Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano
Carlos Mariguella
Central
Anti-Tortura DHnet
ABC da Tortura
Tortura é Crime Inafiançável
e Imprescritível
Marighella
Sumário Uma definição do
guerrilheiro urbano Como Deve Viver e
Subsistir o Guerrilheiro Urbano Preparação Técnica
do Guerrilheiro Urbano As Armas do Guerrilheiro
Urbano O Tiro: A Razão para
a Existência do Guerrilheiro Urbano O Grupo de Fogo A Logística do Guerrilheiro
Urbano A Técnica do Guerrilheiro
Urbano A Vantagem Inicial
da Guerrilha Urbana Conhecimento do
Terreno Mobilidade e Velocidade Informação Decisão Objetivos das Ações
de Guerrilha Urbana Sobre os Tipos e
Natureza de Modelos de Ação para os Guerrilheiros Urbanos Assaltos Batidas Ocupações Emboscada Táticas de Rua Greves e Interrupções
de Trabalho Libertação de Prisioneiros Execuções Sabotagem Seqüestro Terrorismo Propaganda Armada Guerra de Nervos Como Executar a Ação Resgate de Feridos Segurança da Guerrilha Os Sete Pecados da Guerrilha
Urbana Apoio Popular Guerrilha Urbana,
Escola para Selecionar o Guerrilheiro Eu gostaria de fazer uma dupla dedicatória
deste trabalho; primeiro, em memória de Edson Souto, Marco Antônio
Brás de Carvalho, Nelson José de Almeida ("Escoteiro")
e a tantos outros heróicos combatentes e guerrilheiros urbanos
que caíram nas mãos dos assassinos da polícia militar, do exército,
da marinha, da aeronáutica, e também do DOPS, instrumentos odiados
da repressora ditadura militar. Segundo, aos bravos camaradas - homens
e mulheres - aprisionados em calabouços medievais do governo
brasileiro e sujeitos a torturas que se igualam ou superam os
horrendos crimes cometidos pelos nazistas. Como aqueles camaradas
cujas lembranças nós reverenciamos, bem como aqueles feitos
prisioneiros em combate, o que devemos fazer é lutar.
Cada camarada que
se opõe a ditadura militar e deseja resistir fazendo
alguma coisa, mesmo pequena que a tarefa possa
parecer. Eu desejo que todos que leram este manual
e decidiram que não podem permanecer inativos,
sigam as instruções e juntem-se a luta agora.
Eu solicito isto porque, baixo qualquer teoria
e qualquer circunstâncias, a obrigação de todo
revolucionário é fazer a revolução.
Um outro ponto importante é não somente
ler este manual aqui e agora, mas difundir seu conteúdo. Esta
circulação será possível se aqueles que concordam com estas
idéias façam cópias mimeografadas ou folhetos impressos, (sendo
que neste último caso, a própria luta armada será necessária). Finalmente, a razão porque este manual
leva minha assinatura é que as idéias expressadas ou sistematizadas
aqui refletem as experiências pessoais de um grupos de pessoas
engajadas na luta armada no Brasil, entre os quais eu tenho
a honra de estar incluído. De maneira que certos indivíduos
não terão dúvidas sobre o que este manual diz, e podem sem demora
negar os fatos ou continuar dizendo que as condições para a
luta armada não existem, é necessário assumir a responsabilidade
do que é dito e feito. Portanto, anonimato torna-se um problema
num trabalho com este. O fato importante é que existem patriotas
preparados para lutar como soldados,
A acusação de "violência"
ou "terrorismo" sem demora tem um significado
negativo. Ele tem adquirido uma nova roupagem,
uma nova cor. Ele não divide, ele não desacredita,
pelo contrário, ele representa o centro da atração.
Hoje, ser "violento" ou um "terrorista"
é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada,
porque é um ato digno de um revolucionário engajado
na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar
e suas atrocidades.
Carlos Marighella 1969
Uma definição
do guerrilheiro urbano A crise estrutural crônica característica
do Brasil de hoje, e sua resultante instabilidade política,
são as razões pelo abrupto surgimento da guerra revolucionária
no país. A guerra revolucionária se manifesta na forma de guerra
de guerrilha urbana, guerra psicológica, ou guerra guerrilheira
rural. A guerra guerrilheira urbana ou a guerra psicológica
na cidade depende da guerrilha urbana. O guerrilheiro urbano é um homem
que luta contra uma ditadura militar com armas, utilizando métodos
não convencionais. Um revolucionário político e um patriota
ardente, ele é um lutador pela libertação de seu país, um amigo
de sua gente e da liberdade. A área na qual o guerrilheiro urbano
atua são as grandes cidades brasileiras. Também há muitos bandidos,
conhecidos como delinqüentes, que atuam nas grandes cidades.
Muitas vezes assaltos pelos delinqüentes são interpretados como
ações de guerrilheiros.
O guerrilheiro urbano,
no entanto, difere radicalmente dos delinqüentes.
O delinqüente se beneficia pessoalmente por suas
ações, e ataca indiscriminadamente sem distinção
entre explorados e exploradores, por isso há tantos
homens e mulheres cotidianos entre suas vítimas.
O guerrilheiro urbano segue uma meta política
e somente ataca o governo, os grandes capitalistas,
os imperialistas norte-americanos.
Outro elemento igualmente prejudicial
como o delinqüente, e que também opera no ambiente urbano é
o contra-revolucionário direitista que cria a confusão, assalta
bancos, joga bombas, seqüestra, assassina, e comete o crimes
mais atrozes imagináveis contra os guerrilheiros urbanos, o
sacerdotes revolucionários, os estudantes e os cidadãos que
se opõem ao fascismo e buscam a liberdade. O guerrilheiro urbano é um inimigo
implacável do governo e infringe dano sistemático às autoridades
e aos homens que dominam e exercem o poder. O trabalho principal
do guerrilheiro urbano é de distrair, cansar e desmoralizar
os militares, a ditadura militar e as forças repressivas, como
também atacar e destruir as riquezas dos norte-americanos, os
gerentes estrangeiros, e a alta classe brasileira. O guerrilheiro urbano não teme desmantelar
ou destruir o presente sistema econômico, político e social
brasileiro, já que sua meta é ajudar ao guerrilheiro rural e
colaborar para a criação de um sistema totalmente novo e uma
estrutura revolucionária social e política, com as massas armadas
no poder.
O guerrilheiro urbano
tem que ter um mínimo de entendimento político.
Para conseguir isto tem que ler certos trabalhos
impressos ou mimeografados, como:
Guerra de Guerrilha por Che Guevara
Memórias de um Terrorista Algumas Perguntas dos Guerrilheiros
Brasileiros Sobre Problemas e Princípios estratégicos Certos
Princípios Táticos para Camaradas Levando em Conta Operações
de Guerrilha Perguntas Organizacionais O Guerrilheiro, Jornal
dos Grupos Revolucionários Brasileiros Qualidades Pessoais de
um Guerrilheiro Urbano O guerrilheiro urbano é caracterizado
por sua valentia e sua natureza decisiva. Tem que ser bom taticamente
e ser um líder hábil. O guerrilheiro urbano tem que ser uma
pessoa preparada para compensar o fato de que não tem suficientes
armas, munições e equipe. Os militares de carreira ou a polícia
governamental tem armas e transportes modernos e podem viajar
com liberdade, utilizando a força de seu poder. O guerrilheiro
urbano não tem tais recursos a sua disposição e leva uma vida
clandestina. Algumas vezes é uma pessoa sentenciada ou esta
sob liberdade condicional, e é obrigado a usar documentos falsos. No entanto, o guerrilheiro urbano
tem certa vantagem sobre o exército convencional ou sobre a
polícia. Esta é, enquanto a polícia e os militares atuam a favor
do inimigo, a quem as pessoas odeiam, o guerrilheiro urbano
defende uma causa justa, que é a causa do povo.
As armas do guerrilheiro
urbano são inferiores às do seu inimigo, mas vendo
desde o ponto de vista moral, o guerrilheiro urbano
tem uma vantagem que não se pode negar. Esta superioridade
moral é o que sustem ao guerrilheiro urbano. Graças
a ela, o guerrilheiro urbano pode levar ao fim
seu trabalho principal, o qual é atacar e sobreviver.
O guerrilheiro urbano tem que capturar
ou desviar armas do inimigo para poder lutar. Devido a que suas
armas não são uniformes, já que o que possui foi tomado ou chegou
a suas mãos de diferentes formas, o guerrilheiro urbano se vê
com o problema de que tem uma variedade de armas e uma escassez
de munições. Além disso, não tem onde treinar o tiro. Estas dificuldades tem que ser superadas,
o qual força ao guerrilheiro urbano a ser imaginativo e criativo,
qualidades que sem as quais seria impossível para ele exercer
seu papel como revolucionário. O guerrilheiro urbano tem que ter
a iniciativa, mobilidade, e flexibilidade, como também versatilidade
e um comando para qualquer situação. A iniciativa é uma qualidade
especialmente indispensável. Nem sempre é possível se antecipar
tudo, e o guerrilheiro não pode deixar se confundir, ou esperar
por ordens. Seu dever é o de atuar, de encontrar soluções adequadas
para cada problema que encontrar, e não se retirar. É melhor
cometer erros atuando a não fazer nada por medo de cometer erros.
Sem a iniciativa não pode haver guerrilha urbana.
Outras qualidades
importantes no guerrilheiro urbano são as seguintes:
que possa caminhar bastante; que seja resistente
à fadiga, fome, chuva e calor; conhecer como se
esconder e vigiar, conquistar a arte de ter paciência
ilimitada; manter-se calmo e tranqüilo nas piores
condições e circunstâncias; nunca deixar pistas
ou traços. Na frente das dificuldades quase impossíveis
da guerra urbana, muitos camaradas enfraquecem,
se vão, ou deixam o trabalho revolucionário.
O guerrilheiro urbano não é um homem
de negócios em uma empresa comercial, nem é um artista numa
obra. A guerrilha urbana, assim como a guerrilha rural, é uma
promessa que o guerrilheiro se faz a si mesmo. Quando já não
pode fazer frente às dificuldades, ou reconhece que lhe falta
paciência para esperar, então é melhor entregar seu posto antes
de trair sua promessa, já que lhe faltam as qualidades básicas
necessárias para ser um guerrilheiro.
Como Deve
Viver e Subsistir o Guerrilheiro Urbano O guerrilheiro urbano deve saber
como viver entre as pessoas e se cuidar para não aparentar ser
estranho ou distante da vida normal da cidade. Não deve usar roupas diferentes da
que outras pessoas utilizam. Roupas caras e elaboradas para
os homens ou para as mulheres podem ser um impedimento para
o guerrilheiro urbano, caso seu trabalho o levar a bairros onde
este tipo de roupa não seja comum. O mesmo serve se o trabalho
for na ala inversa.
O guerrilheiro urbano
tem que viver do seu trabalho ou atividade profissional,
se é conhecido ou procurado pela polícia, se esta
sentenciado ou esta sob liberdade condicional,
tem que viver clandestinamente. Sob tais condições,
o guerrilheiro urbano não pode revelar suas atividades
a ninguém, já que isso é sempre e unicamente de
responsabilidade da organização revolucionária
a qual pertence.
O guerrilheiro urbano tem que ter
uma grande capacidade de observação, tem que estar bem informado
a respeito de tudo, em particular dos movimentos de seu inimigo,
tem que estar constantemente alerta, procurando, e ter grande
conhecimento sobre a área em que vive, opera, ou através da
qual se movimenta. Mas a característica fundamental
e decisiva do guerrilheiro urbano é que é um homem que luta
com armas; dada esta condição, há poucas probabilidades de que
possa seguir sua profissão normal por muito tempo ou o referencial
da luta de classes, já que é inevitável e esperado necessariamente,
o conflito armado do guerrilheiro urbano contra os objetivos
essenciais: a. A exterminação física dos chefes
e assistentes das forças armadas e da polícia. b. A expropriação dos recursos do
governo e daqueles que pertencem aos grandes capitalistas, latifundiários,
e imperialistas, com pequenas exropriações usadas para o mantimento
do guerrilheiro urbano individual e grandes expropriações para
o sustento da mesma revolução.
É claro que o conflito
armado do guerrilheiro urbano também tem outro
objetivo. Mas aqui nos referimos aos objetivos
básicos, sobre tudo às expropriações. É necessário
que todo guerrilheiro urbano tenha em mente que
somente poderá sobreviver se está disposto a matar
os policiais e todos aqueles dedicados à repressão,
e se está verdadeiramente dedicado a expropriar
a riqueza dos grandes capitalistas, dos latifundiários,
e dos imperialistas.
Uma das características fundamentais
da revolução brasileira é que desde o começo se desenvolveu
ao redor de expropriações da riqueza da burguesia maior, imperialista,
e dos interesses latifundiários, sem a exclusão dos elementos
mais ricos e dos elementos comerciais mais poderosos envolvidos
com a importação e exportação de negócios. E mediante a expropriação da riqueza
dos principais inimigos do povo, a revolução brasileira foi
capaz de golpeá-los em seus centros vitais, com ataques preferenciais
e sistemáticos na rede bancária, isto é, os golpes mas contundentes
foram contra o sistema nervoso capitalista. Os roubos a bancos realizados pelos
guerrilheiros urbanos brasileiros machucaram os grandes capitalistas
tais como Moreira Salles e outros, as empresas estrangeiras
que asseguram e reasseguram o capital bancário, as companhias
imperialistas e os governos estatais e federais, todos eles
sistematicamente expropriados desde agora.
