transformou em guerra
de liberação dos povos.
Você
sabe melhor do que eu. O Brasil é
um país de jovens. Mais da metade
de sua população tem menos
de vinte anos de idade. Isto é fabuloso.
Sou um homem no caminho da velhice, mas
serei um velho com idéias jovens.
Não existe conflito de gerações.
Isto é uma mistificação.
Existem velhos que são velhos mesmos
e jovens que já nasceram velhos...
A missão do homem que atravessou
mais de meio século de vida, é
colocar a sua experiência a serviço
do sadio entusiasmo juvenil, vanguarda de
todos os nobres movimentos. Esta é
a minha tarefa. O amanhã pertence
a sua geração. Isto não
significa que serei um simples conselheiro,
um contemplativo. Não. Sempre participante,
para ser fiel ao jovem que vive dentro do
meu coração.
Não desespero. Sei esperar. A idade
dos povos não se mede pela idade
dos homens. A minha luta é a continuação
da luta dos meus antepassados, os nativistas
que plantaram a semente da pátria
e conquistaram a sua Independência
Política. A batalha prossegue para
obtermos a Independência Econômica.
Os nativistas de ontem são os nacionalistas
de hoje. Estamos unidos debaixo da mesma
bandeira irá dar animo aos teus futuros
filhos, meus netos, na fidelidade aos princípios
de liberdade. Igualmente à fraternidade
que os franceses receberam dos gregos e
tornaram universal.
O
Brasil é minha Pátria, Natal
minha cidade, em cujo chão estão
enraizadas indissoluvelmente todos os meus
sentimentos. Tenho a consciência tranquila.
Dei minha contribuição no
sentido de arrancar o Brasil do atoleiro
em que se encontra, quando lançamos
as bases da Campanha de Pé no Chão
Também se Aprende a Ler. A História
fará justiça. Não importa
o que passou e o que ainda está passando.
Continuo no caminho certo, aquele traçado
pelos mártires de nossa Independência.
É melhor sofrer e muitas vezes morrer,
do que participar do festim daqueles que
estão vendendo o Brasil no balcão
das negociatas internacionais. Não
sinto nenhuma sedução pelos
encantos do Dólar, que nos dias de
hoje tem o acaso, a triste e horripilante
missão de substituir os 30 dinheiros
de JUDAS. Minha geração, certamente,
não assistirá os últimos
estertores do Império do Dólar.
Não importa. O parto tranquilo. Deixo
o Império moribundo. O século
XX que marcou o início de uma nova
era social levará nas suas convulsões
os últimos tentáculos e a
derradeira gota de fel do imperialismo norte-americano.
Os povos sub-desenvolvidos, poderão,
então, encontrar o caminho do progresso.
Os meios de produção e a terra
serão patrimônio de todos.
Haverá fartura e desaparecerá
o fantasma da fome, que mata, assassina
é o termo, milhões de seres
humanos. Desaparecerá, também,
o espectro do analfabetismo. Genocídios
como do Vietnã não se repetirá.
Meu
Filho:
Esta
carta não é um testamento...
É a conversa franca de dois homens.
Um mais idoso e outro mais jovem. Ainda
espero viver bastante. E a vida não
é somente luta e trabalho. O homem
e a mulher necessitam divertir-se. A outra
face. O lado ameno. Música e poesia.
Um pouco de vinho, sim, vinho, porque o
vinho está nas escrituras!... E na
sua idade é ideal para todas estas
coisas. Aproveita. Aproveita bem. Neste
capítulo também posso oferecer
contribuição da minha experiência.
E não estou arrependido. A vida é
bela. O difícil é saber aproveitá-la
dentro do binômio: intensidade e equilíbrio.
Esta
carta está se tornando longa e assim
sendo, deixo para a próxima vários
assuntos de ordem pessoal. Ajuda tua mãe,
olha por Aninha e muito carinho com tua
avó e receba do teu pai um grande
abraço, extensivo aos velhos amigos
Djalma Maranhão
^
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Dária
Montevideo, 4 de outubro
de 1968
Dária, grande abraço.
Tive
hoje, uma grande alegria ao receber, inesperadamente,
a visita de vários conterrâneos,
que se encontrando excursionando, terminaram
aqui, diante desta velha e enferrujada máquina
de escrever, quando me encontrava em pleno
expediente. Luis Costa Cirne e a esposa
Neide, Edilson Santos Medeiros e a esposa
Dilce e o médico e esposa Francisco
da Silva Gomes. Magníficos os presentes
que mandou: 1 lata de goiaba, sabonete Dersox
e um pacote de jornais. Conversamos muito,
matando as saudades. Amanhã eles
seguem para Buenos Aires e na volta passam
por aqui e mandarei mais notícias.
