Mecanismos
Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos
Casos encaminhados
pelo Centro de Justiça Global
O
ano de 2000 representou um avanço significativo no que concerne
ao uso dos mecanismos internacionais de proteção dos direitos
humanos por parte de grupos da sociedade civil no Brasil. Visitas
da Alta Comissária dos Direitos Humanos, do Relator Especial da
ONU Sobre a Tortura e da Comissão Inter-Americana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos propiciaram um
importante fórum para ONGs brasileiras e movimentos sociais
levantarem questões preocupantes e pressionarem no sentido de
exigir mudanças. Ao mesmo tempo, um número crescente de grupos
utilizou os mecanismos permanentes existentes na ONU e na OEA para
denunciar violações e para pressionar autoridades locais no
sentido de responderem concretamente às suas demandas.
Ao
longo deste ano, o Centro de Justiça Global (CJG) trabalhou com
dezenas de grupos brasileiros de direitos humanos, tanto em casos
de denúncias quanto em sessões de trabalho elaboradas para
possibilitar o acesso direto destes grupos a organismos
internacionais. Sintetizamos abaixo as principais ações
realizadas pelo CJG frente aos organismos internacionais durante o
ano 2000.
Instâncias
da ONU:
Relator
Especial da ONU Sobre a Tortura, Sr. Nigel Rodley
Tendo em vista a visita ao Brasil do
Relator Especial Sobre Tortura, Sr. Nigel Rodley, e seus esforços
no sentido de documentar casos de tortura para serem incluídos em
seu relatório a ser divulgado no início de 2001, o
encaminhamento de informações e a facilitação do contato
direto com vítimas e testemunhas foram prioridade para a Justiça
Global. Ao longo do ano, entregamos as seguintes petições
(listadas na ordem de sua apresentação):
Lorival
Lesse, Valdecir Bordingnon e Aristides dos Santos Lisboa,
Ortigueira, Paraná, 29 de abril, 1999 (entregue em 10 de abril de
2000):
Militares
a paisana e oficiais de operações especiais da polícia
desalojaram com uso de força trinta famílias sem-terra de uma
propriedade onde estavam acampadas em Ortigueira, Paraná. Muitos
dos policiais estavam encapuzados e não utilizavam as etiquetas
de identificação exigidas. A polícia agrediu muitos
trabalhadores sem-terra, mas escolheu três homens - Lorival
Lesse, Valdecir Bordingnon e Aristides dos Santos Lisboa - para
sessões individuais de tortura que incluíram espancamentos,
simulação de execução, quase-afogamento e ameaças de morte.
Ao longo de uma das sessões, os oficiais apontaram uma arma para
a nuca de Valdecir e colocaram uma faca em sua garganta, forçando-o
a ingerir grande quantidade de estrume.
Anderson
Carlos Crispiniano, Rio de janeiro, 28 de junho de 2000 (entregue
em 6 de julho de 2000):
Um
grupo de policiais do Rio de Janeiro tirou Anderson Carlos
Crispiniano de sua casa em uma favela, na manhã de 28 de junho de
2000. Sem respaldo legal, levaram-no para um distrito policial
onde realizaram uma sessão de espancamento e tortura, enquanto
exigiam pagamento de resgate a sua família. Além de sucessivos
golpes na cabeça de Anderson, os oficiais
arrancaram as unhas de seus pés. Após aproximadamente quatorze
horas, a família de Anderson juntou o montante requerido para o
resgate e um intermediário levou o jovem de volta à sua casa. Três
semanas depois, Anderson morreu em decorrência do espancamento e
da tortura cometida pela polícia.
W.S.S.,
15 anos de idade, e vítima não identificada do sexo masculino,
17 anos, em Xinguara, Pará, 7 de junho de 1999 (entregue em 12 de
julho em 2000):
Em
7 de julho de 1999, dois policiais prenderam W.S.S., de 15 anos,
espancaram-no e algemaram-no na rua, em Xinguara. Os policiais
levaram W.S.S. para um local deserto fora da cidade, conhecido
como "prainha", onde submeteram-no, ainda algemado, a várias
formas de abuso físico e psicológico, incluindo pontapés em
suas pernas, peito, costas e região genital, forçando-o a
revelar a localização de um conhecido, que foi preso pela polícia
e levado à estação do Distrito Policial de Xinguara. Na chegada
ao Distrito Policial, os policiais bateram novamente em W.S.S.,
levando-o para uma pequena sala onde deram coronhadas, pontapés e
socos em várias partes de seu corpo e ameaçaram-no de morte.
