LOUVEMOS
AO SENHOR !
Antonio
Carlos Fester
Nesta
semana, comemora-se Corpus Christi e Santo Antonio de
Pádua-Lisboa. Neste ano, comemora-se oitocentos anos do
nascimento do Santo e os cinquenta de ordenação de D. Paulo
Evaristo Arns. Eventos que suscitam algumas reflexões.
Em
Pádua, e a pedido do Santo, a prisão para os endividados foi
proibida, conforme lei então constante no Estatuto daquela
cidade. São muitos os acontecimentos que mostram Santo Antonio
combatendo a concentração de renda e consequente desigualdade
social, além da frase analisada no número do mês de abril da
revista Grande Sinal : “Eis as mãos que distribuem esmolas, em
que se encontra o sangue dos pobres”.
A mesma revista
nos informa que foram frutos da pregação efetuada por Santo
Antonio na última quaresma de sua vida, em 1231, a
“reconciliação das famílias, libertação dos oprimidos pelo
cativeiro, restituição dos bens tomados injustamente,
afastamento das prostitutas do comércio do corpo, volta ao bom
caminho de ladrões famosos”.
Pensando
na festa do Corpo de Deus e no tradicional “pãozinho de Santo
Antonio”, lembrei-me do que disse o padre Arrupe, no 41º
Congresso Eucarístico Internacional, em 1976 : “Não podemos
receber dignamente o Pão da Vida sem compartilhar o pão para a
vida com quem o necessita”. Certamente esta é uma das mensagens
que Santo Antonio continua a nos dar.
Por
estes e por outros fatos de sua biografia, creio que podemos
acrescentar aos muitos títulos que já tem, tais como Arca do
Testamento ou Doutor Evangélico, o de Santo dos Direitos Humanos,
o que talvez explique melhor a empatia que tem entre os fiéis do
mundo inteiro.
Falando
em Direitos Humanos e em partilha de pão, penso no nosso Cardeal,
D. Paulo Evaristo, alma, patrono e fundador da Comissão Justiça
e Paz, idealizador do “Brasil Nunca Mais”, e participante de
tantas lutas que, todos sabemos, tornaram-no um campeão da causa
da dignidade da pessoa. Mas há dois aspectos fascinantes em D.
Paulo, que nunca será demais repetir.
O
primeiro é esta sua sensibilidade para com o próximo, esta
capacidade de olhar nos olhos e confiar. Confiando, amando,
gratuitamente, como Deus nos ama e como Jesus confiou em Pedro,
Judas e Tomé, assim nos evangeliza. Segundo (e estou
parafraseando São Paulo), porque tendo a condição de Príncipe
da Igreja não considera isto como algo a se apegar ciosamente.
Antes, esquece-se de si mesmo e torna-se, por excelência, um
servidor, especialmente dos desrespeitados em seus direitos
humanos.
À
Igreja de São Paulo, e a nós com ela, só resta agradecer e
louvar a Deus pela
sua permanente presença entre nós, seja na Eucaristia, seja nas
Sagradas Escrituras, seja no próximo e, especialmente, no
testemunho destes dois homens, um de 800 anos atrás, outro que
podemos ver e tocar, dois franciscanos...
(Antonio
Carlos Ribeiro Fester)
|