Esta
carta tem a finalidade toda especial de
mandar-lhe um beijo de parabéns pelo
próximo aniversário. O meu
pedaço de bolo divida entre Marcos
e Aninha. Dona Leopoldina, que tem uma voz
muito afinada, naturalmente cantará
o “parabéns para você”,
dando início à festança.
Não esqueça de encher o bucho
de Haroldo de sanduíches... No próximo
ano comemoraremos juntos.
Nas
cartas anteriores tenho lembrado para você
não deixar para a última hora
o problema do passaporte,
assim como uma nova carteira de identidade,
basta requerer uma segunda via, pois depois
de cinco anos a mesma perde a validade fora
do país. O meu na tem jeito de chagar...
Tem
chuvido bastante nestes últimos dias.
Em consequência, peguei uma gripe
danada. Tenho tomado comprimidos de todas
as qualidades e hoje parece que a fase aguda
está ultrapassada. Caso não
venha uma recaída terminará
o espirra-espirra e esta moleza no corpo,
que chateia como o diabo...
Nas
cartas que nas próximas semanas mandarei
para Marcos, João Maria e Evaristo,
falarei mais a vagar em diversos assuntos,
inclusive como estou encarando a possibilidade
do meu retorno.
Escreva
para Naná, sabendo quando é
que ela vem. Caso a época seja a
mesma da sua viagem e caso você desejar
passar uns dias em Porto Alegre, poderia
vir com ela, que viaja somente de ônibus,
porque tem mêdo de avião...
Combinaram para se encontrar no Rio de Janeiro.
O
pessoal que chegou de Atal, aos quais fiz
referência no início desta
carta, estava certo de que o caso de minha
aposentadoria estava resolvido. Não
sabia que ainda depende de uma decisão
do Tribunal de Justiça. Logo que
tenha qualquer informação
mande dizer.
Você não mandou mais notícias
de Maria Eugênia. Como é que
vai de amores, quando casa? Ah, menina danada...
Lembranças
para todos.
Um
grande abraço pra você, Marcos,
Aninha, Dona Leopoldina e Geralda e também
não esqueça de abraçar
Biá.
Djalma
Maranhão
P.
S. Dária – quem se encontra
aqui é Antônio Luis. Veio falar
com o pai, pois pretende casar. Examinou
problemas dos terrenos de Brasília.
A dívida é de 860 mil cruzeiros
velhos. Ele aconselhou pagar, pois os terrenos
tão muito valorizados. Vou escrever
para Dinarte acertando uma forma de pagamento.
Mandarei
cópia para você.
Em
tempo: fique bom da gripe
Djalma
^
Subir
João
Maria Furtado
Montevideo, 7 de maio de
1969
Meu caro Desembargador João Maria:
Escrevo-lhe
esta carta com bastante atraso, respondendo
as suas notícias, tendo em vista
que estou passando por um período
de indecisão, coisa rara em minha
vida. Sempre fui de tomar decisões
imediatas, certas ou erradas. A coisa pior
do mundo é vacilar. Não creio
que seja a idade. Preparei-me para ter uma
velhice resoluta. O problema é de
responsabilidade de família. Minha
mulher vive um drama permanente e recebeu
o julgamento com uma crise nervosa tremenda,
que se prolongou por vários dias.
Meu
caro Desembargador: Eu não fui condenado
e sim condecorado com as mais alta condecoração
da verdadeira revolução brasileira!
Estão equivocados os que pensam que
me atingem. Somente aceito o julgamento
da História. Os que hoje me condenaram
passarão ao mesmo nível daqueles
que condenaram os mártires de nossa
Independência Política. Os
meus descendentes terão honra de
usar o meu nome e os filhos, netos e bisnetos
destes infelizes traidores da Pátria,
nunca poderão lembrar com dignidade
suas descendências. É a realidade.
Recebi tranquilo a notícia.
Não
pretendo recorrer da sentença. Quando
um dia o Supremo Tribunal retorne à
plenitude de seus poderes, então
examinarei o assunto. No momento é
deixar os macacos quebrando a louça...
O que me alegra é saber que a grande
maioria dos companheiros envolvidos nesta
farsa estão livres.
O
que me preocupa é o problema econômico.