W.S.S.
permaneceu preso por três dias, ao longo dos quais foi
repetidamente espancado e ameaçado de morte. Uma coronhada na
nuca deixou-o inconsciente. Ao longo dos três dias de prisão, a
polícia negou comida, água e assistência médica a Walison.
Felizmente, companheiros de detenção dividiram mantimentos com o
jovem. Além disso, a polícia impediu a visita de sua mãe e de
um advogado. W.S.S. continua a sofrer distúrbios psicológicos
como resultado deste abuso.
Nilson
Saldanha e outros, 50o Distrito Policial, São Paulo, 9
de junho de 2000 (entregue em 20 de julho de 2000):
Em
9 de junho de 2000, um grupo de doze policiais tomaram o 5o
Distrito Policial no bairro Itaim Paulista em São Paulo, forçando
os detentos a sair de suas celas apenas com suas roupas íntimas.
Os policiais submeteram os detentos a espancamentos com tacos de
baseball, em sessões separadas por cela. Durante o incidente, os
policiais algemaram muitos detentos às barras das celas e
utilizaram fios eletrizados para dar choque nos presidiários, que
tinham seus pés molhados da água no chão. Um dos detentos mais
severamente espancado foi Nilson Saldanha que, segundo
testemunhas, recebeu sucessivos golpes na cabeça. Saldanha morreu
dez dias depois, em conseqüência dos espancamentos.
Ozias
Tavares de Araújo, Tocantins, 18 de dezembro de 1999 (entregue em
20 de julho de 2000):
Em
18 de dezembro de 1999, policiais do estado de Tocantins prenderam
Ozias Tavares de Araújo, colocaram-no em um veículo da polícia
e o levaram a uma área deserta onde o espancaram com murros,
pontapés e com uma facão nas suas costas, pescoço e pernas.
Também dispararam um tiro que atingiu sua orelha, causando
sangramento e comprometendo sua audição. A polícia cobriu sua
cabeça com um saco plástico, levando-o quase à asfixia. Os
policiais esperavam forçar Araújo a confessar o assassinato de
José Joaquim de Oliveira. Pouco depois da sessão de tortura, a
polícia apresentou Ozias à mídia local como sendo o assassino
de José Joaquim de Oliveira.
Robson
Franco dos Santos, Penitenciária de Bangu III, Rio de Janeiro, 2
de maio de 2000 (entregue em 31 de julho de 2000):
Em
2 de maio de 2000, aproximadamente às 10:30 h., guardas da
Penitenciária de Bangu III no Rio de Janeiro flagraram o detento
Robson Franco dos Santos tentando escapar, escondendo-se no lixo
que deveria ser retirado. Após terem-no apreendido, vários
guardas espancaram-no severamente, provocando ferimentos graves.
Horas depois, dois defensores públicos encontraram Robson e
testemunharam sua deplorável condição física, com ferimentos
em todo o corpo, incluindo rosto, testa, ombros e costas. Tinha
também um braço quebrado, sangramentos e vários dentes
quebrados. Os defensores públicos encontraram Robson agachado no
chão e cercado de uma grande poça de sangue. Por pressão dos
defensores, funcionários da penitenciária levaram Robson para
receber cuidados médicos somente às 17:30 h. – cerca de sete
horas após o espancamento. O médico encarregado do primeiro
exame se recusou a registrar os ferimentos de Robson, que só
foram devidamente registrados quando os defensores públicos
protestaram, exigindo um segundo exame.
Luís
Cláudio Bonfim, Wilson Pereira da Silva e outros, Presídio da
Cidade de Americana, São Paulo, 2 de junho de 2000 (entregue em
14 de agosto de 2000):
Em
2 de junho de 2000, após um desentendimento entre um detento e um
guarda, policiais da Unidade de Operações Especiais da Polícia
Militar chegaram no Presídio da Cidade de Americana. Os policiais
formaram duas filas paralelas no corredor entre o pátio e o bloco
das celas e ordenaram que os detentos tirassem suas roupas, saíssem
de suas celas e passassem pelo "corredor polonês".
Enquanto passavam de suas celas ao pátio, entre as fileiras de
policiais, os detentos foram espancados com cassetetes, barras de
ferro e chicotes, além de serem feridos com giletes. Os policiais
utilizaram uma barra de ferro para bater em Luis Cláudio Bonfim,
que teve seu braço esquerdo quebrado devido à severidade dos
golpes.