Os frutos destas
expropriações tem sido dedicados ao trabalho de
aprender e aperfeiçoar as técnicas de guerrilha
urbana, à compra, à produção, e ao transporte
de armas e munições das áreas rurais, ao aparelho
de segurança dos revolucionários, ao mantimento
diário dos soldados, àqueles que foram libertados
da prisão por forças armadas e àqueles que foram
feridos ou perseguidos pela polícia, ou a qualquer
tipo de problema que envolva camaradas que foram
libertados da cadeia, ou assassinados pelos policiais
e pela ditadura militar.
No Brasil, o número de ações violentas
realizadas pelos guerrilheiros urbanos, incluindo mortes, explosões,
capturas de armas, munições, e explosivos, assaltos a bancos
e prisões, etc., é o suficientemente significativo como para
não deixar dúvida em relação as verdadeiras intenções dos revolucionários.
A execução do espião da CIA Charles Chandler, um membro do Exército
dos EUA que venho da guerra do Vietnã para se infiltrar no movimento
estudantil brasileiro, os lacaios dos militares mortos em encontros
sangrentos com os guerrilheiros urbanos, todos são testemunhas
do fato que estamos em uma guerra revolucionária completa e
que a guerra somente pode ser livrada por meios violentos. Esta é a razão pela qual o guerrilheiro
urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua
atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a
dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.
Preparação
Técnica do Guerrilheiro Urbano
Ninguém pode se converter
em guerrilheiro urbano sem prestar particular
atenção à preparação técnica.
Esta preparação técnica do guerrilheiro
urbano baseia-se na sua preocupação pela preparação física,
seu conhecimento e no aprendizado de profissões e habilidades
de todas classes, particularmente as habilidades manuais. O guerrilheiro urbano somente pode
ter uma forte resistência física se treinar sistematicamente.
Não pode ser um bom soldado se não estudou a arte de lutar.
Por esta razão o guerrilheiro urbano tem que aprender e praticar
vários tipos de luta, de ataque e de defesa pessoal. Outras formas úteis de preparação
física são caminhadas, acampar, e treinar sobrevivência na selva,
escalar montanhas, remar, nadar, mergulhar, pescar, caçar pássaros,
e animais grandes e pequenos. É muito importante aprender a dirigir,
pilotar um avião, manejar um pequeno bote, entender mecânica,
rádio, telefone, eletricidade, e ter algum conhecimento das
técnicas eletrônicas. Também é importante ter conhecimentos
de informação topográfica, poder localizar a posição através
de instrumentos ou outros recursos disponíveis, calcular distâncias,
fazer mapas e planos, desenhar escalas, calcular tempos, trabalhar
com escalonamentos, compasso, etc.
Um conhecimento de
química e da combinação de cores, a confecção
de selos, o domínio da arte da caligrafia e de
copiar letras em conjunto com outras habilidades
são parte da preparação técnica do guerrilheiro
urbano, que é obrigado a falsificar documentos
para poder viver dentro de uma sociedade que ele
busca destruir.
Na área de medicina auxiliar ele
tem o papel especial de ser doutor ou entender de medicina,
enfermaria, farmacologia, drogas, cirurgia elementar, e primeiros
socorros de emergência. A questão básica na preparação técnica
do guerrilheiro urbano é o manejo de armas, tais como a metralhadora,
o revólver automático, FAL, vários tipos de escopetas, carabinas,
morteiros, bazucas, etc. O conhecimento de vários tipos de
munições e explosivos é outro aspecto a considerar. Entre os
explosivos, a dinamite tem que ser bem entendida. O uso de bombas
incendiárias, de bombas de fumaça, e de outros tipos são conhecimentos
prévios indispensáveis. Aprender a fazer e construir armas,
preparar bombas Molotov, granadas, minas, artefatos destrutivos
caseiros, como destruir pontes, e destruir trilhos de trem são
conhecimentos indispensáveis a preparação técnica do guerrilheiro. O nível mais alto de preparação do
guerrilheiro urbano é o centro para treinamento técnico. Mas
somente o guerrilheiro que passou pelo exame preliminar pode
atender a esta escola, isto é, um que tenha passado a prova
de fogo em ação revolucionária, em combate verdadeiro contra
o inimigo.
As Armas
do Guerrilheiro Urbano As armas do guerrilheiro urbano são
armas leves, facilmente trocadas, usualmente capturadas do inimigo,
compradas ou feitas no momento. As armas leves têm a vantagem de
que são de manejo rápido e de fácil transporte. Em geral, as
armas leves são caracterizadas por serem de barris curtos. Isto
inclui muitas armas automáticas. As armas automáticas e semi-automáticas
aumentam consideravelmente o poder de fogo do guerrilheiro urbano.
A desvantagem deste tipo de arma para nós é a dificuldade em
controlá-la, resultando no desperdício de munições, compensado
somente pela sua ótima precisão. Homens que estão pobremente
treinados transformam as armas automáticas num dreno de munições. A experiência tem demostrado que
a arma básica do guerrilheiro urbano é a metralhadora leve.
Esta arma, além de ser eficiente e de fácil disparos, numa área
urbana, tem a vantagem de ser muito respeitada pelo inimigo.
O guerrilheiro tem que conhecer, completamente, o manejo da
metralhadora, sendo que a mesma é agora muito popular e indispensável
ao guerrilheiro urbano brasileiro.
A metralhadora ideal
para o guerrilheiro urbano é a INA calibre .45.
Outros tipos de metralhadoras de diferentes calibres
podem ser usadas - com o prévio conhecimento,
dos problemas de munições. É preferível que o
potencial industrial do guerrilheiro urbano permita
a produção de um só tipo de metralhadora, para
que a munição utilizada possa ser padronizada.
Cada grupo de tiro das guerrilhas
urbanas tem que ter uma metralhadora manejada por um bom atirador.
Os outros componentes dos grupos têm que estarem armados com
revólveres calibre .38, nossa arma "padrão". O calibre
.32 também é útil para aqueles que querem participar. Mas o
.38 é preferível já que seu impacto usualmente põe o inimigo
fora de ação. As granadas de mão e as bombas convencionais
de fumaça podem ser consideradas como armamento leve. Com poder
defensivo para a cobertura e retirada. As armas de carregador longo são
mais difíceis de transportar para o guerrilheiro urbano já que
atraem muita atenção devido seu tamanho. Entre as armas de carregador
longo estão a FAL, as armas e rifles Máuser, as armas de caça
tais como a Winchester, e outras. Espingardas de cano curto podem ser
úteis se são usados a pequenas distâncias. São úteis até para
pessoas com má pontaria, especialmente pela noite quando a precisão
não é de muita ajuda. Bazucas e morteiros podem ser usados em
ação mas as condições para utilizá-los tem que serem preparadas
e as pessoas que as vão utilizar devem ser treinadas. O guerrilheiro urbano não deve basear
suas ações no uso de armas pesadas, que possuem sérias desvantagens
no tipo de luta que exige armamento leve, que garanta mobilidade
e velocidade.
As armas caseiras
são muitas vezes tão eficientes como as melhores
armas produzidas em fábricas convencionais, e
até uma espingarda cortada é uma boa arma para
um guerrilheiro urbano.
O papel do guerrilheiro urbano como
produtor de armas é de fundamental importância. Cuidar de suas
armas, saber como arrumá-las, e em muitos casos poder estabelecer
uma pequena estação para improvisar a produção de armas pequenas
e eficientes. O trabalho em metalurgia e no torno
mecânico são habilidades básicas que o guerrilheiro urbano deve
de incorporar na sua planificação industrial, que é a planificação
de armas caseiras. Estas construções e cursos com explosivos
e sabotagem devem ser organizados. Os materiais primários para
prática destes cursos devem ser obtidos com antecedência para
evitar um aprendizado incompleto, ou seja, para deixar espaço
suficiente para a experiência. Os coquetéis Molotov, gasolina e
artefatos caseiros tais como caixas de tubos e latas, bombas
de fumaça, minas, explosivos convencionais tais como dinamite
e cloreto de potássio, explosivos plásticos, cápsulas de gelatina,
e munições de todo tipo são necessários para a missão do guerrilheiro
urbano. O método de obter os materiais necessários
e munições será o de comprá-los ou o de levá-los pela força
em expropriações planejadas e executadas especialmente.
O guerrilheiro urbano
terá o cuidado de não guardar explosivos e materiais
por muito tempo já que podem causar acidentes,
mas tratará de utilizá-los imediatamente em objetivos
pré-selecionados.
As armas do guerrilheiro urbano e
sua habilidade de mantê-las constituem seu poder de fogo. Tomando
vantagem do uso de armas e munições modernas e introduzindo
inovações no seu poder de fogo e com a utilização de certas
armas o guerrilheiro urbano pode mudar muitas de suas táticas
de guerra urbana. Um exemplo disto foi a inovação feita pelos
guerrilheiros urbanos no Brasil quando introduziram o uso da
metralhadora nos ataques a bancos. Quando o uso massivo de metralhadoras
uniformes se faz possível, haverá novas mudanças nas táticas
de guerra urbana. O grupo de fogo que utiliza armas uniformes
e munições correspondentes, com apoio razoável para seu mantimento,
alcançará um nível considerável de eficiência. O guerrilheiro
urbano aumenta sua eficiência a medida que aumenta seu potencial
de tiro.
O Tiro:
A Razão para a Existência do Guerrilheiro Urbano A razão para a existência do guerrilheiro
urbano, a condição básica para qual atua e sobrevive, é o de
atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque
é requerido por este tipo de combate.
Na guerra convencional,
o combate é geralmente a distância com armas de
longo alcance. Na guerra não-convencional, na
qual a guerra guerrilheira urbana está incluída,
o combate é a curta distância, muito curta. Para
evitar sua própria extinção, o guerrilheiro urbano
tem que atirar primeiro e não pode errar em seu
disparo. Não pode desperdiçar suas munições porque
não tem grandes quantidades, por isso tem que
economizar. Tampouco pode recarregar suas munições
rapidamente, porque é parte de um grupo pequeno
na qual cada guerrilheiro tem que se cuidar sozinho.
O guerrilheiro urbano não pode perder tempo e
deve poder atirar de uma só vez.
Um fato fundamental, que queremos
enfatizar completamente e cuja importância fundamental não pode
ser subestimada, é que o guerrilheiro urbano não deve de disparar
continuamente, utilizando todas suas munições. Pode ser que
o inimigo não esteja disparando precisamente, e esteja esperando
que as munições do guerrilheiro hajam gastado. Em tal momento,
sem ter tempo para recarregar suas munições, o guerrilheiro
urbano enfrentará uma chuva de fogo inimigo e pode ser aprisionado
ou morto. A pesar do valor do fator surpresa
que muitas vezes faz com que seja desnecessário o uso de suas
armas, não pode ser permitido o luxo de entrar em combate sem
saber atirar. Cara a cara com o inimigo, tem que estar em movimento
constante de uma, posição a outra, porque o ficar em uma só
posição o converte num alvo fixo e, como tal, muito vulnerável.
A vida do guerrilheiro
urbano depende de atirar, na sua habilidade de
manejar bem as armas de pequeno calibre como também
em evitar ser alvo. Quando falamos de atirar,
falamos de pontaria também. A pontaria deve de
ser treinada até que se converta num reflexo por
parte do guerrilheiro urbano.
Para aprender a atirar e ter boa
pontaria, o guerrilheiro urbano tem que treinar sistematicamente,
utilizando todos métodos de aprendizado, atirando em alvos,
até em parques de diversão e em casa. Tiro e pontaria são água e ar de
um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem
um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador,
uma categoria de combatente solitário indispensável em ações
isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância
ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer
tipo de disparo.
O Grupo
de Fogo Para poder funcionar, o guerrilheiro
urbano tem que estar organizado em pequenos grupos, dirigidos
e coordenados por uma ou duas pessoas, isto é o que constitui
um grupo de fogo. Dentro do grupo de fogo tem que haver
confiança plena entre os camaradas. O melhor atirador e o que
melhor sabe manejar a metralhadora é a pessoa encarregada pelas
operações.
Quando existem tarefas
planejadas pelo comando estratégico, estas tarefas
tomam preferência. Mas não há tal coisa com um
grupo de fogo sem sua própria iniciativa. Por
esta razão é essencial evitar qualquer rigidez
na organização para permitir uma maior quantidade
de iniciativa possível por parte do grupo de fogo.
O velho tipo de hierarquia, o estilo do esquerdista
tradicional não existe em nossa organização.