Dária terá de regressar e
passar uma temporada em Natal. A dona do
apartamento aumentou o aluguel e não
posso pagar o que pede. O jeito que tenho
é entregar, mandar a mulher para
a casa de minha sogra e ir viver em um quarto
de hotel. No fim do ano, para o começo
de 1970 veremos a possibilidade dela voltar.
E
a aposentadoria, como anda? Tenha cuidado.
É preferível esperar mais
um pouco. Poderá haver interferência.
Tudo é possível.
Diga
ao Roberto que na próxima semana
responderei a sua carta.
Você
e sua família, amigos certos nas
horas incertas, o abraço do amigo
de sempre que fica aguardando suas notícias.
Djalma
Maranhão
P. S. CASA DA PRAIA –
É a última coisa que desejaria
vender. Pretendia passar meus derradeiros
dias em Ponta Negra. Mas, se a pessoa interessada
pagar um preço alto e o capital renda
juros para minha tranquilidade econômica
presente, faço o negócio.
Vender, somente para aliviar uma crise momentânea,
“comendo” o capital, como foi
o caso de outras coisas menores vendidas,
não interessa.
Djalma
^
Subir
Jacyra
Montevideo, 8 de maio de
1969
Jacyra:
O
próximo domingo
é o dia das mães. Você
que tem a idade física para ser minha
irmã, sentimentalmente tem mantido
uma solidariedade verdadeiramente maternal
para este seu velho amigo, nos anos amargos
em que vivo. Lembre-se que certa vez já
lhe mandei uma mensagem, relembrando a velha
Salomé que, durante toda a sua vida,
foi mãe e amiga dos seus filhos.
Hoje renovo a mensagem e com o pensamento
voltado para ela, agradeço a você
todo o que tem feito.
Jacyra: Minha situação econômica
agravou-se. Não é do meu temperamento
comentar estas coisas. Peço, entretanto,
remeter com a possível brevidade
o aluguel da casa da Rua Jundiaí,
correspondente ao último trimestre.
A derradeira remessa foi nos derradeiros
dias de fevereiro.
Os primeiros meses de 1969 foram totalmente
desfavoráveis. A pior fase. Não
somente notícias ruins, como o pequeno
negócio em que trabalho funcionou
mal. Estou obrigado a mandar Dária
passar uns meses aí, porque o aluguel
do apartamento subiu violentamente. Sou
um lutador e não desanimo, você
bem sabe disto. Estou enfrentando o temporal
e espero vencer a borrasca... No final tudo
sairá bem. Pelos jornais do Rio acompanho,
mais ou menos o que vai passando em nossa
terra. Nunca mais recebi jornais daí.
E
a garotada de Harilda como vai?
A
preocupação com o problema
econômico tira-me toda inspiração
de escrever. Prometo-lhe, entretanto, uma
longa carta com assuntos amáveis,
logo que saia da “fossa”...
Um
grande abraço em Dora e um duplo
em Roberto.
Recomendações
para todos, escreva e disponha sempre do
amigo
Djalma
Maranhão
^
Subir
Dária
Montevideo, 24 de outubro
de 1968
Daria:
Recebi
a sua carta de 14 do corrente.
A
estas alturas você já deve
ter recebido às notícias que
mandei por vários conterrâneos
que passaram por aqui, sendo que o último
foi o deputado Geraldo Queiroz. Além
da carta mandei uma capa de plástico
para Marcos e um brinquedo comprado na feira
de Tristan Navarra para Aninha.
Já
mendei avisar que arrume a maleta para voltar,
depois do dia 20 de Novembro, época
em que Marcos estará na reta final
dos estudos.
IMPORTANTE.
Somente viaje quando receber o dinheiro
da casa da praia. Anteriormente mandei dizer
para fazer um raspa e trazer
tudo o que for possível. A vida aqui
está encarecendo muito e também
existe a possibilidade de uma hora para
outra ter de retornar, necessitando dinheiro
para as despesas. Acerte com Jacyra, tudo
direitinho, dizendo a ela que eu necessito
que o dinheiro venha por intermédio.
Traga
o mínimo de roupa possível.
Somente o necessário. O apartamento
está cheio de cacarecos.
Peço
para trazer remédios. Chofitol (em
pílulas), sabão Dersox, uns
frascos de Hebrin e complexos de vitaminas.
Quanto as vitaminas fale com os médicos
amigos. Não esqueça.
