| Educando
        para a CidadaniaOs
        Direitos Humanos no Currículo Escolar
 
 LÍNGUAS E CIDADANIA   O ser humano se caracteriza, entre outros
        aspectos, pela sua capacidade de comunicação através de sons
        ordeiramente articulados, organizados em um sistema classificatório
        denominado “linguagem”. Através da linguagem, falada e escrita, o
        homem se comunica com seus iguais e, assim como o homem evolui através
        de gerações, assim o faz a linguagem. Os nossos antepassados mais
        longínquos satisfaziam com grunhidos e gestos, como afirmam
        antropólogos e biocientistas (ou através das palavras, para os que
        fazem uma leitura fundamentalista dos relatos da Criação). De qualquer
        forma, comunicavam-se entre si com uma linguagem apropriada à época,
        ao ambiente no qual se inseriam e ao seu grau de desenvolvimento.
        Formaram-se grupos sociais com características próprias, que se
        dispersaram atravessando grandes distâncias. A linguagem modificou-se
        sendo que cada um desses grupos passou a ter sua própria língua,
        muitas vezes incompreensível para os membros de uma comunidade vizinha. Al línguas primitivas evoluíram até
        caracterizarem determinados povos, tendo como base os valores morais,
        culturais e materiais adotados pelos mesmos. Possuímos registros do
        fenício, do grego, do latim, das runas vikings e germânicas, dos
        hieróglifos egípcios, dos caracteres orientais e tantos outros
        resquícios de linguagens diversas. Traços, círculos, contas de
        madeira e nós atados em fibra, varetas, desenhos, pinturas, tudo forma
        um testemunho do poder de comunicação do ser humano. O registro de uma linguagem organizada
        tem sido utilizada para separar as sociedades civilizadoras das que
        permaneceram em estado primitivo. Entretanto, não se pode afirmar a
        total inexistência de uma organização social somente por não termos
        provas de uma escrita. Os anos passam, transformando-se em
        séculos, e as mudanças se realizam de modo lento, imperceptível até.
        Hoje, encontramo-nos num mundo com línguas inteiramente novas, mas
        cujas raízes estão no passado. Assim como o estão as bases das
        diferenças culturais, políticas, ideológicas, morais e religiosas da
        sociedade contemporânea. Para que possamos nos comunicar nesta
        enorme aldeia global, para podermos conviver produtivamente no espaço
        que ocupamos, torna-se imprescindível compreendermos as diferenças que
        nos separam. Um dos caminhos para esta compreensão reside no
        aprendizado de línguas, estejam estas vivas ou mortas, nas ruas ou nos
        museus. Podemos facilmente relacionar as línguas
        modernas, entre as quais destacam-se o espanhol, o inglês, o italiano,
        o alemão, o francês e o japonês, faladas pelo maior número de
        pessoas e utilizadas para as questões de maior relevância econômica e
        política. Não podemos, porem, ignorar o holandês, o chinês, o russo,
        o flamengo, o português, o galês e o afrikaaner, assim como tantas
        outras línguas e dialetos de seres humanos que sentem, pensam, vivem
        das maneiras mais diversas. Na esteira das diferenças gramaticais,
        das construções sintéticas e dos vocábulos, encontramos
        divergências com relação às questões que envolvem a vida dos povos,
        destacando-se as condições sob as quais trabalham, estudam, amam,
        governam, educam, convivem com seus semelhantes. Para podermos
        compreender um povo é necessário que estudemos a sua língua, a sua
        literatura, a sua história. Este estudo não se limita somente ao que
        se encontra escrito, e sim a todo um “modus vivendi” no qual um povo
        subsiste. Cada povo possui uma história própria,
        uma cultura única, hábitos e costumes, um folclore típico, crenças e
        crendices, uma cozinha característica, uma filosofia de vida dominante
        e outras complementares. Alguns povos são pacíficos, enquanto outros
        demonstram uma índole mais beligerante, mais agressiva. Alguns
        contribuíram energicamente para a evolução da humanidade, enquanto
        outros participaram desse crescimento de forma mais passiva, porem não
        menos significativa. Para que possamos assimilar a riqueza de
        uma sociedade, para podermos apreciar a real magnitude de uma
        contribuição e para que consigamos realmente COMPREENDER todo esse
        conteúdo, é necessário que possamos nos comunicar com os seus
        integrantes. Os povos nórdicos possuem traços
        históricos e sócio-culturais diferentes daqueles apresentados pelos
        povos germânicos, que divergem dos saxônicos, os quais, por sua vez,
        diferem dos ibéricos. Vimos aqui quatro exemplos oriundos só da
        Europa. Os descendentes destes povos hoje ocupam um pequeno território
        do planeta, com pequena distância geográfica separando-os uns dos
        outros e, no entanto, quanta diversidade encontramos só nesta
        amostragem! Se dirigirmo-nos para o leste, atravessaremos a
        Confederação dos Estados Independentes, cujo idioma oficial é o
        russo, mas cujo território abriga etnias e dialetos os mais diversos.
