Brasil:
500 anos de luta pela terra
Bernardo
Mançano*
Neste artigo apresento uma breve
leitura da luta pela terra e da resistência camponesa nesses cinco
séculos de história do Brasil. A luta pela terra é uma ação
desenvolvida pelos camponeses para entrar na terra e resistir contra a
expropriação. A resistência do campesinato brasileiro é uma
lição admirável. Em todos os períodos da história, os camponeses
lutaram para entrar na terra. Lutaram contra o cativeiro, pela
liberdade humana. Lutaram pela terra das mais deferentes formas,
construindo organizações históricas.
Desde as lutas messiânicas ao
cangaço. Desde as Ligas Camponesas ao MST, a luta nunca cessou, em
nenhum momento. Lutaram e estão lutando até hoje e entrarão o
século XXI lutando. Desde as capitanias hereditárias até os
latifúndios modernos, a estrutura fundiária vem sendo mantida pelos
mais altos índices de concentração do mundo. Esse modelo
insustentável sempre se impôs por meio do poder e da violência.
Agora, ou fazemos a Reforma Agrária ou continuaremos sendo devorados
pela questão agrária.
Na leitura desses cinco séculos é
impossível dissociar as ocupações de terras da intensificação da
concentração fundiária. Esses processos sempre se desenvolveram
simultaneamente construindo um dos maiores problemas políticos do
Brasil: a questão agrária. Neste século, a luta pela Reforma
Agrária passou a fazer parte dessa questão, que possui a seguinte
configuração: a ocupação da terra como forma e espaço de luta e
resistência camponesa; a intensificação da concentração
fundiária como resultado da exploração e das desigualdades geradas
pelas políticas inerentes ao sistema socioeconômico; a Reforma
Agrária como política pública possível de solucionar o problema
fundiário, mas nunca implantada.
No nossa país, a Reforma Agrária é
uma política recente, comparada ao processo de formação do
latifúndio e da luta pela terra. A luta pela Reforma Agrária ganhou
força com o advento das organizações políticas camponesas,
principalmente, desde a década de cinqüenta, com o crescimento das
Ligas Camponesas. Todavia, a luta pela terra é uma política que
nasceu com o latifúndio. Portanto, é fundamental distinguir a luta
pela terra da luta pela Reforma Agrária. Primeiro, porque a luta pela
terra sempre aconteceu, com ou sem projetos de Reforma Agrária.
Segundo, porque a luta pela terra é feita pelos trabalhadores e na
luta pela Reforma Agrária participam diferentes instituições.
Na realidade, a diferenciação da luta
pela terra da luta pela Reforma Agrária é fundamental, porque a
primeira acontece independentemente da segunda. Todavia as duas são
interativas. Durante séculos, os camponeses desenvolveram a luta pela
terra sem a existência de projeto de Reforma Agrária. O primeiro
projeto de Reforma Agrária do Brasil é da década de sessenta — o
Estatuto da Terra —, elaborado no início da ditadura militar e que
nunca foi implantado. A luta pela Reforma Agrária é uma luta mais
ampla, que envolve toda a sociedade. A luta pela terra é mais
específica, desenvolvida pelos sujeitos interessados. A luta pela
Reforma Agrária contém a luta pela terra. A luta pela terra promove
a luta pela Reforma Agrária.
Essa distinção nos ajuda a
compreender que ainda não foi implantado um projeto de Reforma
Agrária no Brasil, como o governo federal defende, mas está
acontecendo uma intensificação da luta pela terra, por meio do
crescimento das ocupações massivas, realizadas por diversos
movimentos sociais, principalmente pelo MST. Na realidade, nos
últimos quatro anos, o aumento do número de assentamentos foi
resultado da territorialização do MST, que em duas décadas
multiplicou intensamente o número de ocupações em todo o país. A
política de assentamentos do governo federal e de alguns governos
estaduais é apenas uma resposta às ações dos sem terra. Essa
política não existiria sem as ocupações.
A resistência
camponesa: o princípio
Há 500 anos, desde a chegada do
colonizador português, começaram as lutas contra o cativeiro, contra
a exploração e conseqüentemente contra o cativeiro da terra, contra
a expulsão, que marcam as lutas dos trabalhadores. Das lutas dos
povos indígenas, dos escravos e dos trabalhadores livres e, desde o
final do século passado, dos imigrantes, desenvolveram-se as lutas
camponesas pela terra. Lutas e guerras sem fim contra a expropriação
produzida continuamente no desenvolvimento do capitalismo.
Durante os séculos XVI e XVII
aconteceram diversas lutas indígenas contra o cativeiro. De Norte a
Sul, Potiguares, Tamoios e Guaranis lutaram contra a invasão de seus
territórios e contra a escravidão. Nesse tempo, a escravidão
indígena foi sendo substituída pela escravidão dos povos trazidos
da África. No final do século XVI, havia mais de 15 mil africanos
escravizados trabalhando nos engenhos. Também data dessa época a
existência do primeiro quilombo. O quilombo era um território de
resistência. Era terra de negro, onde reinava a liberdade. Nesses
espaços viviam alguns índios e também trabalhadores livres e
marginalizados.
