Comitê
Estadual pela Verdade, Memória
e Justiça RN
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da Verdade RN
Página
Inicial | Anatália
de Souza Alves de Melo | Djalma
Maranhão | Édson
Neves Quaresma | Emmanuel
Bezerra dos Santos | Gerardo
Magela Fernandes Torres da Costa
| Hiran
de Lima Pereira | José
Silton Pinheiro | Lígia
Maria Salgado Nóbrega | Luís
Ignácio Maranhão Filho | Luís
Pinheiro | Virgílio
Gomes da Silva | Zoé
Lucas de Brito
EMMANUEL BEZERRA DOS SANTOS
Emmanuel
Bezerra dos Santos
Livro "Dos Filhos deste solo"
DADOS PESSOAIS
Nasceu em 17 de junho de 1947 na praia de
Caiçara, município de São Bento do Norte, Rio Grande do Norte, filho
de Luis Elias dos Santos, pescador e Joana Elias Bezerra, florista.
ATIVIDADES
Estudou na Escola Isolada São Bento do
Norte, onde fez o curso primário. Em 1961 transfere-se para Natal,
passando a residir na Casa do estadante e a estudar no Colégio Estadual
do Atheneu Norteriograndense. Quando cursava a 3a. série do curso
ginasial, Emmanuel, juntamente com outros colegas, funda o jornal O
Realista, voltado para a denúncia política das misérias da nossa
sociedade. Logo em seguida, já na época da ditadura militar, Emmanuel
cria "O Jornal do Povo", publicação libertária com
correspondentes em vários municípios do Estado. No Atheneu estuda até
o 1o. ano clássico, 1965. Em 1966 fica doente e perde o ano letivo,
recuperando-se imediatamente com o supletivo (art.99) e presta exame
vestibular, ingressando na Faculdade de Sociologia da Fundação José
Augusto em 1967. Neste ano é eleito delegado ao XIX Congresso da UNE em
São Paulo. Também é eleito presidente da Casa do Estudante, onde
realiza uma administração marcada pelo dinamismo, ousadia e
eficiência. A Casa do Estudante é transformada em uma forte trincheira
de luta do movimento estudantil (secundaristas e universitários) de
Natal. Torna-se, em 1968, na gestão de Ivaldo Caetano Monteiro, diretor
do Diretório Central dos Estudantes da UFRN, desempenhando função de
liderança no meio universitário. A partir de 1966, Emmanuel passa a
integrar o Partido Comunista Brasileiro (PCB), sendo um dos principais
articuladores e teóricos da Luta Interna no velho partido, dele se
afastando em 1967 para incorporar-se no Partido Comunista
Revolucionário (PCR).
Com a edição do Ato Institucional no. 5, Emmanuel é preso (dezembro
de 1968), condenado cumprindo a pena até outubro de 1969 em quartéis
do Exército, Distrito Policial e finalmente na Base Naval de Natal.
Libertado, Emmanuel imerge na clandestinidade, indo atuar politicamente
(já como dirigente nacional do seu partido) nos Estados de Pernambuco e
Alagoas. Nesse período, realiza viagens ao Chile e Argentina em missão
do partido, buscando aglutinar exilados brasileiros à luta em
desenvolvimento no país. Além de militante político, Emmanuel era uma
pessoa voltada para a arte e cultura, tendo participado dos movimentos
artísticos desenrolados na capital Natal. Rabiscou seus primeiros
poemas adolescentes ainda na sua longínqua Caiçara do Norte. Apesar
das atribulações da vida clandestina, foi possível salvar alguns dos
poemas de sua autoria.
CIRCUNSTÂNCIAS DA PRISÃO E MORTE
Emmanuel foi preso no dia 04 de setembro
de 1973, às 08:30 horas no Largo da Moema, São Paulo, quando
regressava de viagem ao exterior. Conduzido para o DOI-CODI do II
Exército, onde passou a ser torturado brutalmente até a morte, junto
com o seu companheiro Manoel Lisboa de Moura, que havia sido aprisionado
desde o dia 17 de agosto em Recife. A necrópsia foi realizada pelo
famigerado legista Harry Shibata, o qual deve ter assinado o laudo sem
ter examinado o cadáver; não constatou as inúmeras marcas de torturas
no corpo de Emmanuel.
Em fotografia recuperada pelas entidades de direitos humanos, fica
evidenciada a violência sofrida por Emmanuel: seu olho esquerdo está
visivelmente inchado, seus lábios também estão intumescidos, sua
testa apresenta ferimentos, a base do seu nariz está quebrada, seu
lábio inferior está cortado e em volta do seu pescoço desenha-se um
colar de morte, como se fora feito a fogo. Foi sepultado, ao lado de
Manuel Lisboa, no cemitério de Campo Grande, como indigente.
SITUAÇAO ATUAL
Em 13 de março de 1992 seus restos
mortais foram exumados, periciados e identificados pela equipe de
legistas da UNICAMP. Trasladados para Natal em julho de 1992, os
desspojos seguiram em cortejo para São Bento do Norte e em meio a
grande comoção da comunidade local, foram enterrados no cemitério da
cidade. Emmanuel recebeu diversas homenagens do povo do Rio Grande do
Norte: a Escola Isolada de São Bento do Norte, tem hoje o seu nome; o
Grêmio Estudantil da Escola Estadual João XXIII, também é
homenageado, e é nome de rua no bairro de Pitimbu, em Natal. Após a
entrada em vigor da Lei no. 9140\ 95, os familiares de Emmanuel
obtiveram o reconhecimento da responsabilidade da União na sua morte,
fazendo jus a respectiva indenização.
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