        Saindo da CEI, adentrando o Oriente e a Ásia, constataremos os traços
        distintos dos indianos, dos chineses, dos japoneses, dos tailandeses,
        dos coreanos, dos filipinos, dos que residem nas ilhas e arquipélagos
        da região. Diferem física e culturalmente e, apesar de possuírem
        raízes comuns, nem se coadunam pacificamente. Encontramos os povos do Oriente Médio,
        tão próximos aos da Europa, e observamos árabes e muçulmanos em sua
        maioria. Entretanto, qualquer estudo mais profundo das comunidades
        árabes mostrará a existência de inúmeras facções compondo esta “nação”. Na África, promessa ainda por nascer de
        fato, onde há tudo por se fazer, encontramos sinais dos povos tribais
        com seus códigos de sons e gestos, com uma linguagem específica a cada
        povo. Atravessamos o Atlântico rumo as
        Américas, onde há países de enorme expansão territorial, abrigando
        dentro de suas fronteiras “países” menores, que contrastam entre si
        em virtude da sua formação histórica e dos seus habitantes. Na
        América do Sul encontra-se o Brasil, cujos habitantes falam português
        enquanto todos os seus vizinhos falam espanhol. Estes vizinhos, por sua
        vez, possuem, cada um, características próprias. Na América do Norte,
        três países repartem entre si um grande espaço geográfico. No
        México, encontramos a nítida influência espanhola. No Canadá, há a
        divisão entre as origens francesas e inglesas. Já os EUA, o “melting
        pot” do nosso século, absorveu todas as culturas que para lá
        ocorreram em tempos difíceis, transmutando-as em uma cultura que só
        pode ser definida como... americana. Se atravessarmos os Estados Unidos de
        norte a sul, depois de leste a oeste, descobriremos que, nos quatro
        cantos dessa nação, cada região apresenta características únicas,
        consideradas típicas, mas que na verdade foram importadas junto com sua
        gente. Pode-se participar de uma “fiesta”, jogar uma partida de
        futebol, deliciar um legítimo “smorgasbord”, ou ouvir o melhor
        jazz, apreciar uma orquestra sinfônica de altíssimo nível, tomar
        vodca e “borsch”  em uma
        única tarde, em uma única cidade, neste caso, San Francisco. Imagine o
        que nos espera no resto do país! Todas estas nações estão povoadas por
        cidadãos que precisam ser protegidos e resguardados, principalmente
        apreciados. Para que um mundo tão heterogêneo, de tantas surpresas e
        belezas, possa existir pacificamente, precisamos da união daqueles que
        nele vivem. Como conseguir o bom entendimento, a
        compreensão, a tolerância, em semelhante torre de Babel? Como
        conciliar, por exemplo, o povo tibetano, que mostra a língua aos
        visitantes em sinal de boas vindas, com o resto do mundo, que encara
        este gesto uma ofensa? Como explicar ao chef francês, que vê seu prato
        mais nobre subitamente ensopado com catchup por um garoto americano
        mascando chiclete, que o seu trabalho está sendo prestigiado? Como
        esclarecer à pacata senhora vienense, tão cordial e tão polida, que o
        seu convidado árabe, ao arrotar na mesa, não está sendo rude? Como