O maior quilombo da história da
resistência ao cativeiro foi Palmares. No final do século XVII, em
torno de 20 mil pessoas viviam neste território de resistência.
Foram muitos os quilombos que se formaram por todo o Brasil. Quilombos
foram atacados, destruídos e novos quilombos foram erguidos em três
séculos de luta contra uma das mais cruéis formas de exploração: o
cativeiro. Nessas lutas foi enfrentado e destruído o insustentável
sistema escravocrata.
A resistência
camponesa: o entretanto
Na segunda metade do século XIX, para
fazer avançar o sistema capitalista, no Brasil foi criada a
propriedade da terra e em seguida os escravos tornaram-se
trabalhadores livres. Quando escravos, os trabalhadores eram vendidos
como mercadorias e como produtores de mercadorias. Como trabalhadores
livres, vendiam sua força de trabalho ao ex-escravocrata, então
fazendeiro-capitalista. Permanecera a separação entre os
trabalhadores e os meios de produção. Com a constituição da
propriedade da terra mais de trinta anos antes do fim do sistema
escravocrata, a terra tornara-se cativa. De modo que os escravos
tornaram-se livres e sem terra.
O trabalho livre expandiu-se com a
chegada do imigrante europeu. Se por um lado o antigo escravo passou a
ser dono de sua força de trabalho, o imigrante europeu, camponês
expulso de sua terra, era livre somente por possuir a sua força de
trabalho. Se para o escravo a força de trabalho era o que conseguira,
para o imigrante era o que restara. Portanto, agora, a luta pela
liberdade desdobrara, igualmente, na luta pela terra.
Todavia, os ex - senhores de escravos
transformados em senhores da terra passaram a grilar a terra. E para
construírem a trama que dominaria as terras do Brasil, exploraram os
trabalhadores. Estes transformaram florestas em fazendas de café ou
de gado, mas foram expropriados, expulsos, sempre sem terra. Assim,
nasceu o posseiro, aquele que possuindo a terra, não tem o seu
domínio. A posse era fruto do trabalho e o domínio era resultado do
poder.
Para a formação das fazendas
desenvolveu-se um processo de grilagem de terras. As terras devolutas
foram apropriadas por meio de falsificação de documentos, subornos
dos responsáveis pela regularização fundiária e assassinatos de
trabalhadores. Assim, os grileiros — verdadeiros traficantes de
terra — formaram os latifúndios. Os camponeses trabalhavam na
derrubada da mata, plantavam nessas terras até a formação das
fazendas, depois eram expropriados. Aos que resistiram na terra, o
poder do coronel era explicitado pela perseguição e morte. Dessa
forma, os camponeses sem terra formavam fazendas que eram apropriadas
pelos coronéis.
Territórios indígenas, terras de
camponeses-posseiros invadidas por grileiros. A migração como
sobrevivência e resistência, procurando se distanciar da cerca e do
cerco do latifúndio. Os diversos enfrentamentos geraram a morte,
muitas vezes o massacre e o genocídio. A violência contra esses
povos delimitaria as extensões históricas do latifúndio. Em todo o
tempo e em todo o espaço, a formação do latifúndio frente à
resistência camponesa determinaria a realidade da questão agrária.
O fim do cativeiro humano aconteceu
quase 40 anos depois de ter sido instituído o cativeiro da terra.
Assim, os escravos libertos que deixaram as fazendas migraram pelas
estradas, por onde encontraram terras cercadas. Quando acampavam nas
fazendas, os coronéis convocavam a polícia para expulsá-los.
Igualmente, os camponeses europeus continuaram neste país, suas
caminhadas em busca da terra. Migraram por e para diferentes regiões,
lutando contra o latifúndio. Muitos de seus filhos e netos ainda
continuam migrando. A maioria absoluta desses trabalhadores começou a
formar uma categoria, que ficaria conhecida no final do século XX,
como Sem Terra.
A migração e a peregrinação como
esperança de chegar à terra liberta são marcas da história do
campesinato brasileiro. Na luta contra o cerco da terra e da vida,
surgiram várias formas de resistência. Lutar contra as cercas era
lutar contra o coronelismo, porque os latifundiários foram senhores
absolutos e dominavam a terra e a vida dos camponeses. Na Bahia,
camponeses sem terra terminaram uma longa peregrinação no arraial de
Canudos. Era um movimento social messiânico que não se submeteu à
ordem coronelista e latifundiária. E, por essa razão, foram
declarados inimigos de guerra.