Isto significa que, a exceção da
prioridade de objetivos designados pelo comando estratégico,
qualquer grupo de fogo pode decidir em assaltar um banco, seqüestrar
ou executar um agente da ditadura, uma figura , identificada
com a reação, ou um espião norte-americano, e pode levar até
o fim qualquer tipo de guerra de propaganda ou de nervos em
contra de um inimigo sem a necessidade de consultar o comando
geral. Nenhum grupo de fogo pode permanecer
inativo esperando ordens de "cima". Sua obrigação
é de atuar. Qualquer guerrilheiro urbano que quer estabelecer
um grupo de fogo e começar a ação pode fazê-lo e desta forma
fazer-se parte da organização. Este método de ação elimina a necessidade
de conhecer quem esta realizando as ações, já que existe a livre
iniciativa e o único ponto de importância é aumentar substancialmente
o volume da atividade guerrilheira para desgastar ao governo
e obrigá-lo à defensiva. O grupo de fogo é o instrumento de
ação organizada. Com ele, as operações da guerrilha
e as táticas são planejadas, lançadas e executadas com êxito.
O comando geral conta
com o grupo de fogo para realizar seus objetivos
de natureza estratégica e para fazê-lo em qualquer
parte do país. Por sua parte, ajuda aos grupos
de fogo com suas dificuldades e necessidades.
A organização é uma rede indestrutível
de grupos de fogo e de coordenações entre eles, que funciona
simples e praticamente com o comando geral e que também participam
nos ataques; e organização que existe com o único propósito,
simples e puro, de ação revolucionária.
A Logística
do Guerrilheiro Urbano A logística convencional pode ser
expressada com a simples fórmula CCEM: C - Comida C - Combustível E - Equipamento M - Munições A lógica convencional se refere aos
problemas de mantimento para um exército regular das forças
armadas, transportada em veículos com bases fixas e linhas de
fornecimentos. As guerrilhas urbanas, pelo contrário,
não são um exército senão um pequeno grupo armado, fragmentado
intencionalmente. Não possuem veículos nem bases fixas. Suas
linhas de fornecimentos são precárias e insuficientes, e não
têm bases estabelecidas exceto no sentido rudimentar de uma
fábrica de armas com uma casa.
Enquanto que o objetivo
da logística convencional é o fornecer as necessidades
de guerra do exército para reprimir a rebelião
rural e urbana, as logísticas da guerrilha urbana
têm como objetivo sustentar as operações e táticas
que não tem nada em comum com a guerra convencional
e que são dirigidas contra a ditadura militar
e a dominação norte-americana do país.
Para o guerrilheiro urbano, que começa
do nada e não tem apoio ao princípio, as logísticas são expressas
pela fórmula MDAME que é: M - mecanização D - dinheiro A - armas M - munições E - explosivos As logísticas revolucionárias tomam
a mecânica como uma de suas bases. No entanto, a mecânica é
inseparável do motorista. O motorista da guerrilha urbana é
tão importante como o experto em metralhadoras da guerrilha.
Sem um, as máquinas não trabalham e coisas como os automóveis
e as metralhadoras, quando não trabalham tornam-se objetos mortos.
Um motorista experiente não se faz em um só dia, e seu aprendizado
começa cedo. Todo bom guerrilheiro urbano tem que ser um bom
motorista. Em relação ao veículo, o guerrilheiro urbano tem
que expropriar o que necessita. Quando já tem os recursos, o guerrilheiro
urbano pode combinar a expropriação de veículos com outros métodos
de aquisição. Dinheiro, armas, munições e explosivos,
como também veículos tem que ser expropriados. O guerrilheiro
urbano tem que roubar bancos e lojas de armas, e conseguir explosivos
e munições onde queira que os encontre.
Nenhuma destas operações se realizam
com um só propósito. No entanto quando o assalto é somente pelo
dinheiro as armas dos guardas também são tomadas. A expropriação é o primeiro passo
para a organização de nossas logísticas, que por si assume um
caráter armado e permanentemente móvel. O segundo passo é o de reforçar e
estender a logística, dependendo das emboscadas e armadilhas
em que o inimigo será surpreendido e suas armas, munições, veículos,
e outros recursos capturados. Uma vez que o guerrilheiro urbano
tem as armas, munições, e explosivos, um dos problemas de logística
mais sérios que terá em qualquer situação, é encontrar um lugar
de esconderijo no qual deixar o material e conseguir os meios
de transportá-lo e montá-lo onde é necessitado. Isto tem que
ser completado mesmo quando o inimigo estiver vigiando e tiver
as estradas bloqueadas. O conhecimento que tem o guerrilheiro
urbano do terreno, e os aparelhos que utiliza ou é capaz de
utilizar, tais como os guias preparados especialmente e recrutados
para esta missão, são os elementos básicos na solução do problema
eterno de logística das forças revolucionárias.
A Técnica
do Guerrilheiro Urbano
Em seu sentido mais
geral, técnica é a combinação de métodos que o
homem utiliza para executar qualquer atividade.
A atividade do guerrilheiro urbano consiste em
realizar guerra de guerrilha e guerra psicológica.
A técnica do guerrilheiro urbano
tem cinco componentes básicos: a. Uma parte é relacionada aos requisitos
que se agrupam a estas características, requisitos representados
por uma série de vantagens iniciais sem as quais o guerrilheiro
urbano não pode completar seus objetivos; b. Uma parte concerne certos objetivos
definitivos nas ações iniciadas pela guerrilha urbana; c. Uma parte é relacionada com os
tipos e modos característicos de ação das guerrilhas urbanas; d. Uma parte concerne o método da
guerrilha urbana realizar ações específicas. Características da Técnica das Guerrilhas A técnica da guerrilha urbana tem
as seguintes características: a. É uma técnica agressiva, isto
é, tem um caráter ofensivo. Como é bem conhecido, a ação defensiva
significa a morte para nós. Já que somos inferiores ao inimigo
em poder de fogo e não temos nem seus recursos nem seu poderio,
não podemos nos defender de uma ofensiva ou um ataque concentrado
pelo exército. E esta é a razão pela qual a técnica urbana nunca
pode ser de natureza permanente, nem pode defender uma base
fixa nem permanecer em um só lugar esperando para repelir o
círculo de reação;
b.
É uma técnica de ataque e retirada pelo qual preservamos
nossas forças.
c. É uma técnica que busca o desenvolvimento
das guerrilhas urbanas, cuja função é desgastar, desmoralizar,
e distrair as forças inimigas, permitindo o desenvolvimento
e sobrevivência da guerrilha rural que esta destinada a um papel
decisivo na guerra revolucionária.
A Vantagem
Inicial da Guerrilha Urbana As dinâmicas das guerrilhas urbanas
consiste nos violentos choques do guerrilheiro urbano com as
forças militares e policiais da ditadura. Nestes choques, os
policiais tem a superioridade. O guerrilheiro urbano tem forças
inferiores. O paradoxo é que o guerrilheiro urbano, a pesar
de ser mais fraco, é sem dúvida o atacante. As forças militares e policiais,
por sua parte, respondem ao ataque com a mobilização e concentração
de forças infinitamente superiores na perseguição e destruição
das forças guerrilheiras. Somente se pode evitar a derrota quando
se conta com as vantagens iniciais e sabe como explorar com
fim de compensar suas vulnerabilidades e falta de material. As vantagens iniciais são: a. Tem que tomar o inimigo de surpresa; a. Tem que conhecer o terreno de
encontro melhor que o inimigo; a. Tem que ter maior mobilidade e
velocidade que a polícia e as outras forças repressoras;
a. Seu serviço de
informação tem que ser melhor que o do inimigo;
a. Tem que estar no comando da situação
e demonstrar uma confiança tão grande que todos de nosso lado
sejam inspirados e nunca pensem em hesitar, enquanto que os
do outro bando estão atordoados e incapazes de responder. Surpresa Para compensar por sua debilidade
geral e falta de armas comparado com o inimigo, o guerrilheiro
urbano utiliza a surpresa. O inimigo não tem nenhuma forma de
lutar contra a surpresa e se torna confuso ou é destruído. Quando a guerra de guerrilhas urbanas
iniciou no Brasil, a experiência demonstrou que a surpresa era
essencial para o êxito de qualquer operação de guerrilha. A técnica de surpresa baseia-se em
quatro requisitos essenciais: a. conhecemos a situação do inimigo
que vamos a atacar usualmente por meio de informação precisa
e observação meticulosa, enquanto que o inimigo não sabe se
será atacado ou não sabe nada em relação ao atacante; b. conhecemos a força do inimigo
que será atacado e o inimigo não sabe nada sobre a nossa; c. atacando por surpresa, nós economizamos
e conservamos nossas forças, enquanto que o inimigo não é capaz
de fazer o mesmo e é deixado a mercê dos eventos; d. determinamos a hora e o lugar
do ataque, combinamos sua duração, e estabelecemos seu objetivo.
O inimigo permanece ignorante de tudo isto.
Conhecimento
do Terreno O melhor aliado do guerrilheiro é
o terreno porque o conhece como a palma de sua mão. Ter o terreno como um aliado significa
saber como utilizar suas irregularidades com inteligência, seus
pontos mais altos e baixos, suas curvas, suas passagens regulares
e secretas, áreas abandonadas, terrenos baldios, etc., tirando
a vantagem máxima de tudo isto para o êxito das ações armadas,
fugas, retiradas, encobrimento e esconderijos. Os lugares impenetráveis e os lugares
estreitos, as ruas sob construção, pontos de controle de polícia,
zonas militares e ruas fechadas, entradas e saídas de túneis
e aqueles que o inimigo possa bloquear, viadutos que devem ser
cruzados, esquinas controladas pela polícia ou vigiadas, suas
luzes e sinais, tudo isto tem que ser completamente estudado
para poder evitar erros fatais. Nosso problema é o de passar e saber
onde e como esconder-nos, deixando o inimigo confuso em áreas
que ele não conhece. O guerrilheiro urbano familiarizado
com o terreno difícil e irregular, avenidas, ruas, estradas,
entradas e saídas, esquinas dos centros urbanos, suas passagens
e atalhos, os lotes vazios, suas passagens subterrâneas, seus
tubos e sistemas de esgoto pode cruzar com segurança pelo terreno
não familiar para a polícia, onde podem ser surpreendidos em
uma emboscada fatal em qualquer momento. Por conhecer o terreno o guerrilheiro
pode passar a pé, em bicicleta, em automóvel, 4x4, ou caminhão
e nunca ser apanhado. Atuando em grupos pequenos com umas quantas
pessoas, os guerrilheiros podem se reunir em uma hora em lugares
determinados, prosseguindo o ataque, com novas operações de
guerrilha, ou evadindo o círculo da polícia e desorientando
o inimigo com sua audácia sem precedente. É um problema sem solução para a
polícia, num terreno tipo labirinto do guerrilheiro urbano,
prender a alguém que não pode ver, ou tratar de fazer contato
com alguém que não podem encontrar. Nossa experiência é que o guerrilheiro
urbano ideal é alguém que opera em sua própria cidade e que
conhece completamente a cidade e suas ruas, suas vizinhanças,
seus problemas de trânsito, e outras peculiaridades. O guerrilheiro estrangeiro, que vem
a cidade na qual o terreno não é familiar para ele, é um ponto
fraco e se é designado para certas operações, pode colocá-la
em perigo. Para evitar erros graves, é necessário que o primeiro
conheça bem a localização das diferentes ruas.
Mobilidade
e Velocidade Para assegurar a mobilidade e a velocidade
que a polícia não pode alcançar, o guerrilheiro urbano necessita
dos seguintes pré-requisitos: a. mecânicos; b. conhecimento do
terreno; c. uma ruptura ou suspensão das comunicações e transportes
do inimigo; d. armamento leve. Há que ter cuidado na execução de
operações que duram escassamente uns momentos, e partindo do
lugar em, veículos, o guerrilheiro urbano faz uma retirada rápida,
escapando da perseguição O guerrilheiro urbano tem que saber
o caminho em detalhe e, neste sentido, tem que praticar o itinerário
antes de tempo como treinamento para evitar caminhos que não
tenham saída, ou acabanando em engarrafamentos, ou terminar
paralisado por construções do Departamento de Trânsito. A polícia persegue ao guerrilheiro
urbano cegamente sem o conhecimento de que estrada ele vai tomar
para sua fuga. Enquanto o guerrilheiro urbano foge
rapidamente porque conhece o terreno, a polícia perde a pista
e dão por terminada a perseguição. O guerrilheiro urbano deve lançar
suas operações longe das bases logísticas da polícia. Uma vantagem
inicial deste método de operação é que nos coloca a uma distância
razoável da possibilidade de perseguição, o que facilita a evasão. Em adição a esta precaução necessária,
o guerrilheiro urbano tem que estar preocupado com o sistema
de comunicação do inimigo. O telefone é o alvo primário para
prevenir o acesso inimigo à informação mediante a sabotagem
de seu sistema de comunicações. Ainda tendo conhecimento da operação
guerrilheira, o inimigo depende de transporte moderno para seu
apoio logístico, e seus veículos necessariamente perdem tempo
ao leva-lo pelo trânsito pesado das grandes cidades. É claro que o trânsito congestionado
e perigoso é uma desvantagem para o inimigo, como também o seria
para nós se não estivéssemos adiantados em relação ao inimigo. Se queremos uma margem de segurança
e estar seguros de não deixar pistas para o futuro, podemos
adotar as seguintes medidas: a. interceptar de propósito a polícia
com outros veículos ou por inconveniências casuais ou danos;
mas neste caso o veículo em questão não deve ser legal ou ter
placas de licença verdadeiras; b. obstruir a estrada com árvores
caídas, pedras, valas, letreiros de trânsito falsos, estradas
obstruídas ou desvios, e outros meios engenhosos; c. colocar minas caseiras no caminho
da polícia, utilizar gasolina, ou jogar bombas Molotov para
incendiar seus veículos; d. disparar uma rajada de balas de
metralhadora ou armas tais como a FAL contra o motor e pneus
dos veículos envolvidos na perseguição. Com a arrogância típica da polícia
e das autoridades militares fascistas, o inimigo virá lutar
com armas pesadas e equipamento, e com manobras elaboradas de
homens armados até os dentes. O guerrilheiro urbano tem que
responder a isto com armas leves facilmente transportáveis,
para que sempre possa escapar com velocidade máxima, sem aceitar
uma luta aberta. O guerrilheiro urbano não tem outra missão
do que atacar e retirar-se. Nos exporíamos a derrotas mais contundentes
se nos sobrecarregamos com armamento pesado e com o peso tremendo
das munições necessárias para disparar, na mesma perdendo o
presente precioso da mobilidade. Quando o inimigo luta contra nos
a cavalo não temos desvantagem sempre e quando temos veículos.