Os
policiais identificaram outro detento, Wilson Pereira da Silva,
que se desentendeu com os guardas, e o espancaram durante
aproximadamente duas horas, utilizando pedaços de madeira, barras
de ferro, cassetetes e navalhas. Quando o detento saiu de sua cela
em direção ao pátio, os policiais o chicotearam com cordas de
metal. Além disso, os policiais o espancaram com barras de metal,
pedaços de madeira e garrafas. Depois, jogaram uma mistura ácida
de vinagre, água e sal nas feridas do corpo de Wilson. Esses
abusos foram registrados por fotografias de vários prisioneiros,
confirmando as lesões resultantes dos espancamentos.
R.L.S.,
Palmas, Tocantins, 25 de outubro de 1999 (entregue em 14 de agosto
de 2000):
Em
25
de outubro de 1999, um policial civil entrou na casa de R.L.S.,
que tinha apenas 15 anos de idade, e levou-o ao Quarto Distrito
Policial em Palmas, Tocantins, exigindo que R.L.S. testemunhasse o
roubo de uma carteira que conteria aproximadamente R$ 60,00.
Depois de cerca de oito horas algemado na estação policial,
aproximadamente às 23 horas, R.L.S. foi levado a um banheiro. Lá,
um homem conhecido como Negão espancou-o e agarrou-o pelo cabelo,
forçando-o a colocar a cabeça em um vaso sanitário cheio de
urina. Negão colocou um fio eletrizado que ligava
a cabeça de R.L.S. ao vaso cheio de urina, causando
choques sucessivos e quase afogamento. Enquanto Negão forçava
R.L.S. a enfiar a cabeça no sanitário, um policial o pressionava
a confessar o crime. Este policial também espancou R.L.S.
repetidamente, com murros e pontapés no rosto, nas costas e na
barriga.
Francisco
Alves de Souza, Natal, Rio Grande do Norte, 2 de junho de 2000
(entregue em 30 de agosto de 2000):
Em
9 de dezembro de 1999, Francisco de Assis de Sousa Campos, e seu
pai, José Haroldo Fernandes Campos, estavam dirigindo um ônibus
de Natal até Fortaleza. Durante a viagem, Francisco Campos,
dezoito anos de idade, dormiu com seu braço direito conectado a
um tubo de soro intravenal para tratamento de uma doença crônica
nos rins. Ao parar em um posto de gasolina, a polícia – que
aparentemente suspeitava que os homens estivessem envolvidos em
algum tipo de atividade ilegal (uma suspeita que nunca foi
confirmada) – cercaram o ônibus e atacaram Francisco,
espancando-o por aproximadamente vinte minutos. Durante o
espancamento, Francisco permaneceu sentado enquanto seu pai
implorava ao policial que parasse. Finalmente, o policial forçou
Francisco a levantar e levou-o para trás do ônibus, onde o
revistou e espancou. Enquanto isso, o policial que interrogava o
pai de Francisco passou a dar chutes em seus testículos e ele
caiu. Fora do ônibus, os policiais ameaçaram ambos os homens e,
à certa altura, apontaram um revólver para o pai de Francisco.
Ismail
Ferreira de Oliveira, Natal, Rio Grande do Norte, 26 de maio de
2000 (entregue em 30 de agosto de 2000):
Em
26 de maio de 2000, Ismail Ferreira de Oliveira registrou um
assalto à sua residência no Terceiro Distrito de Polícia no
bairro de Alecrim, em Natal. Policiais deste distrito suspeitaram
de seu envolvimento porque o caso já havia sido registrado em
outro distrito. Então, os policiais levaram Ismail para a sala de
investigações, ordenaram que tirasse sua roupa, e exigiram que
confessasse o assalto e o nome dos outros assaltantes. Os
policiais colocaram uma proteção em seus punhos, para que não
ficassem marcados, e o algemaram. A polícia forçou Ismail a
sentar em uma cadeira e cobriu sua cabeça com um saco plástico,
quase o sufocando. Os policiais repetiram esta operação pelo
menos quatro vezes. À certa altura, um policial agarrou Ismail
pelo pescoço e estrangulou-o, fazendo com que perdesse a consciência.
Os policiais ameaçaram levar Ismail para um lago, onde ele seria
forçado a confessar. Eles explicaram que no lago ninguém poderia
ouvi-lo gritar, o que sugeria que poderiam torturá-lo sem
preocupações. Naquela tarde, os oficiais levaram Ismail ao chefe
de polícia que, por sorte, o liberou.