E assim começou a guerra contra os
camponeses. Canudos foi o maior exemplo da organização de
resistência camponesa do Brasil. Os camponeses sem terra acamparam na
fazenda Canudos em 1893 e passaram a chamar o lugar de Belo Monte. A
organização econômica se realizava por meio do trabalho cooperado,
o que foi essencial para a reprodução da comunidade. Todos tinham
direito à terra e desenvolviam a produção familiar, garantindo um
fundo comum para uma parcela da população, especialmente os velhos e
desvalidos, que não tinham como subsistir dignamente.
Foram acusados de defender a volta da
monarquia. Expedições militares de quase todo o Brasil atacaram mais
de 10 mil camponeses. De outubro de 1896 a outubro de 1897, os ataques
do exército foram enfrentados e refreados até o cerco completo e o
massacre do povo de Canudos. "Canudos não se rendeu. Exemplo
único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo...
caiu no dia 5 de outubro de 1896, ao entardecer, quando caíram os
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um
velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam
raivosamente cinco mil soldados". Foi a guerra mais trágica,
mais violenta do Brasil.
Esta guerra representou o desdobramento
das disputas pelo poder, entre os coronéis e o governo. Derrotar
Canudos significava mais força política entre militares e civis,
ligados ao interesse da economia da monocultura cafeeira. Para os
sertanejos, combater os republicanos, tinha, antes de mais nada, o
sentido de lutar contra os inimigos dos trabalhadores: os fazendeiros
e os militares.
Fechava-se o século XIX com uma guerra
contra os camponeses e abria-se o século XX com outra. No Sul do
Brasil, no Paraná e em Santa Catarina, também, os coronéis
controlavam a terra e a vida dos camponeses. Na primeira década deste
século, na região fronteiriça desses Estados, começara outro
movimento de resistência.
A entrega de terras à empresa
norte-americana para a construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande,
gerou a expropriação de camponeses, que organizaram a resistência.
Em 1912, em Campos Novos - SC, formara-se um movimento camponês de
caráter político-religioso. Foram vários enfrentamentos com a
polícia, contra o Exército e contra jagunços. Milhares de
camponeses foram assassinados. Vencidos, reorganizavam-se e retomavam
as lutas de resistência até o massacre final.
Da mesma forma no Contestado, como em
Canudos e em diversos outros movimentos messiânicos que ocorreram no
Brasil, os camponeses foram destroçados. Foram movimentos populares
que acreditaram na construção de uma organização em oposição à
república dos coronéis, da terra do latifúndio e da miséria. Em
nome da defesa e da ordem, os latifundiários e o governo utilizaram
as forças militares, promovendo guerras políticas. Não era a
monarquia que combatiam, mas sim a insurreição dos pobres do campo.
A revolta contra o cerco e a submissão
gerou novas formas de resistência. Na primeiras décadas do século
XX, nas terras do Nordeste, onde a expulsão e a perseguição até a
morte eram coisas comuns aos camponeses, surgiu uma forma de
banditismo social que ficou conhecida como cangaço. Tornar-se
cangaceiro era decorrência da ação em defesa da própria dignidade
e da vida de sua família. Nas terras onde e lei não alcança o
coronel porque ele é ou está acima da lei, restou bem pouco à
resistência camponesa a não ser a rebelião.
O cangaço foi uma forma de
organização de camponeses rebeldes que atacavam fazendas e vilas. Os
grupos eram formados, principalmente, por camponeses em luta pela
terra., expulsos de suas terras pelos coronéis. Os cangaceiros
replicavam, vingando-se em uma ou mais pessoas da família do
fazendeiro. Os diferentes grupos cangaceiros desenvolviam suas ações
por meio de saques nas fazendas e nas casa comerciais. Essa forma de
banditismo colocava em questão o próprio poder do coronelismo.
A forma de organização desde os
movimentos messiânicos até os grupos de cangaceiros demarcavam os
espaços políticos da revolta camponesa. Eram conseqüências do
cerco à terra e à vida. Embora fossem lutas localizadas, aconteciam
em quase todo o território brasileiro e representaram uma importante
força política que desafiava e contestava incessantemente a ordem
instituída. São partes da marcha camponesa que percorre o espaço da
história do Brasil.
A resistência
camponesa: a organização
Os camponeses sempre enfrentaram o
latifúndio e se opuseram ao Estado representante da classe dominante.
Assim, a resistência camponesa manifesta-se em diversas ações que
sustentam formas distintas e se modificam em seu movimento. Desde
meados do século XX, novas feições e novas formas de organização
foram criadas na luta pela terra e na luta pela Reforma Agrária: as
Ligas Camponesas, as diferentes formas de associações e os
sindicatos dos trabalhadores rurais.