O automóvel anda mais rápido que o cavalo. Desde o interior
do automóvel também temos o alvo do policial montado, derrubá-lo
com metralhadora, revólver ou com coquetéis Molotov e granadas. Por outro lado, não é tão difícil
para um guerrilheiro urbano a pé fazer de um policial a cavalo
um alvo. Acima de tudo, cordas estendidas ao longo de estradas,
bolas de gude e rolhas são métodos muito eficientes de fazer
ambos caírem. A grande desvantagem do policial montado é que
se apresenta ao guerrilheiro urbano como dois alvos excelentes:
o cavalo e seu cavaleiro.
À parte de ser mais
rápido que um cavalo, o helicóptero não tem melhores
oportunidades em uma perseguição. Se o cavalo
é muito lento comparado com o automóvel do guerrilheiro
urbano, o helicóptero é muito rápido. Movendo-se
a 200 quilômetros por hora nunca terá êxito em
atingir desde cima a um alvo perdido entre as
multidões e os veículos da rua, nem tampouco pode
aterrizar em ruas para capturar alguém. Além disso,
quando tenta voar a baixas alturas torna-se extremadamente
vulnerável ao fogo do guerrilheiro urbano.
Informação As possibilidades que o governo tem
de descobrir e destruir o guerrilheiro urbano diminuem a medida
que o potencial dos inimigos do ditador tornam-se maiores e
mais concentrados entre as massas populares. A concentração de oponentes da ditadura
exerce um papel muito importante na obtenção de informação dos
movimentos de polícia e de homens do governo, como também ocultar
nossas atividades. O inimigo pode ser enganado por informação
falsa, o qual é pior para ele porque independente de seu significado,
as fontes de informação a disposição do guerrilheiro urbano
são potencialmente melhores que as dos policiais. O inimigo
é observado pela população, mas desconhece quem dentre a população
passa informações aos guerrilheiros urbanos. Os militares e
a polícia são odiados pelas injustiças e violência que tem cometido
contra a população, e isto facilita a obtenção de informação
prejudicial às atividades de agentes do inimigo.
A informação, que
é somente uma pequena parte do apoio popular,
representa um potencial extraordinário nas mãos
do guerrilheiro urbano. A criação de um serviço
de inteligência com uma estrutura organizada é
uma necessidade básica para nós. O guerrilheiro
urbano tem que ter informação essencial dos planos
e movimentos do inimigo, onde se encontra, e como
se movem, os recursos da rede bancária, os meios
de comunicação e seus movimentos secretos.
A informação confiável passada ao
guerrilheiro urbano representa um golpe certeiro contra a ditadura.
Não há forma de defender-se quando se enfrenta uma perda importante
de informação que põe em perigo seus interesses e facilita nosso
ataque destrutivo. O inimigo também quer conhecer que
passos estamos tomando para que possa nos destruir ou prevenir
de atuar. Neste sentido o perigo da traição esta presente e
o inimigo o fomenta e nutre, e infiltra espiões na organização.
As técnicas do guerrilheiro urbano usadas contra esta tática
do inimigo é de denunciar publicamente os traidores, espiões,
informantes e provocadores. Já que nossa luta toma lugar entre
as massas e depende de sua simpatia - enquanto que o governo
tem uma má reputação devido a sua brutalidade, corrupção e incompetência
- os informantes, espiões, traidores, e a polícia vem a serem
os inimigos da população sem apoiadores, denunciados aos guerrilheiro
urbanos, e em muitos casos, devidamente castigados. Por sua parte os guerrilheiros urbanos
não devem de evitar sua responsabilidade - uma vez que sabem
quem é o espião ou informante - de liquidá-lo. Este é o método
correto, aprovado pela população, e minimiza consideravelmente
a incidência de infiltração ou espionagem inimiga.
Para o completo êxito
na batalha contra os espiões é essencial a organização
de um serviço de contra-espionagem ou contra-inteligência.
No entanto, com respeito à informação, não pode
ser reduzida a somente saber os movimentos do
inimigo e evitar a infiltração de seus espiões.
A informação tem que ser ampla, tem que incluir
tudo, incluindo os dados mais significativos.
Há uma técnica de obter informação e o guerrilheiro
urbano a tem que dominar. Seguindo esta técnica,
a informação é obtida naturalmente, como uma parte
da vida das pessoas.
O guerrilheiro urbano, vivendo em
meio da população e movendo-se entre eles, tem que prestar atenção
a todo tipo de conversação e reações humanas, aprendendo a esconder
seus interesses com grande juízo e destreza. Em lugares onde as pessoas trabalham,
estudam e vivem, é fácil obter todo tipo de informação de pagamentos,
negócios, pontos de vista, opiniões, estado de mente das pessoas,
viagens, interiores de edifícios, oficinas e habitações, centros
de operações etc. A observação, investigação, reconhecimento,
e exploração do terreno também são fontes excelentes de informação.
O guerrilheiro urbano nunca vai a nenhum lugar sem prestar atenção
e sem precaução revolucionária, sempre alerta por se acontece
algo. Olhos e ouvidos abertos, sentidos alertas, a memória gravada
com todo o necessário para agora ou para o futuro, e para a
continuação da atividade do soldado guerrilheiro. A leitura cuidadosa da imprensa com
atenção particular aos órgãos de comunicação em massa, a investigação
de fatos acumulados, a transmissão de notícias e tudo observado,
uma persistência em ser informado e em informando os outros,
tudo isto compõe a questão intrincada e imensamente complicada
de informação que lhe dá ao guerrilheiro urbano a vantagem decisiva.
Decisão Não é suficiente para o guerrilheiro
urbano ter a seu favor surpresa, velocidade, conhecimento do
terreno e informação. Ele também deve demonstrar seu comando
em qualquer situação e uma capacidade de decisão sem a qual
todas as demais vantagens lhe resultariam inúteis. É impossível levar ao fim qualquer
ação, sem estar bem planejada, se o guerrilheiro urbano resulta
ser indeciso, incerto ou irresoluto. Ainda uma ação que tenha sido começada
com sucesso pode terminar em derrota sem o comando da situação
e a capacidade para tomar decisões falhar em meio a execução
do plano. Quando este comando da situação e a capacidade para
a decisão estão ausentes, este vazio é preenchido pela hesitação
e o temor. O inimigo toma vantagem desta falha e é capaz de
liquidar-nos.
O segredo para o
sucesso de qualquer operação, simples ou complicada,
fácil ou difícil, é o de confiar em determinados
homens. No sentido estrito, não existe uma operação
fácil: tudo tem que ser realizado com o mesmo
cuidado praticado em casos mais difíceis, começando
com a eleição dos elementos humanos, que significa
depender da liderança e capacidade de decisão
em qualquer situação.
Pode se antecipar o resultado de
uma ação pela forma em que os participantes atuam durante a
fase preparatória. Aqueles que estão atrasados, que não fazem
os contatos designados, são facilmente confundidos, esquecem
coisas, deixam de completar os elementos básicos do trabalho,
possivelmente são homens indecisos e podem ser um perigo. É
melhor não incluí-los. A decisão significa colocar em prática,
o plano que foi idealizado, com determinação, com audácia, e
com uma firmeza absoluta. Somente basta uma pessoa que hesita
perder tudo.
Objetivos
das Ações de Guerrilha Urbana Com suas técnicas desenvolvidas e
estabelecidas, o guerrilheiro urbano baseia-se em modelos de
ação que o conduzem a atacar e, no Brasil, com os seguintes
objetivos: a. ameaçar o triângulo no qual os
sistemas de dominação do estado brasileiro e norte-americano
são mantidos no Brasil, um triângulo cujos pontos são Rio, São
Paulo, e Belo Horizonte e cuja base é o eixo Rio-São Paulo,
onde o gigante complexo industrial, econômico, político, cultural,
militar, policial que sustenta o poder decisivo do país está
localizado;
b. debilitar os guardas
locais ou os sistemas de segurança da ditadura,
dado o fato de que estamos atacando e os militares
defendendo, o qual significa capturando as forças
governamentais em posições defensivas, com suas
tropas imobilizadas em defesa de todo complexo
de manutenção nacional, e com seu medo onipresente
de um ataque em seus centros nervosos estratégicos,
e sem saber onde, como, e quando virá o ataque;
c. atacar em todos lados, com muitos
grupos armados diferentes, pequenos em números, cada um independente
e operando por separado, para dispersar as forças do governo
em sua perseguição de uma organização extremadamente fragmentada
em vez de oferecer-lhes à ditadura a oportunidade de concentrar
suas forças repressivas na destruição de um sistema altamente
organizado e estruturado operando em todo o pais; d. provar sua combatividade, decisão,
firmeza, determinação, e persistência no ataque contra a ditadura
militar para permitir que todos os inconformes sigam nosso exemplo
e lutem com táticas de guerrilha urbana. Enquanto tanto, o governo,
com todos os problemas, incapaz de deter as operações da guerrilha
na cidade, perderam o tempo e sofreram desgastes, o que finalmente
ocasionará que retirem suas tropas para poder vigiar os bancos,
industrias, armarias, barracas militares, televisão, escritórios
norte-americanas, tanques de armazenamento de gás, refinarias
de petróleo, barcos, aviões, portos, aeroportos, hospitais,
centros de saúde, bancos de sangue, lojas, garagens, embaixadas,
residências de membros proeminentes do regime, tais como ministros
e generais, estações de policia, e organizações oficiais, etc.
e. aumentar os distúrbios
dos guerrilheiros urbanos gradualmente em ascendência
interminável de tal maneira que as tropas do governo
não possam deixar a área urbana para perseguir
o guerrilheiro sem arriscar abandonar a cidade,
e permitir que aumente a rebelião na costa como
também no interior do pais;
f. para obrigar o exército e a policia,
com os comandantes e seus assistentes, a mudar a acomodação
e tranqüilidade relativa das barracas e seu relativo descanso,
por um estado de alarme e tensão em aumento da expectativa de
ataque ou a busca de pistas que se desvanecem sem deixar traço
algum; g. para evitar batalhas abertas e
combate decisivo com as forças do governo, limitando a luta
a ataques rápidos e breves com resultados relâmpagos; h. para assegurar aos guerrilheiros
urbanos um máximo de liberdade de ação e movimento sem ter que
evitar o uso de violência armada, permanecendo firmemente orientado
até o começo da guerra de guerrilha rural e apoiando a construção
de um exército revolucionário para a libertação nacional.
Sobre
os Tipos e Natureza de Modelos de Ação para os Guerrilheiros
Urbanos
Para poder alcançar
os objetivos previamente enumerados, o guerrilheiro
urbano está obrigado, em sua técnica, a seguir
uma ação cuja natureza seja tão diferente e diversificada
como seja possível. O guerrilheiro urbano não
escolhe arbitrariamente este ou aquele modelo
de ação. Algumas ações são simples, outras são
complicados. O guerrilheiro urbano sem experiência
tem que ser incorporado gradualmente em ações
ou operações que correm desde as mais simples
até as mais complicadas. Começa com missões e
trabalhos pequenos até que se converta completamente
em um guerrilheiro urbano com experiência.
Antes de qualquer ação, o guerrilheiro
urbano tem que pensar nos métodos e no pessoal disponível para
realizar a ação. As operações e ações que demanda a preparação
técnica do guerrilheiro urbano não podem ser executadas por
alguém que carece de destrezas técnicas. Com estas precauções,
os modelos de ação que o guerrilheiro urbano pode realizar são
os seguintes: a. assaltos b. invasões c. ocupações d. emboscadas e. táticas de rua f. greves e interrupções de trabalho g. deserções, desvios, tomas, expropriações
de armas, munições e explosivos h. libertação de prisioneiros i. execuções j. seqüestros l. sabotagem m. terrorismo n. propaganda armada o. guerra de nervos
Assaltos
O assalto é o ataque
armado com o qual fazemos expropriações, libertamos
prisioneiros, capturamos explosivos, metralhadoras,
e outras armas típicas e munições.