José
Edson Dias, São Miguel do Gostos, Rio Grande do Norte, 8 de
dezembro de 1998 (entregue em 30 de agosto de 2000):
Na
tarde de 8 de dezembro de 1998, a polícia militar levou o
pescador José Edson Dias, um deficiente físico e mental, para a
delegacia local, sob suspeita de ter abusado de uma menina. Na
delegacia, a polícia jogou José Edson no chão e o espancou.
Enquanto ele se encontrava imóvel no chão, um policial pisou no
seu peito, quebrando seu tórax. O mesmo policial colocou um pneu
de automóvel em seu peito e, juntamente com outro policial,
pularam sobre o pneu. Em seguida, os policiais ordenaram que José
Edson levantasse e entrasse na cela. Como ele não conseguiu
levantar, os dois arrastaram-no para uma cela, onde ele recebeu um
jato de água fria. Um outro detento revelou que José Edson gemeu
em agonia durante toda a noite. No dia seguinte, em 9 de dezembro
de 1998, segundo afirmação de José Edson, no Escritório de
Promotoria Pública, o policial Coelho o espancou novamente. Os
policiais mantiveram José Edson sob custódia na delegacia por três
dias, sem fornecer-lhe alimentação.
Relatora
Especial sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias e Arbitrárias
1.
Casos de Execução Sumária
Antônio
Tavares Pereira, Rodovia BR 277, Paraná, 2 de maio de 2000
(entregue em 14 de agosto de 2000):
Em
2 de maio de 2000, mais de mil trabalhadores sem terra embarcaram
em cerca de 40 ônibus que seguiam para Curitiba, capital do Paraná,
para participar de uma manifestação em defesa da reforma agrária.
Quando se aproximavam da cidade, na rodovia BR 277, policiais
militares, pesadamente armados, pararam os ônibus e atiraram em
direção aos trabalhadores rurais. Os policiais atiraram pelo
menos uma bala de chumbo, que feriu fatalmente o lavrador Antonio
Tavares Pereira, de 37 anos. Os sem terra, inclusive muitas
mulheres e crianças, foram atacados por cães e atingidos por
bombas de gás lacrimogêneo. Segundo laudos médicos, os
policiais feriram mais de 100 trabalhadores. As provas reunidas na
investigação deste incidente incluem o atestado de óbito de
Antonio Tavares, o relatório da autópsia, a análise balística
e numerosas declarações de testemunhas, registradas pela Comissão
Pastoral da Terra e pelo Centro de Justiça Global. Estes
documentos indicam a responsabilidade da polícia militar do Paraná
na morte de Antonio Tavares.
2.
Casos de Ameaças de Morte
Dionísio
Vandresen, Guarapuava, Paraná, junho de 2000 (entregue em 29 de
junho de 2000):
Em
28 de junho de 2000, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), recebeu
uma ligação a cobrar de ameaça de morte, presumivelmente
direcionada a seu coordenador, Dionísio Vandresen. Esta ligação
era praticamente idêntica a uma outra recebida em 26 de abril de
2000, também a cobrar, que envolvia ameaça similar a Dionísio
Vendresen. Em 1997, Dionísio fora vítima de um acidente de
carro, depois de ser perseguido por um veículo desconhecido.
Outro advogado da CPT no Paraná, Dr. Darci Frigo, também foi vítima
de ameaças de morte nos últimos meses. As ameaças a Dionísio e
Darci refletem a crescente violência contra os defensores da
reforma agrária no Paraná. De 1997 até 2000, dezesseis pessoas
foram assassinadas em conflitos de terra e outras vinte
sobreviveram a atentados, no estado do Paraná. Em nenhum dos
casos, as pessoas responsáveis pelos assassinatos e atentados
foram condenadas. Durante o mesmo período, foram registradas pelo
menos 36 ameaças de morte contra defensores da reforma agrária.
Bombas
e ameaças contra defensores de direitos humanos, setembro de
2000 (entregue em 14 de setembro de
2000):
Em
5 de setembro de 2000, um indivíduo não identificado enviou uma
carta-bomba para a casa de José Eduardo Bernardes da Silva, em São
Paulo. O pacote estampava desenhos de suásticas e continha um
falso endereço remetente – da Congregação Israelita de São
Paulo, uma sinagoga na Rua Antônio Carlos, 653. Naquele mesmo
dia, outras cartas contendo ameaças chegaram aos escritórios do
deputado Renato Simões (PT) e do vereador Ítalo Cardoso (PT),
que presidem, respectivamente, as Comissões de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa e o Conselho da Cidade de São Paulo.
Outras cartas foram enviadas para o escritório do jornal O
Globo em São Paulo e para o Secretário de Segurança Pública
de São Paulo, Marco Vinício Petreluzzi. Essas cartas continham
conteúdo discriminatório contra gays, negros e nordestinos.