Recebi
os recortes com a notícia da Auditoria
do Recife, sinal de que as coisas ainda
andam complicadas. Peço para mandar
dizer em que ponto ficaram as coisas depois
deste interrogatório. Advogado no
Recife não adianta quase nada.
Sei
que não é fácil de
encontra, mas veja se descobre aonde anda
uma segunda via de minha carteira de identidade.
Tinha duas. Uma se encontra aqui comigo,
meia esculhambada. Descobrindo a outra,
traga.
Já
que estamos falando em documentos, como
é que vai o seu passaporte e a sua
carteira de identidade? Tudo providenciado?
Espero que sim.
Mandei
por Queiroz um bilhete e uma fotografia
para que Afonso Laurentino mande por você
uma caderneta atualizada da Associação
de Imprensa.
Outra
coisa. Traga alguns selos para recibos.
As vezes tenho tido necessidade, aqui no
Centro Del Turista Brasilenõ, de
passar recibos em cruzeiros e não
tenho estampilhas. Selos para dois ou 3
recibos, nada mais.
Chegando
no Rio (aonde vai se hospedar?) por intermédio
de Odete fale com o Dr. Vivaldo. Peça
todas as informações, inclusive
nomes de advogados que possam impetrar o
h. c. Fale pessoalmente, com calma.
Outro assunto que trate no Rio é
do meu passaporte. Djalma Marinho mandou-me
um recado, por Ivete Vargas que esteve aqui,
pondo-se a disposição. Com
o passaporte e a aposentadoria posso viver
mais tranquilo. O velho poderá ajudar
no caso do passaporte. O telefone do Vilas
é: 45.7097.
Lembranças
para Dona Leopoldina, Netércia, Ângelo,
Djalma, Evaristo, Mário, João
Maria, Pedro Coelho, Iêda, Aliete,
Eunice, Heriberto, Maciel, Omar, Oliveira
Júnior, Ticiano, Roberto, Zelda e
Murilo, Ione, Pacheco, Olindina, etc., e
abraços para você, Aninha,
Geralda e Marcos.
Djalma
^
Subir
Roberto
Furtado
Montevideo, 12 de maio de
1969
Roberto, um grande abraço:
A
condenação não foi
surpresa. Apesar de todas as notícias
otimistas não tinha ilusões.
Sempre considerei que seria condenado na
hipótese de ir a julgamento em justiça
de exceção. A única
saída que vislumbrava era o h. c.
no Superior Tribunal, naquela fase em que
o mesmo havia firmado uma jurisprudência
favorável aos acusados, por falta
de justiça causa, etc., etc. O pessoal
cochilou no ponto. A coisa foi ficando na
dependência do acaso de Diva e sempre
adiando. E o resultado foi que virei “boi
de piranhas”... Agora não adianta
recriminações. Temos que enfrentar
a realidade e a curto prazo não vejo
nenhuma saída.
Na
expectativa de retornar, não tinha
renovado o contrato do apartamento. E agora,
em junho, tenho que entregar. O novo aluguel
é proibitivo. Dária irá
passar uns 6 meses em Natal e eu irei para
um quarto de hotel. Minha aposentadoria
que estava na bica para sair, certamente
entrará em compasso de espera. O
Centro de Turismo, neste período
de inverno, está praticamente sem
movimento. Trabalha-se, somente, durante
os 3 meses de verão. Estou abrindo
outras frentes de trabalho, como seja venda
de revistas e jornais. Negócio precário
e trabalhoso.
Os
últimos acontecimentos obrigaram-me
a modificar completamente meus planos de
vida. A volta imediata a Natal foi adiado
e tenho de esperar. No campo dos acontecimentos
políticos tudo é possível
e nada é impossível. Esta
condenação não me atinge,
pelo contrário, recebo como uma honra,
uma condecoração pelos serviços
prestados à minha Pátria,
hoje, infelizmente dominada pelos norte-americanos.
Não roubei, não matei, não
cometi nenhum crime. Somente aceito o julgamento
da história e esta me fará
justiça. Tiradentes e Frei Miguelinho
também foram condenados pelos agentes
de uma potência estrangeira que dominava
o Brasil. Hoje não é mais
Portugal que escraviza o Brasil. Os patrões,
agora, são os yankees.
Conforme
já escreví ao teu pai, (cuja
carta peço acusar, mesmo que seja
com um simples cartão) meu problema
fundamental é econômico.
Necessito
soluções rápidas para
equilibrar as finanças. Vender ou
alugar a linotipo, é uma delas. Não
sei da possibilidade aí em Natal.
Uma firma sólida ou a Universidade.