Os assaltos podem ser realizados
de noite ou de dia. O assalto de noite é usualmente o mais vantajoso
às guerrilhas urbanas. A idéia é que o assalto seja executado
de noite quando as condições para um ataque de surpresa são
mais favoráveis e a obscuridade facilita a fuga e esconde a
identidade dos participantes. O guerrilheiro urbano tem que
preparar-se, no entanto, para atuar baixo qualquer condição,
de noite ou de dia. Os alvos mais vulneráveis para o
assalto são os seguintes: a. bancos e estabelecimentos de crédito b. negócios comerciais ou industriais,
incluindo a produção de armas e explosivos c. estabelecimentos militares d. delegacias e estações de policia e. presídios f. propriedade do governo g. meios de comunicação de massa h. escritórios e propriedades norte-americanas i. veículos do governo, incluindo
veículos militares e da polícia, caminhões, veículos armados,
carregadores de dinheiro, trens, barcos, e aviões. O assalto em estabelecimentos são
da mesma natureza porque em cada caso a propriedade e os edifícios
representam um alvo fixo. Os assaltos aos edifícios concebidos
como operações de guerrilha, variam de acordo a se são bancos,
negócios comerciais, industrias, acampamentos militares, delegacias,
presídios, estações de rádio, armazéns de empresas imperialistas,
etc. Os assaltos em veículos - carros
blindados, trens, barcos, aviões - são de outra natureza já
que envolvem um alvo em movimento. A natureza da operação varia
de acordo à situação e a possibilidade - isto é, se o alvo é
estacionário ou móvel. Os carros blindados, incluindo veículos
militares, não são imunes às minas. Estradas obstruídas, armadilhas,
enganos, intercepção de outros veículos, bombas Molotov, atirar
com armamento pesado, são métodos eficientes de assaltar veículos. Os veículos pesados, aviões em terra,
barcos ancorados, podem ser tomados e as tripulações capturadas.
Os aviões em vôo podem ser desviados de seu curso pela ação
guerrilheira ou por uma pessoa. Os barcos e trens em movimento podem
ser assaltados ou tomados por operações de guerrilha para poder
capturar as armas e munições ou para evitar o deslocamento de
tropas. O Assalto à Banco como Modelo Popular
O modelo de assalto
mais popular é o assalto à banco. No Brasil, a
guerrilha urbana começou um tipo de assalto organizado
em bancos como uma operação guerrilheira. Hoje
este tipo de assalto é utilizado comumente e tem
servido como um tipo de exame preliminar para
o guerrilheiro urbano em seu processo de aprendizagem
da guerra revolucionária.
Tem se desenvolvido inovações importantes
na técnica de assalto à bancos, o qual assegura a fuga, a retirada
de dinheiro, e o anonimato das pessoas envolvidas. Entre estas
inovações temos atirar nos pneus dos carros para evitar que
sejamos perseguidos, trancar as pessoas nos banheiros dos bancos,
obrigá-los a que se sentem no chão do banheiro; imobilizar os
guardas do banco e tomar seu armamento, obrigar a alguém a abrir
a caixa forte; e a utilização de disfarces. Tentativas para instalar alarmes
de bancos, ou para utilizar guardas ou aparelhos de detecção
eletrônicos de origem norte-americana, são de pouca utilidade
quando o assalto é de tipo político e executado de acordo com
as técnicas de guerrilha urbana. Esta técnica trata de utilizar
novos recursos para alcançar as mudanças táticas do inimigo,
tem acesso a poder de fogo que esta em crescimento todos os
dias, se faz mais astuta e audaz, e utiliza um grande número
de revolucionários todas as vezes, todas para garantir o êxito
das operações planejadas até o ultimo detalhe. O assalto à banco é a expropriação
típica. Mas, como é certo para qualquer tipo de expropriação
armada, o revolucionário esta em desvantagem por dois competidores: a. competição por delinqüentes; b. competição por contra-revolucionários
de direita;
Esta
competição produz confusão, o qual é refletido
em incerteza da população. Depende do guerrilheiro
urbano prevenir que isto aconteça, e para conseguir
isto utiliza dois métodos;
a. tem que evitar a técnica de bandidos,
o qual é o uso de violência desnecessária e da expropriação
de mercadorias e posses da população; b. tem que usar o assalto para propósitos
de propaganda, no mesmo momento em que esta acontecendo, e depois
distribuir material, papéis, e todo meio possível de explicar
os objetivos e os princípios do guerrilheiro urbano como expropriador
do governo, das classes governantes, e do imperialismo.
Batidas As batidas são ataques rápidos em
estabelecimentos localizados na vizinhança ou até no centro
da cidade, tal como unidades militares pequenas, delegacias,
hospitais, para causar problemas, tomar armas, castigar e aterrorizar
o inimigo, tomar represálias, ou resgatar prisioneiros feridos,
ou aqueles hospitalizados baixo vigilância da policia. As batidas também são lançadas em
garagens e estacionamentos para destruir veículos e danificar
instalações, especialmente se são empresas e propriedades norte-americanas.
Quando tomam lugar
em certas extensões de estrada ou em certas vizinhanças
distantes, os ataques podem servir para obrigar
o inimigo a mover grandes números de tropas, um
esforço totalmente inútil já que não encontraram
ninguém com quem lutar.
Quando são realizadas em certas casas,
escritórios, arquivos, ou escritórios públicos, seu propósito
é de capturar ou buscar papéis secretos e documentos com os
quais denunciar o envolvimento, os compromissos, e a corrupção
dos homens no governo, seus negócios sujos e as transações criminosas
com os norte-americanos. As batidas são mais efetivas se são
realizadas de noite.
Ocupações As ocupações são um tipo de ataque
realizado quando um guerrilheiro urbano se estaciona em estabelecimentos
e localizações específicas, para uma resistência temporal contra
o inimigo ou para algum propósito de propaganda. A ocupação de fábricas e escolas
durante greves ou em outros momentos é um método de protesto
ou de distrair a atenção do inimigo. A ocupação das estações de rádio
é para propósitos de propaganda. A ocupação é um método muito efetivo
para a ação mas, para prevenir perdas e danos materiais a nossas
forças, é sempre uma boa idéia o contar com a possibilidade
de retirada. Sempre tem que ser meticulosamente planejada e
executada no momento oportuno. A ocupação sempre tem um limite de
tempo e enquanto mais rápido se realize, melhor.
Emboscada
As emboscadas são
ataques tipificados por surpresa quando o inimigo
é apanhado em uma estrada ou quando faz que uma
rede de policiais rodeie uma casa ou propriedade.
Uma mensagem falsa pode trazer o inimigo a um
lugar onde caia em uma armadilha.
O objeto principal da tática de emboscada
é de capturar as armas e castigá-los com a morte. As emboscadas para deter trens de
passageiros são para propósitos de propaganda, e quando são
trens de tropas, o objetivo é de eliminar o inimigo e tomar
suas armas. O franco-atirador guerrilheiro é
o tipo de lutador ideal especialmente para as emboscada porque
pode se esconder facilmente nas irregularidade do terreno, nos
trechos dos edifícios e dos apartamentos sob construção. Desde
janelas e lugares escuros pode mirar cuidadosamente a seu alvo
escolhido. As emboscadas tem efeitos devastadores
no inimigo, deixando o nervoso, inseguro e cheio de temor.
Táticas
de Rua As táticas de rua são usadas para
lutar com o inimigo nas ruas, utilizando a participação das
massas contra ele. Em 1968, os estudantes Brasileiros
utilizaram táticas de rua excelentes contra as tropas da polícia,
tais como marchar pelas ruas contra o trânsito, e utilizar estilingues
e bolas de gude contra a polícia montada.
Outras táticas de
rua consistem na construção de barricadas, atirando
garrafas, tijolos, e outros projéteis desde o
telhado de apartamentos e edifícios de negócios
contra a polícia; utilizando edifícios sob construção
para sua fuga, para esconder-se, e para apoiar
os ataques surpresa.
É igualmente necessário saber como
responder às táticas do inimigo. Quando as tropas de policiais
vêm protegidas com capacetes para defender-se de objetos lançados,
nos dividimos em duas equipes; uma para atacar o inimigo de
frente, ou outra para atacá-lo desde a retaguarda, retirando
um à medida que o outro avança para prevenir que o primeiro
se converta em um alvo dos projéteis atirados pelo segundo. De igual forma é importante saber
como responder a uma rede de polícias. Quando a policia designa
uma certa área para que seus homens entrem em massa para prender
a um manifestante, um grupo maior de guerrilheiros urbanos tem
que rodear o grupo da polícia, desarmá-los, surrando-os e na
mesma hora permitir que o prisioneiro fuja. Esta operação de
guerrilha urbana se chama a rede dentro de uma rede.
Quando a rede policial
se forma em um edifício de escola, uma fábrica,
um lugar onde as massas se congregam, ou algum
outro ponto, o guerrilheiro urbano não deve render-se
ou que o tomem por surpresa. Para assegurar que
sua rede funcione o inimigo se vera na obrigação
de transportar a polícia em veículos e carros
especiais para ocupar pontos estratégicos nas
ruas para invadir edifícios ou locais selecionados.
O guerrilheiro urbano, por sua parte, nunca deve
de sair de um edifício ou uma área ou entrar nela
sem primeiro conhecer todas as saídas, a forma
de romper o círculo, os pontos estratégicos que
a policia poderia ocupar, e as estradas que inevitavelmente
conduzem até a rede, e deve apoderar-se de outros
pontos estratégicos desde os quais possa golpear
o inimigo.
As estradas seguidas pelos veículos
da polícia tem que serem minadas em pontos chaves e a pontos
forçados de parada. Quando as minas explodem, os veículos voaram
pelos ares. Os policiais cairão na armadilha e sofreram perdas
ou serão vítimas de uma emboscada. A rede tem que ser quebrada
por rotas de fuga desconhecidas para a polícia. O rigoroso plano
de retirada é a melhor maneira de frustrar qualquer esforço
de acercamento por parte do inimigo. Quando não há a possibilidade do
plano de fuga, a guerrilha urbana não deve esperar reunir-se,
agrupar-se, ou fazer qualquer outra coisa, já que fazê-lo evitará
sua possibilidade de romper a rede do inimigo, que seguramente
tentará atirar a redor dele. As táticas de rua têm revelado um
novo tipo de guerrilheiro urbano, o guerrilheiro urbano que
participa dos protestos em massa. Este é o tipo que designaremos
como o guerrilheiro urbano manifestante, que se une à multidão
e participa das marchas populares com fins específicos e definitivos.
Estes fins consistem
em atirar pedras e projéteis de todo tipo, utilizando
gasolina para começar incêndios, utilizando a
polícia como alvo para suas armas de fogo, capturando
as armas dos policiais, seqüestrando agentes do
inimigo e provocadores, disparar cuidadosamente
aos chefes de polícia que vem em carros especiais
com placas falsas para não atrair a atenção.
O guerrilheiro urbano manifestante
ensina aos grupos nas manifestações as rotas de fuga se é necessário.
Coloca minas, atira bombas Molotov, prepara emboscadas e explosões. O guerrilheiro urbano manifestante
também tem que iniciar a rede dentro da rede, revistando os
veículos do governo, os carros oficiais, e os veículos da polícia
para ver se tem dinheiro ou armas antes de virá-los e colocá-los
fogo. Os franco-atiradores são muito bons
para as manifestações em massa e, juntos com os guerrilheiros
urbanos manifestantes, podem exercer um papel chave. Escondidos
em pontos estratégicos, os franco-atiradores tem completo êxito,
utilizando escopetas, metralhadoras, etc., cujo fogo e rebote
causam perdas entre os inimigos.
Greves
e Interrupções de Trabalho
A greve é o modelo
de ação empregado pelo guerrilheiro urbano em
centros de trabalho e escolas para prejudicar
o inimigo por meio da detenção do trabalho e das
atividades de estudo. Já que é uma das armas mas
temidas pelos exploradores e opressores, o inimigo
utiliza um tremendo poder ofensivo e incrível
violência contra. Os grevistas são levados à prisão,
sofrem golpes, e muitos terminam assassinados.
O guerrilheiro urbano tem que preparar
a greve de tal forma como para não deixar indícios ou pistas
que possam identificar os líderes da ação. Uma greve é bem sucedida
quando é organizada por meio da ação de um grupo pequeno, se
é preparado cuidadosamente em segredo e pelos métodos mais clandestinos. As armas, munições, Molotovs, armas
caseiras de destruição e ataque, tudo isto tem que ser suprido
previamente para antecipar o inimigo. Para que possa causar
a maior quantidade de dano possível, é uma boa idéia estudar
e por em prática um plano de sabotagem. As interrupções de trabalho e estudo,
apesar de serem de breve duração, causam dano severo ao inimigo.
É suficiente para eles surgir em pontos diferentes e em diferentes
setores nas mesmas áreas, interrompendo a vida diária, ocorrendo,
sem fim, um dia depois do outro, de forma autenticamente guerrilheira. Em greves ou simples interrupções
de trabalho, o guerrilheiro urbano tem o recurso de ocupar ou
penetrar no local ou simplesmente fazer um ataque. Nesse caso,
seu objetivo é o de tomar reféns, capturar prisioneiros ou capturar
agentes inimigos e propor um intercâmbio de prisioneiros (para
liberar os grevistas).