Em todo o país, diversos conflitos e
eventos foram testemunhos da organização camponesa no início da
segunda metade do século XX. As lutas dos pequenos proprietários,
dos arrendatários e dos posseiros para resistirem na terra,
juntamente com as lutas dos trabalhadores assalariados e os congressos
camponeses, desenvolveram o processo de organização política do
campesinato. Crescia a luta pela Reforma Agrária e o PCB (Partido
Comunista Brasileiro) e a Igreja Católica, entre outras
instituições, disputaram esse espaço político, interessadas nesse
processo.
As Ligas Camponesas surgiram por volta
de 1945. Elas foram uma forma de organização política de camponeses
que resistiram a expropriação e a expulsão da terra. Sua origem
está associada a recusa ao assalariamento. Foram criadas em quase
todos os Estados brasileiros e tinham o apoio do PCB, do qual eram
dependentes. Em 1947, o governo decretou a ilegalidade do partido e
com a repressão generalizada, as Ligas foram violentamente
reprimidas, muitas vezes pelos próprios fazendeiros e seus jagunços.
Em Pernambuco, em 1954, as ligas
ressurgiram e se organizaram em outros Estados do Nordeste, bem como
em outras regiões. Neste mesmo ano, o PCB criou a ULTAB (União do
Lavradores e Trabalhadores Agrícolas), que se organizou em quase todo
o território nacional. Com essa forma de organização, o partido
pretendia realizar uma aliança camponesa operária. Em 1962, as Ligas
realizaram vários encontros e congressos, promovendo a criação de
uma consciência nacional em favor da Reforma Agrária. A ação das
Ligas era definida na luta pela Reforma Agrária radical, para acabar
com o monopólio de classe sobre a terra. Em suas ações, os
camponeses resistiam na terra e passaram a realizar ocupações.
O crescimento da luta pela terra
dimensionava a questão agrária, colocando a Reforma Agrária na
pauta política. Esse avanço foi acompanhado por disputas pela sua
representação. A ULTAB era controlada pelo Partido Comunista. A
Igreja Católica estava dividida em dois setores: o conservador e o
progressista. O primeiro, no Rio Grande do Norte, criou o Serviço de
Assistência Rural. Em Pernambuco criou o Serviço de Orientação
Rural e no Rio Grande do Sul a Frente Agrária Gaúcha. O segundo
setor da ação católica era liderado pela CNBB (Confederação
Nacional dos Bispos do Brasil) e formou o Movimento de Educação de
Base, que trabalhava com a alfabetização e com a formação
política dos camponeses.
No Rio Grande do Sul surgiu, no final
da década de cinqüenta, o Master (Movimento dos Agricultores
Sem-Terra). Os agricultores sem terra eram assalariados, parceiros e
também os pequenos proprietários e os filhos destes. Em 1962, os sem
terra começaram a organização de acampamentos e territorializaram a
luta por todo o Estado. Receberam o apoio do Partido Trabalhista
Brasileiro do então governador Leonel Brizola e ficaram circunscritos
ao Rio Grande. Com o golpe militar de 1964, todos esses movimentos
camponeses foram aniquilados.
De 1940 e 1964, esse tempo foi
abundante em lutas de resistência pela conquista da terra. Em Minas
Gerais, nos vales dos rios Mucuri e Doce, os posseiros formaram
vários movimentos camponeses e resistiram a expropriação. Na
região de Governador Valadares, em Minas Gerais, desde o início da
década de quarenta, os posseiros enfrentaram fazendeiros interessados
naquelas terras, por causa da construção da rodovia Rio-Bahia. Para
formar fazendas, os fazendeiros impuseram aos posseiros a condição
de derrubar a mata para a formação de pastos, e só poderiam plantar
para a subsistência.
Ainda, nos vales dos rios Mucuri e
Doce, agora no Espírito Santo, na porção noroeste do Estado,
ocorreram vários conflitos, onde muitos camponeses foram assassinados
pela Polícia Militar e jagunços. Nessa região está localizado o
município de Ecoporanga. No final da década de 40, a região era
contestada pelos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Essas
terras estavam ocupadas por posseiros e passaram a ser disputadas por
fazendeiros-grileiros, que procuravam tirar vantagem daquela
situação indefinida.
Em Goiás, no norte do Estado, com a
construção da Transbrasiliana e por causa do projeto de
colonização promovido pelos governos federal e estadual, as terras
da região foram valorizadas. As terras devolutas, ocupadas por
posseiros, passaram a ser griladas por fazendeiros. O processo de
legalização fundiária foi feito por meio de documentos falsos.
Iniciou-se um processo de resistência nos povoados de Trombas e
Formoso, que foram atacados por jagunços e pela Polícia Militar. Os
camponeses resistiram e as lutas multiplicaram-se por todo o Estado
até serem dizimadas pelo governo militar.
No norte e no sudoeste do Estado do
Paraná, ocorreram diversos conflitos por terra. Na região de
Porecatu aconteceu um enfrentamento armado entre posseiros e a
polícia. Desde meados da década de 40, os posseiros estavam em luta
com um grande latifundiário, que recebia proteção do governador do
Estado, envolvido em negócios irregulares com a compra e venda de
terras. No sudoeste do Estado, também aconteceram manobras ardilosas
com as terras devolutas, entre o governo e latifundiários, gerando
conflitos com os trabalhadores que lá viviam.