Peço examinar o problema. Estou em
contato com amigos do Rio, visando o mesmo
objetivo. Caso esta hipótese se positive,
você poderia providenciar a remessa
da máquina para o Rio.
Outro
assunto que peço toda a sua atenção
é no sentido de mandar uma das máquinas
de datilografia (portátil) que estiver
em melhores condições para
o Rio de Janeiro. Lá é mais
fácil remeter para aqui. Tenho necessidade,
agora que não posso retornar, de
ativar meu trabalho. Para isto, preciso
de uma máquina no escritório
e outra em casa. Roberto: Resolva este caso
com aquela sua antiga eficiência...
Deixe
de lado o problema da apelação.
O instante que estou vivendo é de
sobrevivência econômica. Dois
são os casos: Venda ou aluguel da
linotipo. Remessa de uma máquina
de datilografia portátil.
O
dr. Ferreira já está meio
dono da cidade. Fabuloso.
As
novidades que se passam por aí tenho
acompanhado pelos jornais do Rio de Janeiro.
A confusão cada vez aumenta mais...
Lembranças
para todos da família e um abraço
para todos os amigões e disponha
sempre do
Djalma
Maranhão
^
Subir
João
Maria Furtado
Montevideo, 1.º de janeiro
de 1970
Meu
caro João Maria:
Propositadamente
deixei para responder as suas duas cartas
uma de 9 e outra de 12 de Dezembro passado,
ao iniciar-se um novo ano... Vamos ver se
a “urucubaca” me larga e surjam
novos horizontes, pelo menos no campo comercial,
regularizando minha situação
econômica.
A
pequena Agência de Viagens fechei,
provisoriamente, ficando somente com a representação
de revistas e correspondente de jornais.
O endereço, entretanto, continua
o mesmo, apesar de ir ao Câmbio somente
como ponto de encontro e de referência.
Todos os dias, às 10 horas e à
tarde às 16, estou por lá.
Depois
de uma longa peregrinação
pela imprensa, procurando um “gancho”,
parece que finalmente encontrei. Na próxima
semana iniciarei uma crônica, duas
vezes por semana (minha proposta era para
se diária) no jornal BP COLOR, um
órgão neutro, editado pela
Editorial João XXIII, mas que não
se preocupa muito com o problema religioso...
Tem uma boa venda avulsa. Não terei
ordenado fixo. Tudo depende da publicidade
que entre. A secção é
sobre turismo. Assim sendo terei de escrever
e conseguir os anúncios. Escrever
é o mais fácil, o mais complicado
é a publicidade... Estou satisfeito,
principalmente porque terei o que fazer
durante todo o dia. O negócio das
revistas não toma muito tempo, a
não ser no fim do mês quando
tenho de fazer a escrita prestando contas.
Sobre
a aposentadoria fiquei ciente de todas as
marchas e contra-marchas. Psicologicamente
estava preparado para o adiantamento do
julgamento para depois das férias
forenses. Agora é esperar as próximas
quartas-feiras, quando o Tribunal se reúne
em pleno. O aspecto jurídico da questão
é com você, pois o sapateiro
não deve ir além da meia sola...
Agradeço
muito a maneira detalhada como você
escreveu, ponto por ponto. A falta de notícias,
muitas vezes, deixa-me preocupado e é
por isto que insisto em determinados assuntos.
Você compreende.
Recebi
o dinheiro mandado por Roberto, assim como
a exposição de Carlos Lima
sobre o estado da linotipo. Vou escrever
aos dois.
Mandarei,
também, um bilhete para Jacyra, sabendo
de alugou a casa da praia e se recebeu,
assim como você, uma carta feita em
versos...
O
reparo da casa de Ponta Negra será
financiado por Josemar, que se prontificou
para isto, desejando somente que Ribamar
informasse e orientasse no que fosse possível.
Certo.
Que
os banhos de mar, em Muriú, lhe retemperem
as energias para continuar no batente,
com esta fibra que Deus lhe deu.
Somente
a partir de amanhã vamos voltar a
receber jornais do Brasil e da Argentina,
cuja entrada estava proibida devido aos
problemas de seqüestros! Assim sendo,
tinha dificuldades em saber notícias
do Brasil. Através de amizades nas
companhias de aviação conseguia
alguns jornais, mas de São Paulo
e São Paulo é outro Brasil...
Tenho notícias contraditórias.