Em certos casos,
as greves e as breves interrupções de trânsito
podem oferecer uma excelente oportunidade para
a preparação de emboscadas ou armadilhas cujo
fim é o de destruição física da cruel e sanguinária
polícia.
O fato básico é que o inimigo sofre
perdas em pessoal e material e danos morais, e é debilitado
pela ação. Deserções, Desvios, Confiscos, Expropriações
de Armas, Munições e Explosivos Deserções e desvios de armas são
ações efetuadas em campos militares, hospitais militares, etc.
O soldado da guerrilha urbana, o chefe, sargento, suboficial,
e o oficial devem desertar no momento mais oportuno com armas
modernas e munições, para entregá-las à guerrilha. Um dos momentos mais oportunos é
quando a guerrilha urbana militar é chamada para perseguir e
lutar contra seus camaradas guerrilheiros fora dos quartéis
militares. Em vez de seguir as ordens dos oficiais, a guerrilha
urbana militar deve juntar-se aos revolucionários dando-os as
armas e munições que carregam, ou o veículo militar que ele
opera. A vantagem deste método é que os
revolucionários recebem as armas e munições do exército, marinha,
força área, polícia, guarda civil, ou dos bombeiros sem nenhum
trabalho, porque lhes chega em mãos por meio de transporte do
governo.
Outras oportunidades
podem ocorrer nas barracas, e a guerrilha urbana
militar deve estar alerta a isso. Em caso de descuido
de parte dos comandantes ou em outras condições
favoráveis, assim como as atividades burocratas
ou o relaxamento de disciplina por parte dos suboficiais
ou outro pessoal interno, a guerrilha urbana militar
não pode esperar, mas tem que tratar de avisar
os guerrilheiros e desertar sós ou acompanhados,
mas com uma quantidade de armas tão grande como
seja possível.
Com a informação e a participação
da guerrilha urbana militar, ataques em barracas e outros estabelecimentos
militares com o propósito de capturar armas, podem ser organizados. Quando não há a possibilidade de
desertar com as armas e munições, a guerrilha urbana deve se
engajar na sabotagem, começando com explosões e incêndios em
depósitos de munições e pólvora. Esta técnica de desertar com armas
e munições, atacando e sabotando os centros militares, é a melhor
maneira de cansar e de desmoralizar aos soldados, deixando-os
confusos. O propósito da guerrilha urbana em
desarmar um inimigo individual é o de capturar suas armas. Estas
armas estão usualmente nas mãos dos sentinelas e outros que
estão executando a guarda ou repressão. A captura das armas podem ser completadas
por meios violentos ou pela astúcia ou armadilhas. Quando o
inimigo esta desarmado, ele deve ser revistado em busca de outras
armas que não sejam as que já foram retiradas. Se nos descuidamos,
ele pode usar essas armas para disparar nos guerrilheiros urbanos.
O confisco
de armas é um método eficaz para adquirir metralhadoras,
a arma mais importante da guerrilha.
Quando executamos pequenas operações
ou ações para confiscar armamentos e munições, o material capturado
pode ser para uso pessoal ou armamento e abastecimento dos grupos
de tiro. A necessidade de prover um poder
disparador para a guerrilha urbana é tão grande que, em ordem
para começar do ponto zero as vezes temos que comprar uma arma,
desviar, ou capturar uma só arma. O ponto básico é começar,
e começar com um espírito de determinação e coragem. A posse
de uma simples metralhadora multiplica nossas forças. Em um assalto a banco, devemos ser
cuidadosos de confiscar as armas dos guardas. O resto das armas
as encontraremos com o tesoureiro, o caixa, ou o administrador,
e também devem ser confiscadas. O outro método que podemos utilizar
é a preparação de emboscadas contra a polícia e os automóveis
que usam para locomover-se. Realmente muitas vezes, nós tivemos
êxito capturando armas em estações policiais, como um resultado
de ataques repentinos. As vezes triunfamos em capturar armas
em delegacias de polícia, como resultado de ataques repentinos. A expropriação de armas, munições
e explosivos é a meta da guerrilha urbana em assaltar locais
comerciais, industrias e quartéis.
Libertação
de Prisioneiros
A libertação de prisioneiros
é uma operação armada designada para libertar
guerrilheiros urbanos presos. Na luta diária contra
o inimigo, a guerrilha urbana esta sujeita a prisões
e podem ser sentenciados a ilimitados anos na
cadeia. Isto não quer dizer que a batalha revolucionária
acabe aqui. Para o guerrilheiro, sua experiência
é aprofundada pela prisão e a luta continua igualmente
até nos calabouços onde se encontram prisioneiros.
O guerrilheiro urbano encarcerado
vê a prisão como um terreno que deve dominar e entender para
libertar-se por meio de uma operação da guerrilha. Não há prisão,
nem uma ilha, ou uma penitenciária da cidade, ou uma fazenda,
que seja inpregnável pela astúcia, perseverança e pelo potencial
de fogo dos revolucionários. O guerrilheiro urbano que é livre
vê os estabelecimentos penais do inimigo como um lugar inevitável
da ação guerrilheira designada a libertar seus irmãos ideológicos
que estão aprisionados. É a combinação do guerrilheiro urbano
livre e o guerrilheiro urbano aprisionado que resulta nas operações
armadas a que nos referimos como a libertação de prisioneiros. As operações de guerrilha que se
podem usar para libertar os prisioneiros são as seguintes: a. ataques a estabelecimentos penais,
em colônias de correção ou ilhas, ou transportes ou barcos de
prisioneiros;
b. assaltos a penitenciárias
rurais ou urbanas, casas de detenção,delegacias,
depósitos de prisioneiros, ou outros lugares permanentes,
ocasionais ou temporários, onde se encontram os
prisioneiros.
c. assaltos a transportes de prisioneiros,
trens e automóveis; d. ataques e batidas em prisões; e. emboscadas a guardas que estão
movendo prisioneiros.
Execuções Execução é matar um espião norte-americano,
um agente da ditadura, um torturador da policia, ou uma personalidade
fascista no governo que está envolvido em crimes e perseguições
contra os patriotas, ou de um "dedo duro", informante,
agente policial, um provocador da policia. Aqueles que vão à polícia por sua
própria vontade fazer denúncias e acusações, aqueles que suprem
a polícia com pistas e informações e apontam a gente, também
devem ser executados quando são pegos pela guerrilha. A execução é uma ação secreta na
qual um número pequeno de pessoas da guerrilha se encontram
envolvidos. Em muitos casos, a execução pode ser realizada por
um franco-atirador, paciente, sozinho e desconhecido, e operando
absolutamente secreto e a sangue-frio.
Seqüestros
Seqüestrar é capturar
e assegurar em um lugar secreto um agente policial,
um espião norte-americano, uma personalidade política
ou um notório e perigoso inimigo do movimento
revolucionário.
O seqüestro é usado para trocar ou
libertar camaradas revolucionários aprisionados, ou para forçar
a suspensão da tortura nas cadeias de uma ditadura militar. O seqüestro de personalidades que
são artistas conhecidos, figuras do esporte ou que são grandiosos
em algum campo, mas que não tem evidência de um interesse político,
podem ser uma forma de propaganda para os princípios patrióticos
e revolucionários da guerrilha urbana sendo que ocorra baixo
circunstâncias especiais, e o seqüestro seja manipulado de uma
maneira que o público simpatize com ele e o aceite. O seqüestro de residentes norte-americanos
ou visitantes no Brasil constituem uma forma de protesto contra
a penetração e a dominação do imperialismo dos Estados Unidos
em nosso país.
Sabotagem O sabotagem é um tipo de ataque altamente
destrutivo usando somente várias pessoas e as vezes requerendo
somente uma para terminar o resultado desejado. Quando a guerrilha
urbana usa a sabotagem, a primeira fase é a sabotagem isolada.
Então vem a fase de sabotagem dispersada ou generalizada, levando
a população. Um plano de sabotagem bem executado
demanda estudo, planejamento e cuidadosa execução. Uma forma
característica da sabotagem é a explosão usando dinamite, incêndio
e a implantação de minas.
Um pouco de areia,
uma gota de qualquer tipo de combustível, ou pouca
lubrificação, um parafuso removido, um curto-circuito,
peças de madeira ou ferro, podem causar danos
irreparáveis.
O objetivo da sabotagem é para doer,
danificar, deixar sem uso e para destruir pontos vitais do inimigo
assim como os seguintes: a. a economia de um país; b. a produção agrícola e industrial; c. sistemas de comunicação e transporte; d. sistemas policiais e militares
e seus estabelecimentos e depósitos; e. o sistema repressor do sistema
militar-policial; f. empresas e propriedades norte-americanas
no país. A guerrilha urbana deve pôr em perigo
a economia do país, particularmente seus aspectos financeiros
e econômicos, assim como as redes comerciais domésticas e estrangeiras,
suas mudanças nos sistemas bancários, seu sistema de coleta
de impostos, e outros. Escritórios públicos, centros de
serviços do governo, armazéns do governo, são alvos fáceis para
sabotagem. Não vai ser fácil prevenir a sabotagem
da produção agrícola e industrial pela guerrilha urbana, com
sua sabedoria completa da situação.
Trabalhadores industriais
atuando como guerrilheiros urbanos são excelentes
para a sabotagem industrial já que sabem, melhor
que ninguém, entendem a indústria, a fábrica,
a maquinária, e talvez possam destruir toda a
operação, fazendo mais dano que uma pessoa mal
informada.
A respeito dos sistemas de comunicações
e de transportes do inimigo, começando com o tráfego ferroviário,
é necessário atacá-lo sistematicamente com as armas de sabotagem. A única precaução é a de não causar
a morte ou ferimento fatal aos passageiros, especialmente aos
que viajam com regularidade nestes trens suburbanos ou de longa
distância. Ataques a trens de carga, em movimento
ou estacionados, parar os sistemas de comunicação e de transporte
militar, são os maiores objetivo da sabotagem nesta área. Vagões podem ser danificados e retirados,
assim como os trilhos. Um túnel bloqueado depois de uma explosão,
uma obstrução de um vagão descarrilado, causam tremendo dano. O descarrilamento de um trem de carga
contendo combustível é um dos maiores danos que se podem fazer
ao inimigo. Assim como dinamitar pontes de vias. Num sistema
onde o peso e o tamanho do equipamento rodante é enorme, leva-se
meses para reparar ou reconstruir a destruição ou o dano. As rodovias, podem ser obstruídas
por árvores, veículos estacionados, valas, deslocação de barreiras
por dinamite e pontes destruídas por explosões.
Os barcos podem ser
danificados enquanto ancorados em portos marítimos,
ou de rios, ou em estaleiros. Os aviões podem
ser destruídos ou sabotados na pista.
As linhas telefônicas e telegráficas
podem ser sistematicamente danificadas, suas torres serem destruídas,
e suas linhas ficarem sem uso algum. As comunicações e o transporte devem
ser sabotados imediatamente, porque a guerra revolucionária
já começou no Brasil e é essencial impedir o movimento de tropas
e munições do inimigo. Oleodutos, instalações de combustível,
depósitos de bombas e munições, armazéns de pólvora e arsenais,
campos militares e bases, devem tornar-se alvos de operações
de sabotagem por excelência, enquanto que os veículos, caminhões
do exército, e outros automóveis militares e policiais podem
ser destruídos ao encontrá-los. Os centros de repressão militares
e policiais e seus específicos e especializados órgãos, devem
também chamar a atenção do sabotador da guerrilha urbana. As empresas e propriedades norte-americanas
no país, por sua parte, devem ser alvos tão freqüentes de sabotagem
que o volume das ações dirigidas sobrepasse o total de todas
outras ações contra os pontos vitais do inimigo.
Terrorismo O terrorismo é uma ação, usualmente
envolvendo a colocação de uma bomba ou uma bomba de fogo de
grande poder destrutivo, o qual é capaz de influir perdas irreparáveis
ao inimigo.
O terrorismo requer
que a guerrilha urbana tenha um conhecimento teórico
e prático de como fazer explosivos.
O ato do terrorismo, fora a facilidade
aparente na qual se pode realizar, não é diferente dos outros
atos da guerrilha urbana e ações na qual o triunfo depende do
plano e da determinação da organização revolucionária. É uma
ação que a guerrilha urbana deve executar com muita calma, decisão
e sangue frio. Ainda que o terrorismo geralmente
envolva uma explosão, há casos no qual pode ser realizado execução
ou incêndio sistemático de instalações, propriedades e depósitos
norte-americanos, fazendas, etc. É essencial assinalar a importância
dos incêndios e da construção de bombas incendiárias como bombas
de gasolina na técnica de terrorismo revolucionário. Outra coisa
importante é o material que a guerrilha urbana pode persuadir
o povo a expropriar em momentos de fome e escassez, resultados
dos grandes interesses comerciais. O terrorismo é uma arma que o revolucionário
não pode abandonar.
