Policial
é suspeito de matar Gilson Nogueira
Otávio
Ernesto teve a arma descoberta por acaso
Washignton
Rodrigues e Wagner Vasconcelos
Repórteres
A
Polícia Federal acredita que reuniu provas suficientes para incriminar
o policial civil aposentado Otávio Ernesto Moreira, de 56 anos, como um
dos pistoleiros que mataram o advogado do Centro de Direitos Humanos e
Memória Popular, Gilson Nogueira de Carvalho, em 1996. Otávio já
está preso, desde ontem de manhã, no Quartel da Polícia Militar, no
Tirol.
Um
cartucho de espingarda 12 encontrado próximo do corpo de Gilson
Nogueira em 1996, é uma das provas que a polícia diz ter conseguido
contra o policial. O cartucho foi comparado, por peritos de Brasília,
com uma espingarda apreendida no mês de novembro do ano passado dentro
da casa de Otávio Ernesto, no bairro Nazaré, em Natal. O exame
comprovou, segundo a PF, que a bala usada contra Nogueira saiu da
espingarda do policial aposentado.
O
CRIME - Gilson Nogueira foi fuzilado na
madrugada do dia 20 de outubro de 1996, quando chegava em casa, em um
sítio da comunidade Ferreiro Torto, periferia de Macaíba. Os
pistoleiros atiraram de escopeta e pistola contra a caminhoneta S-10 na
qual o advogado voltava da Festa do Boi, acompanhado da namorada, uma
garçonete de 17 anos. Depois da execução, os pistoleiros fugiram num
Gol, que foi abandonado e queimado quilômetros adiante, dentro do
terreno do colégio Agrícola de Jundiaí.
Após o
assassinato, os peritos examinaram a cena do crime e encontraram o
cartucho no chão, deflagrado, próximo do carro que Nogueira dirigia. O
cartucho foi guardado nos arquivos do inquérito e agora é o principal
argumento da Polícia Federal para tentar comprovar que Gilson Nogueira
foi assassinado por policiais civis da Secretaria de Segurança do Rio
Grande do Norte.
Depois do
resultado do exame de balística, a Polícia Federal pediu a prisão
preventiva de Otávio Ernesto à juíza de Macaíba, Tálita Maranhão,
que assinou o decreto na quinta-feira. No mesmo dia um esquadrão de
policiais federais bem armados cercaram o sítio que pertence a Otávio
Ernesto, no loteamento Planalto, na Zona Oeste de Natal. O policial foi
preso e levado para a Superintendência da PF, na Cidade da Esperança.
Lá, foi
interrogado durante boa parte da noite e dormiu sob a vigilância de
três agentes federais. De manhã, foi transferido, com escolta especial
de três automóveis, para uma cela do Quartel da Polícia Militar, onde
vai ficar detido até que a Justiça decida se ele é inocente ou
culpado do crime.
A TRIBUNA
DO NORTE tentou uma entrevista, ontem à tarde, com o policial Otávio
Ernesto. Mas por ordem do Comando da Polícia Militar, o acesso estava
proibido à repórteres.
Otávio
está ocupando uma cela numa área lateral do Quartel, geralmente usada
para detenção de PMs que cometem infrações. Um amigo conseguiu
conversar com ele no cárcere e disse que Otávio nega o envolvimento no
crime.
O
policial Otávio Ernesto tem 56 anos, nasceu na cidade de São Tomé,
interior do Rio Grande do Norte e entrou na Polícia Civil em 22 de
fevereiro de 1962. Está aposentado há dois anos. Durante o tempo em
que permaneceu na ativa, era conhecido pelos amigos como "Cobra
Preta", e trabalhou diretamente nas equipes de investigação do
coronel Bento Manoel de Medeiros, ex-chefe geral da polícia do RN, e
com o filho deste, Maurílio Pinto de Medeiros, que também comandou a
polícia durante 20 anos.
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