Umas informando da eleição
de Carvalho Neto, em 3.º lugar. Outras
não. Não sei quem foram os
deputados estaduais eleitos. Dona Leopoldina
mandou um jornal, mas até hoje não
chegou. Impressos mandados pelo correio,
é fogo. Um jornal de São Paulo
também publicou que Roberto tinha
entrado com um protesto contra a diplomação
de três deputados do MDB, que na legislatura
anterior tiveram faltas em demasia. Quem
são estes malandros?
LINOTIPO
– Escreverei, conforme já disse,
diretamente para Roberto e Carlos, mas posso
adiantar que estou de acordo com as iniciativas
tomadas para a recuperação
da máquina. Inicialmente, posso adiantar
que interessa um arrendamento por dois (2)
anos, com uma opção para Carlos
renovar o arrendamento ou comprar, avisando
com três meses antes de terminar o
contrato de dois anos. Desejaria saber qual
seria o mínimo que Carlos poderia
pegar-me, mensalmente. Seria uma ajuda para
aliviar meu orçamento pessoal, pois
ando meio enforcado. O custo de vida aqui
sobe de maneira inacreditável.
ELEIÇÃO
DE ROBERTO – Fiquei bastante
chocado em saber que Roberto tinha ficado
na 1ª. Suplência. A política
é uma megera. Apesar de não
acreditar, no momento atual, na validade
das eleições, por vários
motivos, o caso de Roberto, é para
mim mais sentimental que político.
Espero que os recursos impetrados tenham
validade e ele volte ao apartamento.
Vou
terminando por aqui e mandando-lhe um abraço
de amigo
Djalma
Maranhão
Montevideo, 1.º de janeiro de 1970
^
Subir
Jacyra
Montevideo, 1.º de janeiro
de 1970
Jacyra:
Recebi
sua carta e agradeço as notícias
que mandou.
Natal
e Ano Novo fizeram que entrasse numa “fossa”
danada...
Dária
deve passar o próximo inverno aí
em Natal, retornando no verão. Está
muito preocupada coma saúde de Dona
Leopoldina, que depois da morte de Djalma,
agravou-se ainda mais. E tem o caso de registrar
Ana Maria.
Recebeu,
juntamente com João Maria, dias cartas
feitas em versos? Pouca gente sabe que na
juventude fui poeta e poeta ruim...
A
temporada turística, este ano, está
sendo um fracasso, devido os casos dos seqüestros
e das medidas tomadas pelo governo. Estou
com vontade de domingo tomar um banho de
mar, ou melhor, um banho de rio (água
doce do Rio do Prata, misturada com água
do mar).
Assunto
chato. Alugou a casa da praia?
Assunto
alegre. Já está preparando
as fantasias dos netos apara o carnaval...
Escreva
sempre mandando notícias. Abraços
para Roberto, Dóra, Harilda e os
netos e o pessoal da cozinha, sua equipe
e secretárias. Ainda são as
mesmas?
Um
abração do velho amigo de
sempre.
Djalma
Maranhão
^
Subir
Bilhete
para Jacyra
Montevideo, 12 de janeiro
de 1970
Prezada
amiga Jacyra
Minha pergunta responda
Não tenha raiva, nem ria.
A
casa de veraneio
Foi alugada este ano?
Tire-me deste aperreio
Ou entrei pelo cano?...
João
Maria não deu bola
Para os versos que lhe mandei
Prefere jogar carambola
Com alguém que eu não sei...
Dária
está gorda e animada
Com a chegada do calor
Parece até namorada
E me dando muito valor...
Djalma
Escreva.
Mande contar as coisas que se passam por
aí e que somente você sabe
informar. Estou na expectativa da aposentadoria,
esperando a todo momento notícias
de João Maria.
Um
grande abraço do amigo de sempre
Djalma
^
Subir
Humberto
Pignataro
Montevideo, 25 de janeiro de 1970
Meu
caro Humberto Pignataro:
Os
amigos são o melhor capital que se
acumula na vida. Quando necessitamos deles
utilizamos sem necessidade de emitir uma
nota promissória... E os juros são
debitados em uma conta corrente que somente
são resgatadas com outros favores.
Meu
caro Humberto: Sempre recordo as suas piadas
e uma das melhores era aquela em que você
anunciava a venda de um terreno do nosso
querido amigo Chico Pôrto, com tanta
fantasia, que no final, ele desistia da
venda pois não imaginava que a sua
propriedade tivesse tantas coisas bonitas...
Quem está necessitando, agora, de
sua fértil imaginação
como corretor de imóveis, é
este seu velho amigo.