Propaganda
Armada A coordenação das ações da guerrilha
urbana, incluindo cada ação armada, é a principal forma de fazer
propaganda armada. Estas ações, feitas com determinados
e específicos objetivos, inevitavelmente se fazem material de
propaganda para o sistema de comunicação das massas.
Assaltos a bancos,
emboscadas, deserções, resgate de prisioneiros,
execuções, seqüestros, sabotagem, terrorismo e
a guerra de nervos são todos casos em ponto.
Aviões com rotas de vôo trocados
pela ação revolucionária, barcos e trens em movimento assaltados
e capturados por guerrilheiros, podem ser usados somente para
efeitos de propaganda. Mas a guerrilha urbana nunca deve
fracassar em instalar uma imprensa clandestina e deve poder
fazer cópias mimeografadas usando álcool ou pranchas elétricas
ou outros aparelhos duplicadores, expropriando o que não pode
comprar em ordem de produzir um jornal pequeno, panfletos, volantes
e estampas para a propaganda e agitação contra a ditadura. A guerrilha urbana comprometida com
a imprensa clandestinas facilita enormemente a incorporação
de um grande número de gente na batalha revolucionária, abrindo
um trabalho permanente para aqueles que desejam trabalhar com
a propaganda revolucionária, mesmo que quando fazê-lo signifique
trabalhar sozinho e arriscar sua vida como revolucionário. Com a existência de propaganda clandestina
e material agitador, o espírito inventor da guerrilha urbana
expande e cria catapultas, artefatos, morteiros e outros instrumentos
com os quais distribuir os panfletos anti-governo a distância.
Gravações em fita,
a ocupação de estações de rádio, o uso de alto
falantes, desenhos em paredes e em outros lugares
inacessíveis são outras formas de propaganda.
Em usá-las, a guerrilha urbana deve dar-lhes um
caráter de operações armadas.
Uma propaganda consistente de cartas
enviadas a endereços específicos, explicando o significado das
ações armadas da guerrilha urbana, isto produz consideráveis
resultados e é um método de influenciar certos segmentos da
população. Se esta influência é exercitada no
coração das pessoas por todo possível mecanismo de propaganda
girando em torno da atividade da guerrilha urbana, isto não
indica que nossas forças tem o suporte de todos. É suficiente ganhar o suporte de
parte da população e isto pode ser feito popularizando uma frase:
"Deixe que aquele que não quer fazer nada pelos revolucionários,
faça nada contra."
Guerra
de Nervos A guerra de nervos ou guerra psicológica
é uma técnica agressiva, baseada no direto ou indireto uso dos
meios de comunicação de massas e notícias transmitidas oralmente
com o propósito de desmoralizar o governo. Na guerra psicológica, o governo
esta sempre em desvantagem, porque impõe censura nas massas
e termina numa posição defensiva por não deixar nada contrário
infiltrar-se.
Neste ponto desespera-se,
envolve-se em grandes contradições e perda de
prestígio, perde tempo e energias num cansado
esforço ao controle, qual é sujeito a romper-se
em qualquer momento.
O objeto da guerra de nervos é para
enganar, propagar mentiras entre as autoridades na qual todos
podem participar, assim criando um ar de nervosismo, descrédito,
insegurança e preocupação por parte do governo. Os melhores métodos usados pela guerrilha
urbana na guerra de nervos são os seguintes: a. usando o telefone e o correio
para anunciar falsas pistas à polícia e ao governo, incluindo
informação de bombas e qualquer outro ato de terrorismo em escritórios
públicos e outros lugares, planos de seqüestro e assassinato,
etc, para obrigar as autoridades a cansar-se, dando seguimento
à falsa informação que foi alimentada; b. permitindo que planos falsos caiam
nas mãos da polícia para desviar sua atenção; c. plantar rumores para deixar o
governo nervoso; d. explorando cada meio possível
de corrupção, de erros e de falhas do governo e seus representantes,
forçando-os a explicações desmoralizantes e justificações nos
meios de comunicação de massas que mantém baixo censura;
e. apresentando denúncias
a embaixadas estrangeiras, às Nações Unidas, a
nunciatura do papa, e as comissões internacionais
judiciais defensoras dos direitos humanos ou da
liberdade de imprensa, expondo cada violação concreta
e o uso de violência pela ditadura militar e fazendo
conhecer que a guerra revolucionária irá continuar
seu curso com perigos sérios para os inimigos
da população.
Como Executar
a Ação A guerrilha urbana que corretamente
passa através de seu aprendizado e seu treinamento deve dar
grande importância a sua tática de executar sua ação, por isso
não se deve cometer o mais pequeno erro. Qualquer descuido na assimilação
do método e seu uso, convida certo desastre, assim como a experiência
nos ensina cada dia. Os bandidos cometem erros freqüentemente
por seus métodos, e esta é uma das razões pela qual a guerrilha
urbana deve estar tão intensamente preocupada por seguir a técnica
revolucionária e não a técnica dos bandidos. Não há guerrilha urbana merecedora
do nome que ignore a tática revolucionária de ação e fracasse
em praticar rigorosamente o planejamento e a execução de suas
atividades. O gigante é conhecido por seus dedos.
O mesmo pode ser dito da guerrilha urbana que é conhecida tão
longe como seus métodos corretos e sua fidelidade absoluta aos
princípios. O método revolucionário de execução
de uma ação é fortemente baseado no conhecimento e no uso dos
seguintes elementos: a. investigação de informação; b. observação e vigilância; c. reconhecimento ou exploração do
terreno;
d.
estudo e tempo das rotas;
e. mapas; f. mecanização; g. cuidadosa seleção de pessoal; h. seleção do poder de fogo; i. estudo e prática em êxito; j. êxito; l. disfarce; m. retirada; n. dispersão; o. libertação e troca de prisioneiros; p. eliminação de pistas; p. resgate de feridos. Algumas Observações nas Táticas Quando não há informação, o ponto
de saída do plano de ação deve ser investigação, observação
e vigilância. Este método também da bons resultados. Em qualquer evento, incluindo quando
há informação, é essencial fazer observações para ver se a informação
esta a par com a observação ou vice-versa. Reconhecimento ou exploração do terreno,
estudo e o tempo das rotas, são tão importantes que quando omitidos
seria como tentar apunhalar no escuro. Mecanização, em geral, é um fator
subestimado no método de conduzir uma ação. Freqüentemente a
mecanização é deixada para o fim, antes de que se faça algo
sobre isso.
Isto é um erro. A
mecanização deve de ser considerada seriamente,
deve ser colhida com ampla vista e de acordo com
um plano cuidadoso, também baseado na informação
e observação, e deve ser executado com cuidado
rigoroso e precisão. O cuidado, conservação, manutenção
e camuflagem dos veículos expropriados são detalhes
bem importantes da mecanização.
Quando o transporte falha, a ação
principal falha com sérias conseqüências morais e materiais
para a atividade da guerrilha urbana. A seleção de pessoal requer grande
cuidado para evitar a inclusão de pessoas indecisas e vacilantes
que presentes com perigo possam contaminar os outros participantes,
uma dificuldade que deve ser evitada. A retirada é igual ou mais importante
que a operação em si, ao ponto de ter que ser planejada rigorosamente,
incluindo a possibilidade de falha. Deve-se evitar o resgate ou a transferência
de prisioneiros com crianças presentes, ou qualquer coisa que
atraia a atenção das pessoas em trânsito casual na área. O melhor
é fazer o resgate tão natural quanto seja possível, sempre passando
ao redor, ou usando estradas diferentes ou ruas estreitas que
quase não permitam a passagem a pé, para evitar o encontro dos
carros. A eliminação das pistas é obrigatório e demanda grande
precaução ao esconder as impressões digitais e outras classes
de indícios que informem o inimigo. A falta de cuidado na eliminação
dos vestígios e das pistas é um fator que aumenta o nervosismo
em nossas patentes que o inimigo as vezes explora.
Resgate
de Feridos
O problema com os feridos na guerrilha
urbana merece atenção especial. Durante operações da guerrilha
na zona urbana pode ocorrer que algum camarada seja ferido acidentalmente
ou atingido pela policia. Quando um da guerrilha esta num grupo
de atiradores tem o conhecimento de primeiros socorros e pode
fazer algo pelo camarada ferido. Em nenhuma circunstância pode
ser abandonado o guerrilheiro e ser deixado em mãos do inimigo. Uma das precauções que devemos tomar
é de treinar a homens e mulheres em cursos de enfermaria, nos
quais guerrilheiros podem matricular-se e aprender técnicas
de primeiros-socorros. O doutor da guerrilha urbana, estudante
de medicina, enfermeiro, farmacêutico ou simplesmente uma pessoa
treinada em primeiros-socorros, é de necessidade numa batalha
revolucionária moderna. Um pequeno manual de primeiros-socorros
para a guerrilha urbana, impresso ou em mimeógrafo, pode ser
compreendido por uma pessoa que tenha suficiente conhecimento. No planejamento ou execução de uma
ação armada, a guerrilha urbana não pode esquecer a organização
logística médica. Isto pode ser completado por meio de uma clínica
móvel ou motorizada. Você também pode estabelecer uma estação
de primeiros-socorros e utilizar os conhecimentos de um camarada
da guerrilha que esperará com equipamentos num lugar designado
onde os feridos são trazidos.
O ideal seria ter
uma clínica bem equipada, mas é bem custoso a
menos que usemos materiais expropriados.
Quando tudo falha, as vezes é necessário
recorrer a clínicas legais, usando a força se necessário para
que os doutores atendam aos nossos feridos. Na eventualidade que recorrermos
a bancos de sangre para comprar sangue ou plasma completo, não
deveremos usar endereços legais e certamente endereços onde
feridos poderiam ser encontrados, porque eles estão baixo nossa
proteção e cuidado. Nem deveríamos dar endereços destes que
estão envolvidos no trabalho clandestino da organização que
trabalham nos hospitais e nas clínicas de onde os colhemos.
Essas preocupações são indispensáveis para cobrir qualquer pista. As casa onde os feridos ficam não
pode ser conhecida por ninguém com exclusiva exceção de um pequeno
grupo de camaradas que estão responsáveis pelo tratamento e
transporte. Cobertores, roupa ensangüentada,
medicamentos e outros tipos de indícios de tratamento de um
camarada ferido em combate com a polícia, deve ser completamente
eliminado dos lugares que eles visitam para receber tratamento.
Segurança
da Guerrilha
A guerrilha urbana
vive em constante perigo da possibilidade de ser
descoberta ou denunciada. O primeiro problema
de segurança é ter certeza de que estamos bem
escondidos e bem seguros, e de que há métodos
seguros de manter-se fora do alcance da polícia.
O pior inimigo da guerrilha e o maior
perigo que corremos é a infiltração em nossa organização de
um espião ou um informante. O espião apreendido dentro de nossa
organização será castigado com a morte. O mesmo vai para o que
deserta e informa a polícia. Uma boa segurança é a certeza de
que o inimigo não tem espiões ou agentes infiltrados em nosso
meio e não pode receber informação de nossos por meios distantes
ou indiretos. A maneira fundamental para assegurarmos isto é
de ser rigorosos e cautelosos no recrutamento. Nem é permitido alguém conhecer todos
e tudo. Cada pessoa somente deve saber o que se relaciona com
seu trabalho. Esta rega é o ponto fundamental no ABC da segurança
da guerrilha urbana. A batalha a qual estamos enfrentando
o inimigo é árdua e dificultosa porque é uma luta das massas.
Cada classe luta numa batalha de vida ou morte quando as classes
são antagônicas. O inimigo quer nos aniquilar e luta
para encontrar-nos e destruir-nos, assim que nossa grande arma
consiste em esconder-nos dele e atacá-lo de surpresa.
O perigo para guerrilha
urbana que ele possa revelar-se por meio da imprudência
ou por meio da falta de classe vigilante. Não
se admite que a guerrilha urbana dê seu próprio
ou outro endereço clandestino ao inimigo ou que
fale muito. Anotações nas margens dos jornais,
documentos perdidos, cartões de chamadas, cartas
ou notas, todas estas são pistas para a polícia.
Endereços e livros de telefones devem
ser destruídos e não se deve escrever ou guardar papéis; é necessário
evitar manter arquivos de nomes legais ou ilegais, informação
biográfica, mapas e planos. Os pontos de contato não se deve
escrever, mas simplesmente memorizá-los. O guerrilheiro que viola estas regras
deve ser advertido pelo primeiro que se der conta, e se continuar,
deve-se deixar de trabalhar com ele. A necessidade da guerrilha de mover-se
constantemente e a relativa proximidade da polícia, dadas as
circunstâncias de uma rede policial estratégica que esta ao
redor da cidade, forças que adotam métodos variáveis de segurança
dependendo dos movimentos do inimigo. Por esta razão é necessário manter
um serviço de notícias diário perto do que o inimigo parece
fazer, onde está a rede da polícia operando e em que lugares
eles vigiam. A leitura diária das notícias policiais nos jornais
é uma grande função de informação nesses casos. A lição mais importante de segurança,
sob nenhuma circunstância, permitir o mais remoto indício de
relaxamento com a manutenção das medidas de segurança e regulamentos
dentro da organização.