        justificar a paixão pelo futebol dos brasileiros, em meio a tanta
        miséria e dificuldades, para o cidadão suíço que exige primeiro o
        dever, depois o lazer? Podemos considerar estes exemplos singelos
        demais, talvez simplórios, mas conflitos diplomáticos já se iniciaram
        por muito menos. Há uma resposta, porém. Através do
        estudo analítico da estrutura lingüística de um idioma, descobrirmos
        como um povo raciocina, como ele vive. Apesar das diferenças sociais,
        culturais, étnicas e raciais, entre outras, os seres humanos são
        basicamente iguais. Todos sentem fome, frio, dor, amor, alegria,
        tristeza, vaidade, orgulho, etc. O que nos torna diferentes são as
        maneiras através das quais necessidades são preenchidas e sentimentos
        e idéias são manifestados. A estrutura lingüística nos fornece
        pistas para este mistério. Há a necessidade de uma comunicação
        correta. Logo, há a necessidade de conhecermos um povo que nos
        interessa, por este ou aquele motivo, o que pode ser feito através do
        estudo do seu idioma. Para que este estudo seja proveitoso, os
        relacionamentos intra e interpessoais entre os povos precisam ser
        preservados e os direitos desses povos respeitados. Como pode o ensino
        de outras línguas promover em sua metodologia didática o respeito pelo
        semelhante? A didática utilizada hoje nos mais
        variados livros e textos, cursos e materiais audiovisuais pedagógicos,
        é de importância crucial. Com raras exceções, todo principiante
        inicia o seu estudo com um diálogo mais ou menos assim: A: - Bom dia. Meu nome é João. B: - Bom dia. Meu nome é Maria. C: - Muito prazer. Como vai você? D: - Igualmente. Estou bem. E você? Cada lição trará novas situações
        que, supostamente, correspondem à vida real e sem dúvida (segundo seus
        autores) seriam vivenciadas pelo aluno caso ele viajasse para o país
        cujo idioma está estudando. Como pedir uma refeição, como reservar um
        quarto de hotel e uma passagem de avião ou de trem, como pedir
        informações e orientação no trânsito, todos esses assuntos formam
        as bases para os livros didáticos em uso atualmente. Se o curso
        apresentar um perfil acadêmico mais popular, técnico ou comercial, na
        verdade pouco se altera. O vocabulário será mais dirigido, mas o
        centro de interesse permanece o mesmo e os tópicos para discussão em
        aula pouco se diferenciam. Em aulas nas quais o assunto é a
        família, os vizinhos e agregados, limita-se, muitas vezes, a ensinar
        como dizer papai, mamãe, titio, vovó, e assim por diante. A gramática
        é ensinada através de exercícios relacionados com o assunto em pauta.
        Assim, digamos que o verbo “ser” esteja sob estudo no momento e a
        lição verse sobre familiares. Teremos então, na “Lição Um”, na
        qual o tópico central foi a pessoa, exercícios que poderão apresentar
        a seguinte construção: “eu sou, você é, nós somos”. Já na “Lição
        Dois”, o tópico é a família. Os exercícios serão então
        adaptados: “mamãe é, papai é, vovô e vovó são, nós somos uma
        família”. Estuda-se números, o alfabeto, os verbos
        e seus tempos, sinônimos e antônimos. Faz-se ditados e redações.