Tenho
em Extremoz, conforme é do seu conhecimento,
um sítio. Tem (02) duas frentes,
uma para a lagoa (aonde existe uma praia
com areias alvíssimas...) e a outra
frente para a estrada de rodagem que vai
para Muriú (a melhor praia do mundo
na opinião do pessoal lá em
Ceará-Mirim). O sítio fica
bem próximo da estação
da Estrada de Ferro.
Estava
cercado de arame farpado e tem dezenas de
coqueiros, cajueiros, mangueiras, jaqueiras,
goiabeiras, abacaxis, etc., todos frutificando.
Área para plantar milho, feijão,
mandioca. Ótimo lugar para criação
de patos e marrecos. E outras coisas que
você pode bolar,
aproveitando a propaganda da propriedade
de Chico Pôrto...
Necessito
vender o sítio para dar entrada em
um pequeno apartamento (sala, quarto, cozinha
e banheiro, todos minúsculos), ficando
pagando o restante em 48 prestações
mensais. Isto representará um sensível
alívio, pois a prestação
é menor do que o aluguel do apartamento
em que estou vivendo. Estamos, aqui, em
um regime ultra inflacionário, com
uma falta de dinheiro em dólares.
É o fim do mundo. Em que aluga pretende
receber os aluguéis, também
em dólar.
O
dinheiro que recebo aí do Brasil,
com que consigo ganhar aqui, representam
50% do aluguel do apartamento. E o pior
é que não existem muitos apartamentos
para alugar. O negócio do dia é
vender. Vivo com a corda no pescoço...
A solução é comprar
um pequeno apartamento, pois são
várias as imobiliárias que
trabalham no gênero de vendas a prestação.
Não
tenho uma idéia definitiva (aqui
de tão longe) de quanto estaria valendo
o sítio. Sei, somente, que a zona
da Lagôa está muito valorizada
com a eletrificação da região.
Confio
que o amigo procurará ajudar-me encontrando
uma oferta compensadora. Venda a vista seria
melhor; Poderá, entretanto, fazer
uma parte a prazo, com títulos que
possam ser descontados em um Banco.
Peço
falar com João Maria e Roberto, meus
procuradores, advogados e amigos, com poderes
para casamentos e batizados e outros bichos...
Um
abraço para todos os amigos Leões
e Domadoras, também, na expectativa
de que ainda estaremos juntos naquelas reuniões
tão agradáveis.
Dária
manda muitas recomendações
para a tua patroa.
E
no momento, o que posso mandar para você,
é um abração do tamanho
do antigo bonde do Tirol...
O
amigo de sempre
Djalma
Maranhão
^
Subir
Roberto
Furtado
Montevideo, 27 de janeiro
de 1970
Roberto,
um abração:
Estou
mandando uma enxurrada de correspondência
para você, nestes últimos tempos.
Sobre
a linotipo lhe escreví, inclusive
mandando cópia da carta que enviei
ao Carlos, concordando com o arrendamento
da máquina por dois anos, ficando
ele encarregado de preparar, de comum acordo
com você e João Maria o contrato,
mandando-me, antes, a minuta.
Agora
estou lhe remetendo uma cópia de
uma carta enviada ao corretor de imóveis
Humberto Pignataro, solicitando vender o
sítio de Extremoz, também
ouvindo antes o velho e você. Os motivos
da venda você tomará conhecimento
através da carta para Humberto, pois
não adianta estar repetindo a mesma
lenga-lenga.
Muitas
recomendaçãoes para o pessoal
da família e os amigos
Djalma
^
Subir
Jacyra
Montevideo, 15 de Maio de
1970
Jacyra:
Dária vai bem, somente preocupada
com o frio que começa a chegar. Eu
já estou mais ou menos aclimatado
e como tenho condições de
aclimatação em qualquer ambiente,
resisto bem a onda de gelo que vem diretamente
do pólo, passando por aqui, muitas
vezes, com uma velocidade de vento de 120
Klms horários. A semana passada houve
um pequeno “tornado”, uma espécie
de furacão que arrasou com uma pequena
povoação, inclusive matando
várias pessoas.
Aproveito
a oportunidade para mandar um recado para
João Maria. Recebi a carta que ele
mandou em resposta a que lhe escreví.