A segurança da guerrilha
deve ser mantida também e principalmente em casos
de prisão. O guerrilheiro preso não pode revelar
nada à polícia que possa prejudicar à organização.
Não pode dizer nada que de pistas, como conseqüência,
as prisões de outros camaradas, a descoberta de
endereços e lugares de esconderijo, a perda de
armas e munições.
Os Sete
Pecados da Guerrilha Urbana Assim como a guerrilha urbana aplica
suas técnicas revolucionárias com rigorosidade e precisão, obedece
às regras de segurança, ela ainda está vulnerável aos erros.
Não há uma guerrilha urbana perfeita. O que se pode fazer é
manter seu esforço em diminuir sua margem de erro porque não
é perfeita. Um dos métodos que podemos utilizar
para diminuir a margem de erro é conhecer os sete pecados da
guerrilha urbana e tratar de evitá-los. O primeiro pecado da
guerrilha urbana é a pouca experiência. A guerrilha urbana,
cega por seu pecado, pensa que o inimigo é estúpido, não considera
sua inteligência, crendo que tudo é fácil e, como resultado,
deixa pistas que podem causar seu desastre. Por sua pouca experiência, a guerrilha
urbana pode sobrestimar as forças do inimigo, crendo que eles
são mais fortes que ela. Deixando-se enganar por sua presunção,
a guerrilha urbana então se intimida, fica insegura e indecisa,
paralisada e falta de audácia. O segundo pecado da guerrilha urbana
é vangloriar-se de suas ações completadas e espalhá-lo aos quatro
ventos.
O terceiro pecado
da guerrilha urbana é vaidade. A guerrilha urbana
que padece deste pecado trata de resolver seus
problemas da revolução com ações nas cidade, mas
sem preocupar-se com os princípios e sobrevivência
da guerrilha em zonas rurais. Cegada por seu triunfo,
ela começa a organizar ações que considera decisivas
e que colocam em jogo todas as forças e recursos
da organização. Já que não podemos interromper
a luta guerrilheira nas cidades enquanto que a
guerra rural não tenha estourado, nós sempre corremos
o erro fatal de permitir que o inimigo nos ataque
com golpes decisivos.
O quarto pecado da guerrilha urbana
é de exagerar sua força e tentar fazer projetos que lhe faltam
forças e, ainda, não tem a infra-estrutura requerida. O quinto pecado do guerrilheiro urbano
é a ação precipitada. O guerrilheiro urbano que comete este
pecado perde a paciência, sofre um ataque de nervos, não espera
por nada, e se joga impetuosamente na ação, sofrendo perdas
inapreciáveis. O sexto pecado do guerrilheiro urbano
é atacar o inimigo quando eles estão mais enfurecidos. O sétimo pecado do guerrilheiro urbano
é o de não planejar as coisas e atuar improvisadamente.
Apoio Popular Um dos problemas principais do guerrilheiro
é sua identificação com as causas populares para ganhar o apoio
popular.
Quando as ações governamentais
se tornam corruptas e ineptas, o guerrilheiro
urbano, não deve hesitar em demostrar que ele
se opõe ao governo e ganhar a simpatia das massas.
O presente governo, por exemplo, impõe pesadas
cargas financeiras à população na forma de impostos.
É responsabilidade do guerrilheiro urbano então
atacar o sistema de pagamento de impostos e de
obstruir sua atividade financeira, tirando todo
o peso da atividade revolucionária contra ela.
O guerrilheiro urbano luta não somente
por transtornar o sistema de coleta de impostos; o braço da
violência revolucionária também tem que estar dirigido contra
os órgãos do governo que levantam os preços e aqueles que os
dirigem, como também contra os mais ricos capitalistas nacionais
e estrangeiros e os donos de propriedades importantes; em resumo,
todos aqueles que acumulam fortunas com o alto custo de vida,
salário de fome, preços e aluguéis excessivos. Monopólios estrangeiros, tais como
a refrigeração e outras instalações norte-americanas que monopolizam
o mercado e a manufatura de suprimentos de comida gerais, tem
que ser sistematicamente atacados pelo guerrilheiro urbano.
A rebelião do guerrilheiro
urbano e sua persistência na intervenção de questões
políticas é a melhor forma de assegurar o apoio
popular na causa que defendemos. Repetimos e insistimos
em repetir: é a melhor forma de assegurar o apoio
popular. Tão pronto uma porção razoável da população
começa a levar a sério a ação do guerrilheiro
urbano, seu êxito é garantido.
O governo não tem alternativa exceto
intensificar sua repressão. A rede da polícia, as buscas em
casas, a prisão de pessoas inocentes e de suspeitos, ou fechar
as ruas, e fazer a cidade insuportável. A ditadura militar embarca
na perseguição política. Os assassinatos políticos e o terror
policial se fazem rotina. A pesar de tudo isto, a polícia sistematicamente
perde. As forças armadas, a marinha e a força aérea são mobilizadas
para executar as funções policiais rotineiras. Ainda assim não
encontram uma forma de deter as operações da guerrilha, nem
tampouco de acabar com a organização revolucionária com seus
grupos fragmentados que se movem e operam através do território
nacional contagiosa e persistentemente. A pessoas se recusam a colaborar
com as autoridades, e o sentimento geral é o de que o governo
é injusto, incapaz de resolver problemas, e recorre somente
a liquidação de seus oponentes. A situação política no país é transformada
numa situação militar na qual os militares aparentam ser mais
e mais responsáveis pelos erros e a violência, enquanto que
os problemas das vidas das pessoas se fazem verdadeiramente
catastróficas.
Quando vêem que os
militares e a ditadura estão a ponto do abismo,
e temendo as conseqüências de uma guerra civil
que já esta a caminho, os pacificadores (que sempre
se encontram dentro de as classes governantes),
e os oportunistas de ala direita, amigos da luta
sem violência, se unem e começam a circular rumores
detrás "das cortinas", pedindo ao carrasco
eleições, "redemocratização", reformas
constitucionais, e outras bobagens desenhadas
para confundir as massas e fazê-las parar a rebelião
revolucionária nas cidades e nas áreas rurais
do país.
Mas, observando os revolucionários,
as pessoas agora entendem que seria uma farsa elas votarem em
eleições que tem como único objetivo, garantir a continuação
da ditadura militar e cobrir os crimes do estado. Atacando de coração esta falsa eleição
e a chamada "solução política" tão apeladora aos oportunistas,
o guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo e violento,
girando em torno da sabotagem, do terrorismo, das expropriações,
dos assaltos, dos seqüestros, das execuções, etc. Isto contestaria qualquer tentativa
de enganar às massas com a abertura de um Congresso e a reorganização
dos partidos políticos--partidos do governo e os de oposição
que permitira--quando todo o tempo o parlamento e os chamados
partidos políticos funcionam graças a uma licença da ditadura
militar num verdadeiro espetáculo de marionetes e cachorros
numa corda.
O papel do guerrilheiro
urbano, para poder ganhar o apoio das pessoas,
é o de continuar lutando, mantendo em mente os
interesses das massas e a intensificação de uma
situação desastrosa no qual o governo tem que
atuar. Estas são as circunstâncias, desastrosas
para a ditadura, que permitirão aos revolucionários
abrir a guerrilha rural no meio de uma expansão
incontrolável da rebelião urbana.
O guerrilheiro urbano está envolvido
na ação revolucionária a favor do povo e busca nela a participação
das massas numa luta contra a ditadura militar e para a libertação
do país. Começando com a cidade e com o apoio do povo, a guerrilha
rural se desenrola rapidamente, estabelecendo sua infra-estrutura
cuidadosamente enquanto que a área urbana continua sua rebelião.
Guerrilha
Urbana, Escola para Selecionar o Guerrilheiro A revolução é um fenômeno social
que depende dos homens, das armas e dos recursos. As armas e
os recursos existem no país e podem ser tomados e usados, mas
para fazer isto é necessário contar com homens. Sem eles, as
armas e os recursos não tem nem uso nem valor. Por sua parte, os homens tem que
ter duas qualidades básicas e indispensáveis: a. tem que ter uma motivação político-revolucionária; b. tem que ter a necessária preparação
técnica-revolucionária. Os homens com a preparação político-revolucionária
se encontram entre os vastos contingentes dos inimigos da ditadura
militar e do domínio do imperialismo dos EUA.
Os homens que estão
melhor treinados, mais experientes, e dedicados
à guerrilha urbana, constituem a base para a guerra
revolucionária, e por tanto, da revolução brasileira.
Desta base é que surge o núcleo do exército revolucionário
de libertação nacional, levantando-se da guerra
revolucionária.
Este é o núcleo central, não de burocratas
e oportunistas escondidos na estrutura organizacional, não de
conferenciantes vazios, de escritores de resoluções que permanecem
no papel, senão de homens que lutam. Os homens que desde o principio
tem a determinação e tem estado prontos para qualquer coisa,
que pessoalmente participam nas ações revolucionárias, que não
tem dúvidas e nem enganam. Este é o núcleo doutrinado e disciplinado
com uma estratégia de longo alcance e uma visão tática consistente
com a aplicação da teoria Marxista, dos desenvolvimentos do
Leninismo e Castro-Guevaristas, aplicados às condições específicas
da situação revolucionária. Este é o núcleo que dirigirá a rebelião
à fase de guerra de guerrilha. Dela surgiram os homens e mulheres
com o desenvolvimento político-militar, um indivisível, cujo
trabalho será o dos líderes futuros depois do triunfo da revolução,
na construção de uma nova sociedade Brasileira.
Desde agora, os homens
e mulheres escolhidos para a guerra de guerrilha
urbana são trabalhadores; camponeses a quem a
cidade atraiu por seu potencial de trabalho e
quem regressarão à área rural completamente doutrinados
e tecnicamente preparados; estudantes, intelectuais
e sacerdotes. Este é o material com o qual estamos
construindo-- começando a guerra de guerrilhas--a
aliança armada de trabalhadores e camponeses,
com estudantes, intelectuais e sacerdotes.
Os trabalhadores tem conhecimento
infinito da esfera industrial e são os melhores nos trabalhos
revolucionários urbanos. O trabalhador guerrilheiro urbano participa
na luta mediante a construção de armas, sabotando e preparando
sabotadores e dinamiteiros, e pessoalmente participando em ações
envolvendo armas de mão, ou organizando greves e paradas parciais
com a violência em massa característica em fábricas, centros
de trabalho e outros lugares de trabalho. Os camponeses tem uma intuição extraordinária
de conhecimento da terra, juízo no confronto do inimigo, e a
indispensável habilidade de comunicar com as massas humildes.
O guerrilheiro camponês esta participando já em nossa luta e
é quem chega ao núcleo da guerrilha, estabelece pontos de apoio
nas áreas rurais, encontra lugares para esconder indivíduos,
armas, munições, suprimentos, organiza a colheita de grãos utilizados
na guerra de guerrilhas, escolhe os pontos de transporte, pontos
de criação de gado, e as fontes de suprimentos de carnes, treina
os guias que ensinam ao guerrilheiro urbano as estradas, e cria
um sistema de informação na área rural.
Os estudantes se
destacam por ser politicamente cruéis e rudes
e por tanto rompem todas as regras. Quando são
integrados na guerrilha urbana, como esta ocorrendo
agora em grande escala, ensinam um talento especial
para a violência revolucionária e pronto adquirem
um alto nível de destreza político-técnico-militar.
Os estudantes tem bastante tempo livre em suas
mãos porque são sistematicamente separados, suspendidos
e expulsos da escola pela ditadura e assim começam
a usar seu tempo vantajosamente a favor de a revolução.
Os intelectuais constituem a vanguarda
da resistência aos atos arbitrários, às injustiças sociais e
à inumanidade terrível da ditadura. Eles expandem a chamada
revolucionária e tem uma grande influência na população. O guerrilheiro
urbano intelectual é o aderente ás moderno da revolução brasileira. Os homens da igreja, isto é, aqueles
ministros ou sacerdotes de várias hierarquias e denominações,
representam um setor que tem habilidade especial para comunicar-se
com o povo, particularmente os trabalhadores, camponeses, e
a mulher brasileira. O sacerdote que é um guerrilheiro urbano
é um ingrediente poderoso na guerra revolucionária brasileira,
e constituem uma arma poderosa contra o poder militar e o imperialismo
norte-americano.
Com respeito à mulher
brasileira, sua participação na guerra revolucionária,
em particular na guerrilha urbana, tem sido distinguido
por seu espírito lutador e tenacidade sem limite,
não é somente por sorte que tantas mulheres tem
sido acusadas de participação nas ações de guerrilha
contra bancos, centros militares, etc., e que
tantas estão em prisões enquanto que tantas outras
ainda são procuradas pela polícia. Como uma escola
para escolher o guerrilheiro, a guerra de guerrilha
urbana prepara e coloca ao mesmo nível de responsabilidade
e eficiência a homens e mulheres que compartilham
os mesmos perigos de lutar, buscar suprimentos,
servir como mensageiros ou corredores, ou motoristas,
ou navegantes, ou pilotos de aviões, obtendo informação
secreta, e ajudando com a propaganda ou o trabalho
de doutrinação.
Carlos Marighella junho 1969
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