No Maranhão, em meados da década de
50, na região do Pindaré chegaram famílias expulsas do vale do
Mearin, que foram expulsas do Piauí e que já vinha expulsas do
sertão do Ceará. Nessa mesma época, iniciou o processo de grilagem
da região, expulsando novamente muitas famílias, que partiram para o
oeste e sudoeste do Maranhão, sempre em busca da terra liberta e da
conquista da liberdade. Assim, camponeses migrantes e expulsos
chegaram na região que depois se tornaria conhecida como Bico do
Papagaio. Desde essa época iniciaram os conflitos entre grileiros e
posseiros que transformaria região em uma das mais violentas do
Brasil, com intensos conflitos por terra e de continua resistência
dos camponeses.
Durante toda a história do Brasil, os
camponeses, bem como todos os trabalhadores, foram mantidos à margem
do poder, por meio da violência. Nos grandes projetos nacionais não
foram considerados. Ao contrário, foram julgados como obstáculos que
precisavam ser removidos. Em 1964, os militares tomaram o poder,
destituindo o presidente eleito João Goulart, numa aliança
política, em que participaram diferentes setores da burguesia:
latifundiários, empresários, banqueiros etc.
O golpe significou um retrocesso para o
país. Os projetos de desenvolvimento implantados pelos governos
militares levaram ao aumento da desigualdade social. Suas políticas
aumentaram a concentração de renda, conduzindo a imensa maioria da
população à miséria, intensificando a concentração fundiária e
promovendo o maior êxodo rural da história do Brasil. Sob a
retórica da modernização, os militares aumentaram os problemas
políticos e econômicos, e quando deixaram o poder, em 1985, a
situação do país estava extremamente agravada pelo que fora chamado
de "milagre brasileiro".
No campo, o avanço do capitalismo fez
aumentar a miséria, a acumulação e a concentração da riqueza.
Esse processo transformou o meio rural com a mecanização e a
industrialização, simultaneamente a modernização tecnológica de
alguns setores da agricultura. Também expropriou, expulsou da terra
os trabalhadores rurais, causando o crescimento do trabalho
assalariado e produzindo um novo personagem da luta pela terra e na
luta pela Reforma Agrária: o bóia-fria.
Em seu pacto tácito, os militares e a
burguesia pretendiam controlar a questão agrária, por meio da
violência e com a implantação de seu modelo de desenvolvimento
econômico para o campo, que priorizou a agricultura capitalista em
detrimento da agricultura camponesa. Ainda, o governo da ditadura
ofereceu aos empresários subsídios, incentivos e isenções fiscais,
impulsionando o crescimento econômico da agricultura e da indústria,
enquanto arrochava os salários, estimulava a expropriação e a
expulsão, multiplicando os despejos das famílias camponesas. Essas
ações políticas tiveram efeitos na questão agrária,
intensificando ainda mais a concentração fundiária,
O Brasil se transformara no paraíso
dos latifundiários e os camponeses foram forçados a migração pelo
território brasileiro e para o Paraguai. O ataque contra os
trabalhadores, e especificamente contra os camponeses, agregou novos
elementos à questão agrária, aumentado e expandido os conflitos,
fazendo eclodirem as lutas camponesas.
De meados da década de 60 até o final
da década de 70, as lutas camponesas eclodiam por todo o território
nacional, os conflitos fundiários triplicaram e o governo, ainda na
perspectiva de controlar a questão agrária, determinou a
militarização do problema da terra. A militarização proporcionou
diferentes e combinadas formas de violência contra os trabalhadores.
A violência do peão que é o jagunço da força privada, muitas
vezes com o amparo da força pública. A violência da polícia,
escorada na Justiça desmoralizada, que decretou ações contra os
trabalhadores, utilizando recursos dos grileiros e grandes
empresários, defendendo claramente e tão somente os interesses dos
latifundiários. No ano derradeiro do governo militar, 1985, os
jagunços dos latifundiários e a polícia assassinavam um trabalhador
rural a cada dois dias.
No começo dos anos 60, nasceram as
primeiras CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base). Em meados dos anos
70, elas existiam em todo o País. No campo e na cidade foram
importantes lugares sociais, onde os trabalhadores encontraram
condições para se organizar e lutar contra as injustiças e por seus
direitos. À luz dos ensinamentos da Teologia da Libertação, as
comunidades tornaram-se espaços de socialização política, de
libertação e organização popular. Em 1975, A Igreja Católica
criou a CPT (Comissão Pastoral da Terra). Trabalhando juntamente com
as paróquias nas periferias das cidades e nas comunidades rurais, a
CPT foi a articuladora dos novos movimentos camponeses que insurgiram
durante o regime militar.
