O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos: Noção
e Significado
A
expressão “direitos humanos” é uma forma abreviada de mencionar os
direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são considerados
fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não
é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida. Todos os
seres humanos devem Ter asseguradas, desde o nascimento,, as mínimas
condições necessárias para se tornarem úteis à humanidade, como
também devem Ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida
em sociedade pode proporcionar. Esse conjunto de condições e de
possibilidades associa as características naturais dos seres humanos, a
capacidade natural de cada pessoa pode valer-se como resultado da
organização social. É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos.
Para entendermos com facilidade o que
significam direitos humanos, basta dizer que tais direitos correspondem
a necessidades essenciais da pessoa humana. Trata-se daquelas
necessidades que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser
atendidas para que a pessoa possa viver com a dignidade que deve ser
assegurada a todas as pessoas. Assim, por exemplo, a vida é um direito
humano fundamental, porque sem ela a pessoa não existe. Então a
preservação da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas.
Mas, observando como são e como vivem os seres humanos, vamos
percebendo a existência de outras necessidades que são também
fundamentais, como a alimentação, a saúde, a moradia, a educação, e
tantas outras coisas.
Pessoas com Valor Igual, mas
Indivíduos e Culturas Diferentes
Não é difícil reconhecer que todas as
pessoas humanas têm aquelas necessidades e por esse motivo, como todas
as pessoas são iguais – uma não vale mais do que a outra, uma não
vale menos do que a outra – reconhecemos também que todos devem Ter a
possibilidade de satisfazer aquelas necessidades.
Um ponto deve ficar claro, desde logo: a
afirmação da igualdade de todos os seres humanos não quer dizer
igualdade física nem intelectual ou psicológica. Cada pessoa humana
tem sua individualidade, sua personalidade, seu modo próprio de ver e
de sentir as coisas. Assim, também, os grupos sociais têm sua cultura
própria, q~ue é resultado de condições naturais e sociais. Um grupo
humano que sempre viveu perto do mar será diferente daquele que vive,
tradicionalmente, na mata, na montanha ou numa região de planícies. Do
mesmo modo, os costumes e as relações sociais da população de uma
grande metrópole não serão os mesmos da população de uma
cidadezinha pobre do interior, distante e isolada dos grandes centros.
Da mesma forma, ainda, a cultura de uma população predominantemente
católica será diferente da cultura de uma população muçulmana ou
budista.
Em tal sentido as pessoas são diferentes,
mas continuam todas iguais como seres humanos, tendo as mesmas
necessidades e faculdades essenciais. Disso decorre a existência de
direitos fundamentais, que são iguais para todos.
Direitos Humanos: Faculdade de Pessoas Livres
Todas as pessoas nascem essencialmente
iguais e, portanto, com direitos iguais. Mas ao mesmo tempo que nascem
iguais todas as pessoas nascem livres. Essa liberdade está dentro
delas, em sua inteligência e consciência. É evidente que todos os
seres humanos acabarão sofrendo as influências da educação que
receberem e do meio social em que viverem, mas isso não elimina sua
liberdade essencial. É por isso que muitas vezes uma pessoa mantém um
modo de vida até certa idade e depois muda completamente. Essa pessoa
estava vivendo sob certas influências mas continuava livre e num
determinado mom~ento decidiu usar sua liberdade para mudar de rumo.
Uma consciência disso é que não podemos
uma pessoa a usar de todos os seus direitos, pois é preciso respeitar
sua liberdade, que também é um direito fundamental da pessoa humana.
Mas é indispensável que todos tenham, concretamente, a mesma
possibilidade de gozar dos direitos fundamentais. Por esse motivo
dizemos que gozar de um direito é uma faculdade da pessoa humana, não
uma obrigação.
Assim, pois, é preciso Ter sempre em conta
que todas as pessoas nascem com os mesmos direitos fundamentais. Não
importa se a pessoa é homem ou mulher, não importa onde a pessoa
nasceu nem a cor da sua pele, não importa se a pessoa é rica ou pobre,
como também não são importantes o nome de família, a profissão, a
preferência política ou a crença religiosa. Os direitos humanos
fundamentais são ao mesmo tempo para todos os seres humanos. E esses
direitos continuam existindo mesmo para aqueles que cometerem crimes ou
praticam atos que prejudicam as pessoas ou a sociedade. Nesses casos,
aquele que praticou o ato contrário ao bem da humanidade deve sofrer a
punição prevista numa lei já existente, mas sem esquecer que o
criminoso ou quem praticou um ato anti-social continua a ser uma pessoa
humana.
Direitos Humanos, Dignidade da Pessoa e Solidariedade
Para os seres humanos não pode haver coisa
mais valiosa do que a pessoa humana. Essa pessoa, por suas características
naturais, pode ser dotada de inteligência, consciência e vontade, por
ser mais do que uma simples porção de matéria, tem uma dignidade que
a coloca acima de todas as coisas da natureza. Mesmo as teorias chamadas
materialistas, que não querem aceitar a espiritualidade da pessoa
humana, sempre foram forçadas a reconhecer que existe em todos os seres
humanos uma parte não-material. Existe uma dignidade inerente à condição
humana, e a preservação dessa dignidade faz parte dos direitos
humanos.
O respeito pela dignidade da pessoa humana
deve existir sempre, em todos os lugares e de maneira igual para todos.
O crescimento econômico e o progresso material de um povo têm valor
negativo se forem conseguidos à custa de ofensas à dignidade de seres
humanos. O sucesso político ou militar de uma pessoa ou de um povo, bem
como o prestígio social ou a conquista de riquezas, nada disso é válido
ou merecedor de respeito se for conseguido mediante ofensas à dignidade
e aos direitos fundamentais dos seres humanos.
No ano de 1948 a Organização das Nações
Unidas (ONU) aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
diz em seu artigo primeiro que “todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direito”. Além disso, segundo a Declaração,
todos devem agir, em relação uns aos outros, “com espírito de
fraternidade”. A pessoa conscienž??te do que é e do que os outros são,
a pessoa que usa sua inteligência para perceber a realidade, sabe que não
teria nascido e sobrevivido sem o amparo e a ajuda de muitos. E todos,
mesmo os adultos saudáveis e muitos ricos, podem facilmente perceber
que não podem dispensar a ajuda constante de muitas pessoas, para
conseguirem satisfazer suas necessidades básicas. Existe, portanto, uma
solidariedade natural, que decorre da fragilidade da pessoa humana e que
deve ser completada com o sentimento da solidariedade.
Aí está o ponto de partida para a concepção
básica dos direitos humanos neste final de milênio. Se houver respeito
aos direitos humanos de todos e se houver solidariedade, mais do que egoísmo,
no relacionamento entre as pessoas, as injustiças sociais serão
eliminadas e a humanidade poderá viver em paz. |