Declaração
de Hamburgo
SOBRE APOIO AOS MÉDICOS
QUE RECUSAM PARTICIPAR OU TOLERAR O USO DE TORTURA OU OUTRAS
FORMAS DE TRATAMENTO CRUEL, DESUMANO OU DEGRADANTE
(Adotada pela 49ª
Assembléia Geral da Associação Médica Mundial, em Hamburgo,
Alemanha, outubro de 1997)
PREÂMBULO
1. Com base em várias
declarações éticas internacionais e diretrizes subscritas pela
profissão médica, são proibidos aos médicos, ao longo do
mundo, presenciar, tolerar ou participar em práticas de tortura
ou de outras formas de procedimentos cruéis, desumanos ou
degradantes por qualquer razão.
2. Anteriores a esta
Declaração são o Código Internacional de Ética Médica da
Associação Médica Mundial, a Declaração de Genebra, a Declaração
de Tóquio e a Resolução sobre Médicos que participam da Pena
de Morte; a Resolução Nórdica Relativa a Médico Envolvidos em
Pena de Morte; e a Declaração do Hawaí da Associação Psiquiátrica
Mundial.
3.
No entanto, nenhuma destas declarações ou intenções
de declarações explicitam o assunto de que a
proteção deve ser estendida aos médicos quando
pressionados, chamados ou ordenados para participarem
de tortura ou de outras formas de tratamento
ou castigo cruel, desumano ou degradante. Nem
aquelas declarações ou recomendações expressam
apoio explícito ou a obrigação de proteger médicos
que se encontram ou se dão conta de tais procedimentos.
RESOLUÇÃO
4. A Associação Médica
Mundial (WMA) por este meio reitera e reafirma a responsabilidade
da profissão médica organizada:
-
I) encorajar os médicos
para honrar seu compromisso de servir a humanidade e resistir
a qualquer pressão para agir em contrário aos princípios éticos
que norteiam sua dedicação para esta tarefa;
-
II) apoiar os médicos
que sofrem dificuldades como resultado da resistência para
qualquer pressão ou como resultado das tentativas de falar ou
agir contra tais procedimentos desumanos; e
-
III) estender seu
apoio e encorajar outras organizações internacionais,
como também as associações nacionais (NMAs)
da Associação Médica Mundial, a apoiar médicos
que encontram dificuldades como resultado
das tentativas de agir conforme os princípios
éticos mais altos da profissão.
5. Além disso, devido
ao emprego continuado de tais procedimentos desumanos em muitos países
ao longo do mundo, e os incidentes documentados de pressão contra
médicos para agir em contravenção aos princípios éticos
subscritos para a profissão, a Associação Médica Mundial acha
necessário:
-
I) protestar
internacionalmente contra qualquer envolvimento ou qualquer
pressão para envolver médicos em atos de tortura ou outras
formas de tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante;
-
II) apoiar e
proteger, conclamando as NMAs para apoiar e amparar médicos
que estão resistindo a envolvimento em tais procedimentos
desumanos ou que estão trabalhando para tratar e reabilitar
as vítimas, como também afiançar o direito de apoiar os
princípios éticos que incluem a confidência médica;
-
III) dar
publicidade a informação e apoiar médicos que informam evidência
de tortura em casos provados e tentativas de envolver médicos
em tais procedimentos; e,
-
IV) encorajar as
associações médicas nacionais para levar
às autoridades acadêmicas e ensinar a investigar
em todas as escolas de medicina e hospitais
as conseqüências da tortura e seu tratamento,
a reabilitação dos sobreviventes, a documentação
da tortura e a proteção profissional descrita
nesta Declaração.
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