Ao reprimir a luta pela terra e não
realizar a Reforma Agrária, os governos militares tentaram restringir
o avanço do movimento camponês. Com a implantação do atual modelo
de desenvolvimento econômico da agropecuária, apostou-se no fim do
campesinato. No entanto, por causa da repressão política e da
expropriação resultantes do modelo econômico, nasceu o mais amplo
movimento camponês da história do Brasil: o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A luta marca a vida e fica na memória.
Aos que lutam, a memória persiste e jamais se esquece da história.
Foi assim que em 1979, no dia 7 de setembro, 110 famílias ocuparam a
gleba Macali, no município de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul. Essa
ocupação inaugurou o processo de formação do MST. As terras da
Macali eram remanescentes das lutas pela terra da década de sessenta,
quando o Master organizara os acampamentos na região. Portanto, a
luta pela conquista destas terras estava registrada na memória dos
camponeses, que agora participavam de uma luta maior: a luta pela
construção da democracia.
No inicio da década de oitenta, as
experiências com ocupações de terra nos Estados do Sul e em São
Paulo e Mato Grosso do Sul, reuniram os trabalhadores que iniciaram o
processo de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra. A construção do Movimento se constituiu na interação com
outras instituições, especialmente a Igreja Católica, por meio da
CPT. Aprendendo com história da formação camponesa, na sua
caminhada o MST construiu o seu espaço político, garantido a sua
autonomia, uma das diferenças com os outros movimentos camponeses que
o precederam.
O MST leva na memória a história
camponesa que está construindo. Esse conhecimento explica que o fato
dos camponeses não terem entrado na terra até os dias de hoje é
político. É a forma estratégica de como o capital se apropriou e se
apropria do território. Portanto, as lutas pela terra e pela Reforma
Agrária são antes de mais nada, a luta contra o capital. É essa
luta que o MST vem construindo nessa história que completa 500 anos.
A resistência
camponesa: o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
De 1979 a 1985, os trabalhadores
sem terra reuniram as principais lutas e fundaram o MST. Essas lutas
foram realizadas no Centro-Sul e representaram o processo de
formação do Movimento. Em janeiro de 1984, no município de Cascavel
- PR, os sem terra fundaram o MST e partiram para a construção de um
movimento nacional. Com a realização do Primeiro Congresso em 1985,
na cidade de Curitiba, abriram caminhos para a organização do
Movimento nas regiões Nordeste e Amazônia, territorializando a luta
pela terra. Nesse período de reconstrução da democracia no Brasil e
início da Nova República, os camponeses sem terra definiram a
ocupação da terra como forma de resistência da luta camponesa.
Em 1985 foi apresentado à sociedade o
Plano Nacional de Reforma Agrária. Em quatro anos, menos de 10% do
previsto no Plano foi realizado. Em parte, as desapropriações
ocorreram porque os sem terra intensificavam as ocupações de terra.
Por essa razão surgiu a UDR (União Democrática Ruralista),
organização dos latifundiários criada para defender seus
privilégios e interesses. Em 1988, essa organização conseguiu minar
a criação de uma lei de Reforma Agrária no processo Constituinte e
inviabilizou a solução para a questão agrária.
O processo de territorialização do
MST aconteceu por meio da construção do espaço de socialização
política. Nas periferias das cidades, os sem terra organizados
realizaram levantamentos das realidades da luta pela terra nos
municípios. Com o apoio da Igreja Católica, dos Sindicatos de
Trabalhadores Rurais e de partidos políticos, reuniram as famílias
para refletirem sobre suas vidas e as perspectivas de vida e trabalho.
Formaram organizações locais, analisaram as conjunturas políticas
por meio da construção de conhecimentos e tomaram decisões para
transformar os seus destinos. Esses trabalhos foram feitos pelos
próprios sem terra, que têm na experiência de vida a história da
luta. Dessa forma, dimensionam os espaços de socialização política
e os transformam em espaços de luta e resistência.
Os espaços de luta e resistência são
materializados na ocupação da terra. A ocupação é condição da
territorialização. A terra conquista é uma fração do território,
onde os sem terra se organizam para promoverem um novo grupo de
famílias que irá realizar uma nova ocupação, conquistando outra
fração do território. Assim, a luta se renova e se amplia,
territorializando-se. Dessa forma, os sem terra migram por todo o
território nacional, plantando as raízes da luta e minando a
concentrada estrutura fundiária.
Em 1989, a Reforma Agrária saiu da
pauta política do governo federal, com a eleição de Fernando
Collor, árduo defensor dos latifundiários. Começaram as mais fortes
repressões contra os sem terra, que não se limitavam nas ações da
força policial, e se valiam também da intervenção do Poder
Judiciário como uma nova cerca para impedir as ocupações, por meio
da incultivável criminalização das ações das famílias sem terra.