Todas as cartas continham ameaças específicas contra os grupos
Tortura Nunca Mais, Geledés - Instituto da Mulher Negra, Anistia
Internacional, grupo Gada de suporte a portadores do vírus HIV, Ação
de Cristãos pela Abolição da Tortura (ACAT), e outros grupos
que dão apoio a minorias. As cartas anunciavam que
"presentes" seriam enviados a estes grupos, a fim de
efetuar uma "limpeza". No dia seguinte, em 6 de setembro
de 2000, uma segunda bomba chegou ao escritório da Associação
da Parada de Orgulho dos Gays e Lésbicas, Transexuais e Transgêneros.
Esta bomba continha o mesmo endereço remetente (da sinagoga), e o
nome de Mark Huntfuhrer, como destinatário. Suásticas adornavam
o pacote, que continha as frases "morte aos bichas da
passeata", "vamos explodi-los um por um",
"vida longa aos Skinheads" e "morte, vingança".
O grupo de Orgulho Gay havia organizado uma passeata de 20.000
pessoas em junho de 2000, em São Paulo.
Ameaça
de Morte Seguida de Deportação Iminente, Cidadão de
Nacionalidade Colombiana, Francisco Antonio Cadena Collazos, Paraná,
Setembro de 2000 (entregue em 25 de setembro de 2000):
Em
setembro de 2000, a Polícia Federal prendeu o colombiano
Francisco Antonio Cadena Collazos, apesar de seu visto de entrada
no Brasil ser válido. A imprensa relatou que autoridades federais
insistiram em deportar Francisco, apesar do risco iminente de violência,
e até de morte, que enfrentaria como porta-voz oficial de um
proeminente grupo guerrilheiro na Colômbia, foi também acusado
de violações de direitos humanos pelo governo colombiano.
Casos
enviados à Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA)
Assassinato
do Trabalhador Rural Sebastião Camargo, Paraná, fevereiro de
1998 (petição entregue em 30 de junho de 2000; Caso aberto em 17
de julho de 2000):
????font face="Arial" size="2">Em
7 de fevereiro de 2000, um grupo de homens encapuzados e armados
entrou na Fazenda Boa Sorte, em Marinela, Paraná, para retirar à
força trabalhadores sem terra que ocupavam a propriedade. Durante
os despejos, os jagunços espancaram e humilharam os
trabalhadores, ferindo dezessete deles. A certo ponto, um homem
identificado por diversas testemunhas como Marcos Menezes Prochet,
proprietário de terras e presidente da União Democrática Rural
na região, atirou à queima roupa na cabeça de Sebastião
Camargo, matando-o. Apesar da existência de evidências
contundentes sobre a responsabilidade de Marcos pelo assassinato,
mais de dois anos depois do incidente as autoridades locais não
concluíram a investigação e ninguém foi denunciado./font>
Em
23 de novembro de 2000, os peticionários informaram à OEA que,
na mesma região, ocorreu o assassinato do lavrador Sebastião da
Mata, morto por um tiro na cabeça. A impunidade em relação aos
assassinatos de trabalhadores rurais permite que esse tipo de violência
volte a ocorrer.
Assassinato
do advogado de direitos humanos Gilson Nogueira, Rio Grande do
Norte, Outubro de 1996 (entregue em 11 de dezembro de 1997; aberto
em 21 de janeiro de 1998; Justiça Global reconhecida como
co-peticionária em 25 de agosto de 2000; caso determinado
legalmente admissível pela Comissão em 2 de outubro de 2000)
Em
20 de outubro de 1996, depois de muitas ameaças de morte, o
advogado de direitos humanos Gilson Nogueira foi assassinado em
Macaiba. Gilson Nogueira vinha denunciando assassinatos e torturas
cometidas pelos "Garotos de Ouro", um esquadrão da
morte que opera no Rio Grande do Norte. Suspeita-se que esse grupo
seja organizado por policiais e funcionários da Secretaria de
Segurança Pública do Estado. Apesar da significativa evidência
de envolvimento da polícia e de membros da Secretaria de Segurança
no assassinato de Gilson Nogueira, a justiça local encerrou as
investigações do caso sem oferecer denúncia. Depois que o caso
havia sido entregue e aceito pela Comissão de Direitos Humanos da
OEA, e baseando-se em uma investigação realizada por um grupo de
direitos humanos, autoridades locais prenderam um suspeito. Ninguém
foi julgado até o momento.
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