        Aplica-se exames e concede-se diplomas e certificados. O aluno se torna
        apto a dialogar em outra língua que não a sua de origem, pode viajar e
        estudar no Exterior, até mesmo exercer sua profissão. O seu uso do
        idioma será mais ou menos fluente, conforme sua aptidão cultural e o
        seu empenho, para não citar recursos materiais. Porém, talvez pouco
        saiba, ou pior, sinta, com relação ao povo cujo idioma ele agora
        domina. A língua de toda uma gente, composta por sons emitidos em
        diferentes oitavas, com suas variantes, não foi sentida, não foi
        absorvida, não foi interiorizada. Surpreendem-se alguns ao falarmos nas
        oitavas, porém podemos nos lembrar que um idioma é uma música. Quando
        afinada, agrada aos ouvidos e cria bem-estar, quando não, fere e
        provoca desconforto. O conhecimento de outra língua abre
        portas do mundo, da sabedoria, do progresso, da emoção. Proporciona ao
        aluno asas para voar, explorar, conquistar, sem nada ferir, tirar,
        destruir. Muito antes, constrói, edifica, motiva e o auxilia
        enormemente na compreensão de si mesmo e de seu próprio povo. Para que tal objeto seja alcançado, é
        necessário que, desde a sua primeira lição, o aluno seja
        sensibilizado de que estará lidando com algo vivo, representativo de
        pessoas, humanas que são, com suas deficiências e suas virtudes. Um
        obstáculo comum a nós educadores, a ser transposto de imediato,
        costuma ser o nosso próprio preconceito e falta de visão. Precisamos
        estar conscientes da nossa posição mediadora entre os conflitos que
        surgirão ao utilizarmos abordagens menos mecânicas e mais
        humanísticas. O professor que adotar uma metodologia
        mais dinâmica, na qual exija maior participação dos educandos,
        precisa estar preparado para as dificuldades que serão manifestadas por
        esses mesmos educandos. Um certo número de alunos resiste a perguntas
        que não permitem respostas simples, do tipo “sim-não”, e que pedem
        elaboração de opinião, assim como maturidade para assumi-las. Alguns
        alunos adotam comportamentos de fuga, antagônicos, às vezes
        agressivos, chegando mesmo a tumultuar o andamento dos trabalhos. Este
        tipo de comportamento, apesar do mal-estar ou da irritação que
        provoca, indica, entretanto, o quanto ainda precisa ser feito no caminho
        do legítimo respeito à livre expressão e de sua correta aplicação.
        O aluno tem o direito de se expressar livremente, mas deve saber
        justificar sua posição. E precisará de apoio para tal, se tiver
        origem num contexto que não lhe permitiu fazê-lo antes. Em termos práticos, então, como poderia
        ser aplicada uma didática voltada a promover maior respeito pelo Ser
        Humano e pelas características inerentes aos diversos grupos sociais? Vejamos um primeiro exemplo. Como o
        empenho que um aluno dedica para decorar um extenso poema épico sobre
        atos heróicos de guerras passadas, ele poderá memorizar versos sobre a
        natureza, folclore e tradições de um povo. Toda sociedade produz
        material com esta temática em abundância que, lamentavelmente, pouco
        é aproveitada. Assim como se aprende a cantar “Parabéns”
        e “Frère Jacques” em oito idiomas, pode-se também aprender, o que
        é mais importante, a analisar com espírito aberto canções típicas
        ou o hino nacional dos países que falam o idioma sob estudo. O que nos
        dizem as letras sobre o povo que as canta? Ao ensinar números, mais especificamente
        os ordinais, podemos substituir exemplos como o “Primeiro andar”, o
        “Segundo andar”, etc., por “Primeiro artigo”, “Segundo artigo”
        da constituição de um país, da Declaração Universal dos Direitos
        Humanos, da Magna Carta, da Declaração dos Direitos do Homem, da
        Mulher, da Criança, aproveitando estes mesmos artigos para leitura,
        ditado, discussões e redação. Muito vocabulário novo é adquirido e
        melhor aproveitado. Nas lições que versam sobre família,
        viagens, profissão, compra e venda, além de diálogos rotineiros,
        pode-se agregar textos que enfoquem questões reais, às vezes
        problemáticas, oferecendo sugestões para uma solução pacífica,
        além do já conhecido chavão “procure a embaixada ou o consulado
        mais próximo de você”. Os diálogos em si, muitas vezes repetitivos,
        estéreis e estereotipados, podem reproduzir cenas mais realistas, que
        espelhem o cotidiano encontrado no país enfocado através do idioma. Jogos, encenações em aula, tópicos
        para conversação, atividades extracurriculares e pesquisas podem ser
        canalizadas de forma a promover um maior questionamento de situações
        desumanas, paralelo a uma maior compreensão das contingências alheias,
        visando uma integração saudável e construtiva. Observa-se preconceitos perpetuados,
        embutidos em muitos outros livros textos. Recentemente, uma editora
        norte americana alcançou uma iniciativa louvável ao lançar uma nova
        série de livros para alunos da língua inglesa. Nos livros da série
        SPECTRUM, a editora inverteu os papéis comumente atribuídos aos homens
        e às mulheres. Nos livros precedentes, encontramos com freqüência a
        estereotipia de papéis como: o
        médico, mas a enfermeira; o gerente e a secretaria; o professor universitário e a professora escolar, o astronauta e a governanta. Além disso, a dona-de-casa é sempre branca, de
        classe média, enquanto os serviçais são, predominantemente, negros ou
        imigrantes. Encontramos, nos livros da nova série, textos nos quais a
        mulher trabalha fora, às vezes à noite, ocupando posições de
        responsabilidade, enquanto os homens 
        trabalham também em posições não tão “sofisticadas”, ou
        até em casa, onde assumem tarefas domésticas com naturalidade. Os
        papéis são dosados de forma a não chamar atenção para este fato. A
        mesma atitude foi demonstrada para com as minorias étnicas e raciais, e
        encontramos desde serventes até executivos representados
        democraticamente por membros de todas as raças, religiões e etnias.