Criou-se, assim, a judiciarização da luta pela terra e pela Reforma
Agrária, resultando em prisões e massacres de camponeses sem terra.
Embora esse processo seja histórico, com o aumento das ocupações, o
Poder Judiciário mostrou sua face, descoberta pela realidade
construída pelos sem terra.
Por causa de tamanha repressão e sem
perspectiva de fazer a luta pela terra avançar, os sem terra
voltaram-se para outra dimensão organizativa, investindo no
desenvolvimento do Sistema Cooperativista dos Assentados, criando
cooperativas locais e regionais. Desse modo, o MST fundou a Concrab
(Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil). Esse
fortalecimento da luta promoveu a territorialização do Movimento,
que a cada dia contava com o apoio da sociedade, enquanto o presidente
fora impedido pelo Congresso Nacional, por ser criador e criatura de
um profundo e não explicado processo de corrupção.
Em 1992, a FAO — órgão das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação — apresentou o relatório
de uma pesquisa nacional a respeito da realidade econômica dos
assentamentos, em que demonstrava a sustentabilidade das experiências
dos assentados na consolidação da agricultura camponesa. A luta pela
Reforma Agrária tinha uma nova amplitude: construir um outro modelo
de desenvolvimento para a agropecuária. Durante séculos, o
desenvolvimento do campo esteve referenciado nos padrões do
latifúndio e da agricultura capitalista. Agora será preciso pensar
um modelo para a agricultura familiar, em que o campesinato seja o
principal protagonista.
Em 1994, com a eleição de Fernando
Henrique Cardoso, a Reforma Agrária torna-se uma política
compensatória, com a implantação de assentamentos rurais, de acordo
com a territorialização da luta pela terra e, também, com a
regularização das terras de posseiros nas áreas de fronteira da
Amazônia.
Nesse ano, o MST estava
territorializado por todas as regiões e se consolidava como uma das
principais forças políticas do país. O governo FHC ampliou a
política neoliberal, que vinha sendo implanta desde o governo Collor,
agudizando a crise da agricultura, transformando muitos camponeses em
sem terra, entre outros fatores econômicos que atingiram a classe
trabalhadora.
Da mesma forma, o desenvolvimento
tecnológico da agricultura patronal contribuiu para o desemprego de
milhões de trabalhadores assalariados. Esses problemas aumentaram a
população na luta pela terra e por conseguinte multiplicaram os
conflitos fundiários, que resultam no assassinato de trabalhadores.
Segundo pesquisa da Comissão Pastoral da Terra, nos 20 anos da
ditadura militar (1964 –1984), foram assassinados 42 trabalhadores
por ano. De 1985 a 1989, esse número triplicou e chegou a 117
assassinatos por ano. De 1990 a 1993, morreram 52 pessoas na luta pela
terra. No período governo FHC (1994 – 1997), esse número foi 43
pessoas assassinadas por ano. Número maior que do período da
ditadura.
Em 1995, em Rondônia, na porção
ocidental da Amazônia, aconteceu o primeiro grande conflito, no
governo FHC, que resultou na chacina de 9 sem terra e dezenas de
feridos e desaparecidos. Naquele ano, 500 famílias haviam ocupado uma
fazenda no município de Corumbiara. Por ordem da Justiça, 300
policiais realizaram o despejo das famílias de forma violenta. Aquela
ação era um indicador que nada mudara na luta pela terra e a
resistência camponesa.
De fato, um ano depois, no dia 17 de
abril, agora na porção oriental da Amazônia, outro massacre
aconteceu. No município de Eldorado dos Carajás, no Pará, centenas
de famílias sem terra caminhavam por uma rodovia em direção à
cidade de Belém, quando foram surpreendidas pela ação policial.
Resistiram e foram massacradas. A ação violenta da Polícia Militar
causou 19 mortes e dezenas de feridos. A caminhada tinha como objetivo
pressionar o governo para que as famílias fossem assentadas. O MST
denominou o dia 17 de abril como o Dia Internacional da Luta
Camponesa.
A impunidade dos assassinos e de seus
mandantes também continua sendo uma realidade, em que o Poder
Judiciário é inoperante. Uma liminar de reintegração de posse com
ordem de despejo é expedida em horas. Um julgamento de assassinos de
trabalhadores demora anos e, na maioria absoluta das vezes, os
criminosos não são condenados.
Desde 1994, com o aumento da
intensidade do problema fundiário, surgiram novos movimentos sociais
na luta pela terra. Alguns como dissensão do MST, outros formados a
partir de suas próprias lutas. O desemprego gera uma demanda
crescente, principalmente nas médias e pequenas cidades. Uma opção
para os trabalhadores rurais e urbanos é a luta pela terra. Dessa
forma, é constante a formação de um movimento social no interior do
Brasil. Os latifúndios estão em toda a parte, assim como os sem
terra.