Ainda não sabia que o Tribunal havia
arquivado a Rescisória. Estava informando,
de acordo com uma carta anterior dele, era
de que a referida rescisória não
tinha nenhum fundamento. Estou ciente que
a questão entrou em outra fase, tendo
ele mandado tirar certidões do processo,
em duas vias para, através do Procurador
Geral do Estado, ser solicitado ao Tribunal
intervenção na Prefeitura
e, ao mesmo tempo, a representação
criminal contra o prefeito. Diga a João
Maria que não se “afobe”
com minha impertinência, perguntando,
indagando, procurando saber a marcha deste
longo processo. Vivo em um ambiente de expectativa,
com os nervos escangalhados, tomando calmante
todos os dias para poder resistir à
maré de notícias ruins.
Roberto
escreveu minha carta, acusando o recebimento
da máquina de datilografia? Está
sendo muito útil, porque os trabalhos
que não faço no escritório
levo para fazer em casa.
Um
grande abraço para você, João
Maria, Roberto, Dora, Harilda, netos, às
empregadas e recomendações
aos amigos. Daria também lhe manda
um abraço. Disponha sempre do velho
amigo.
Djalma
Maranhão
^
Subir
Marcos
Montevideo, 31 de janeiro
de 1970
Marcos:
Receba
duplo parabens. Um pela sua formatura e
o outro pelo trabalho que está realizando
para ajúdar a resolver o caso da
aposentadoria.
Procure
em meu nome todos os amigos que você
considere válidos para “empurrar
o carro”.
Um
abraço do seu pai amigo
Djalma
^
Subir
Roberto
Furtado
Montevideo, 27 de fevereiro
de 1971
Meu caro Roberto:
Esta
carta trata das mesmas chateações
de sempre. Em janeiro passado escreví
duas vezes, já estamos em fins de
fevereiro e ainda não recebi resposta.
A
primeira foi sobre o arrendamento da máquina
LINOTIPO. Mandei uma carta diretamente para
Carlos e cópia para você, concordando
com um arrendamento por dois anos e solicitando
as bases para o contrato.
A
outra, remetí para o corretor de
imóveis Humberto Pignataro, solicitando
que procurasse comprador para o Sítio
de Extremoz. Também mandei cópia
da carta para você.
Agora
que terminou o carnaval e a temporada de
verão, peço ao amigo tomar
pé nestes problemas, mandando dizer
como marcham os mesmos.
Recentemente,
escrevendo para João Maria sobre
a aposentadoria, mandei um BILHETE para
você.
O
carnaval aqui, é uma lástima,
isto é, em relação
ao nosso, pois é muito melhor do
que em outros países vizinhos, aonde
não se festeja praticamente ao Deus
MOMO. Dura mais de um mês com uns
desfiles de carris alegóricos e uns
blocos denominados de MURGAS e COMPARSAS,
uns calungas grandes denominados CABEÇUDOS,
mas o povo não participa, ficando
somente olhando. Somente no domingo fui
ver o desfile. Era a mesma coisa dos anos
anteriores.
Diga
a Jacyra que ainda bem o verão não
terminou e somente com uma pequena onda
de frio. Dária pegou a primeira gripe
do ano, ficando mais de uma semana na cama.
Felizmente hoje já está bôa.
Durante
todo este período carnavalesco não
tomei nenhuma bebida, mas hoje é
sábado e estou mal intencionado e
pretendo tirar o atraso. Tem um brasileiro,
meu conhecido do Rio, que se encontra aqui
fazendo turismo e é metido a boêmio.
Estava insistindo para que eu o levasse
a um lugar típico de Montevideo.
E hoje, ao meio dia, vamos comer CHICHULIN
com vinho, lá no Mercado do Velho,
próximo do Porto, uma zona braba...
Ele vai ficar danado da vida quando descobrir
que CHICHULIN é tripa-assada. A única
grande vantagem que a tripa assada na hora,
na brasa, uma espécie de churrasqueira
enorme. Todas as vezes que como Chichulin
me lembro do PICADINHO da Feira do Alecrim.
Para quem tem uma boa dose de colesterol
como eu, Chichulin é uma beleza...
Roberto:
Hoje é sábado, amanhã
é domingo. E termina o mês
de fevereiro. Segunda Feira já é
Março. Mande notícias, com
a possível urgência sobre o
contrato da LINOTIPO e a venda do sítio.
Recebí
o numerário transferido pelo Banco
do Brasil.
Em
todos os assuntos, não preciso dizer,
é fundamental a opinião do
Pajé João Maria, para quem
mando um grande abraço.
Lembranças
para o pessoal de casa, recomendações
aos amigos e disponha sempre do seu amigo.
Djalma
Maranhão
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