        Esta iniciativa merece ser escolhida e urgentemente desenvolvida, pois
        evita que, ao estudarmos uma sociedade, permaneçamos presos a tabus,
        idiossincrasias obsoletas e padrões antiéticos de comportamento. A história de um país, ao ser estudada
        em conjunto com o seu idioma, seguidas vezes sofre distorções. O outro
        é sempre de alguma forma diminuído. Isto é: um jovem mexicano, que
        estuda a história do Japão, será informado com exatidão sobre datas,
        acontecimentos gerais, a monarquia e as dinastias, mas nada lhe será
        exposto de modo a provocar orgulho por este povo, sendo ele mexicano, e
        que possa prejudicar o seu próprio sentimento de nacionalismo.
        Reforça-se uma aparente imparcialidade que, na verdade, esconde um
        perverso maniqueísmo: “apesar de tudo, ainda somos melhores do que
        eles”. Tal raciocínio impede qualquer integração entre povos. Para que as Américas fossem “descobertas”,
        precisou-se das conquistas obtidas, não sem sofrimento, de espanhóis e
        portugueses. Para que fossem colonizados, populações nativas e
        culturas inteiras foram dizimadas. Para que Nova Iorque seja hoje uma
        das mecas do turismo, foi necessário a viagem de navio que matou metade
        dos seus passageiros, os quais fugiam da perseguição religiosa na
        Inglaterra do século XV. Quando sentimos o que um povo sente,
        temos melhores condições para efetivamente compartilharmos de suas
        glórias e tragédias. Ao compreendermos o porquê de certas atitudes,
        por vezes belicosas, podemos contribuir para uma solução real,
        apaziguadora e concreta. Isto só será possível se houver um correto
        equilíbrio entre a razão e a emoção, com a identidade própria
        superando o nacionalismo exacerbado. Quando aprendemos um novo idioma,
        precisamos primeiramente estar receptivos a novas influências, a
        informações novas que se confrontarão com nossos próprios padrões
        há muito estabelecidos. É necessário haver discernimento para aceitar
        com tolerância as diferenças que se apresentarão. Podemos facilmente constatar quão vasto
        é o campo do ensino de línguas, como é abrangente em seu conteúdo e
        como apresenta um amplo leque de opções e diretrizes, que permitem o
        aprimoramento, não só intelectual, como também cultural, promovendo,
        simultaneamente, caminhos para o amadurecimento pessoal do aluno e do
        educador. Cabe especialmente a este último encontrar meios que
        facilitem o processo, tornando-o agradável e enriquecedor. Sobre ele
        pesa a responsabilidade de preparar-se adequadamente. Através do estudo sério, humanizado e
        sensibilizado de outros idiomas, conseguiremos avanços representativos
        na promoção de uma convivência baseada no respeito mútuo. Se esta
        tarefa for cumprida, aliada aos esforços de professores de outras
        disciplinas correlacionadas, além de conhecer melhor outra cultura e
        outros povos, o aluno terá inconscientemente absorvido e reforçado
        dentro de si uma atitude básica, essencial para a união entre povos: a
        tolerância. Neusa Maria BeckerEducadora e membro da Seção Brasileira da Anistia Internacional
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