Em 1997, o MST realizou a Marcha
Nacional por Terra, Emprego e Justiça. Duas mil pessoas partiram de
três diferentes pontos do país em direção ao Distrito Federal. A
caminhada durou dois meses e na chegada em Brasília tornou-se o
principal assunto, chamando a atenção e ganhando a admiração do
Brasil e do mundo. Chegaram no dia 17 de abril, lembrando e
registrando na memória de toda a sociedade o massacre de Eldorado dos
Carajás.
O MST atua numa nova conjuntura da
questão agrária. O prolongamento dessa questão deve-se ao
emperramento causado pelo sobrepoder do latifúndio, que determina o
controle político do problema fundiário. Por ser estrutural, o
arranjo do problema mantém-se firme, quase inabalável, pelo seu
vigor astucioso e fundamentado em um projeto político linear e
evolutivo, relacionado com a dependência de uma política
internacional.
Durante séculos, os movimentos
camponeses tentaram romper com essa estrutura de poder, por meio da
luta pela terra. Entretanto, todas as lutas ainda não foram
suficientes para uma mudança eminente. Pela sua perenidade, a
questão agrária nutre-se de conflitos, assumindo diferentes
feições sem modificar sua essência. Portanto, a persistência da
questão agrária é um cerco político a um projeto camponês. A
questão agrária hoje já não coloca mais a pergunta: quem é contra
ou a favor da Reforma Agrária? A sociedade em geral é favorável à
sua realização. Mas, como será feita a Reforma Agrária? O que
está em questão é a fundamental participação política dos
trabalhadores.
O poder e a astúcia dos ruralistas e o
papel fundamental do Poder Judiciário em defesa dos interesses e
privilégios dos latifundiários e grileiros têm um resultado
perverso para a sociedade. Em vários Estados, as propriedades em
desapropriação são supervalorizadas pela perícia e pelo
Judiciário, tornando as indenizações impraticáveis. Atualmente, o
governo federal possui um precatório de 4 bilhões para pagar aos
latifundiários. Essas ações inescrupulosas ainda são utilizadas
para convencer a sociedade que o melhor para o Brasil é a
mercantilização da terra, por meio da venda direta do latifúndio
aos sem terra.
Por causa da diminuição do preço da
terra, têm muitos latifundiários interessados em vender suas terras.
Como o único comprador em potencial é o Estado, a criação de uma
política imobiliária é de interesse dos latifundiários para
manterem seus privilégios. Dessa forma, os latifundiários transferem
suas riquezas para outros setores da economia. Nesse sentido, a
Reforma Agrária como política pública de desapropriação precisa
ser mantida. Para isso, é fundamental a participação dos
trabalhadores.
O Censo Agropecuário de 1995/1996
registrou que a concentração fundiária aumentou. Mesmo a
multiplicação das ocupações, o crescimento da luta pela terra na
territorialização do MST e a implantação de milhares de
assentamentos não foram suficientes para causar alguma mudança na
estrutura fundiária, por menor que seja. A luta pela Reforma Agrária
passa ser uma das principais políticas do século XXI. E não é uma
luta do passado. É uma luta do presente e do futuro, por construir.
Bibliografia
Andrade, Manoel Correia.
Lutas camponesas no Nordeste. São Paulo: Ática, 1986.
Azevedo, Fernando Antônio. As Ligas Camponesas. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1982.
Bastos, Elide Rugai. As Ligas Camponesas. Petrópolis: Vozes, 1984.
Cunha, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
Derengoski, Paulo Ramos. Os Rebeldes do Contestado. Porto Alegre,
Tchê Editora, 1987.
Fernandes, Bernardo Mançano. MST: formação e territorialização.
São Paulo: Hucitec, 1996.
Fernandes, Bernardo Mançano. A Modernidade no Campo e a Luta dos
Sem Terra. Revista de Cultura Vozes, número 1, ano 90. Editora
Vozes. Petrópolis, 1996
Fernandes, Bernardo Mançano. Gênese e desenvolvimento do MST. São
Paulo: MST, 1998.
Franco, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem
escravocrata. São Paulo: Editora da Unesp, 1997.
Martins, José de Souza. Os camponeses e a política no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 1981.
Martins, José de Souza. O cativeiro da terra. São Paulo: Hucitec,
1986.
Medeiros, Leonilde Sérvolo de. História dos Movimentos Sociais no
Campo. Rio de Janeiro: Fase, 1989.
Oliveira, Ariovaldo Umbelino de. A Geografia das Lutas no Campo.
São Paulo: Contexto, 1996.
Ribeiro, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras,
1995.
Stedile, João Pedro e Frei Sérgio. A Luta pela Terra no Brasil.
São Paulo: Scritta, 1993.
_____________________________
* Bernardo Mançano Fernandes,
geógrafo, professor e pesquisador do Departamento de Geografia da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp (Universidade Estadual
Paulista)
|