GLOSAS
FESCENINAS DE MOYSÉS SESYOM
Coletânea organizada por Jardelino Lucena
jardelino@digizap.com.br
Moysés Lopes Sesyom, nasceu a 28 de julho de 1883
no sítio Baixa Verde em Caicó, no Rio Grande do
Norte. Viveu em Açu-RN, a partir de 1905 vindo
a falecer em 9 de março de 1932
1.
Sua avó, puta de estrada.
Sua mãe é fêmea minha.
2.
João de Souza é um sacana
Só faltava ser cabrão
3.
Rodolfo dançando nu
Cagou em pé como boi.
4.
Zé
Leão quase se caga
Quarta-feira na novena.
5.
A doida da gameleira
Deu um peido e se cagou
6.
O peido que a doida deu
Quase não cabe no cu.
7.
Pude iludir uma cega
Dei-lhe uma foda no cu.
8.
O pé de rabo de Ana
Por gosto se pode olhar.
9. Se Celina me matar
Ninguém tenha dó de mim
10.
Se Celina me matar
Ninguém tenha dó de mim
11.
Celina cravou Macário
Deixou Bitinha na mão
12.
O quartel dessa cidade
Transformou- se em hospital
13.
Eu fiz um saco de meia
Pra suspender os colhões
14.
O saco que eu sempre usava
Não cabe mais os colhões.
15.
Bebo, fumo, jogo e danço
Sou perdido por mulher.
1. MOTE
Sua avó, puta de estrada.
Sua mãe é fêmea minha.
GLOSA
A sua raça é safada
Desde a quinta geração
Seu avô foi um cabrão
Sua avó, puta de estrada
Sua filha, amasiada
Prostituta sua netinha
Esta pariu de um criado
Seu pai foi corno chapado
Sua mãe é fêmea minha
2. MOTE
João de Souza é um sacana
Só faltava ser cabrão
GLOSA
Dança fobó, bebe cana,
Em tudo mete o bedelho,
Toca bronha e chupa grelho,
João de Souza é um sacana
Se mete na carraspana
Dentro da repartição;
É mentiroso, é ladrão,
É de uma fama corruta,
É corno, filho da puta,
Só faltava ser cabrão.
3. MOTE
Rodolfo dançando nu
Cagou em pé como boi.
GLOSA
Um caso raro em Açu,
Quereis saber o que é?
Foi visto no cabaré
Rodolfo dançando nu.
Quando ele mostrou o cu
As putas disseram: "Oi"
Um sacana que lá foi
Me disse: " pintou o sete,
Tocou bronha, fez minete,
Cagou em pé como boi".
4. MOTE
Zé Leão quase se caga
Quarta-feira na novena.
GLOSA
Quase faz do cu bisnaga
Apertado, em plena rua
Ontem, ao clarão da lua
Zé Leão quase se caga.
Porém encontrou uma vaga
Pôde fazer quarentena.
Com franqueza, tive pena
Por vê-lo tão apertado.
Foi feliz não ter cagado
Quarta-feira na novena.
5. MOTE
A doida da gameleira
Deu um peido e se cagou
GLOSA
Enrolado em uma esteira
João Dudu foi tomar fé,
Só pra ver mijando em pé,
A doida da gameleira.
Quando viu uma carteira
Teve medo recuou
Ali a doida ficou
Lhe disse: eu vou à caverna
Logo ali abriu a perna
Deu um peido e se cagou.
6. MOTE
O peido que a doida deu
Quase não cabe no cu.
GLOSA
Eu conto o que sucedeu
Na sombra da Gameleira
Foi um tiro de ronqueira
O peido que a doida deu.
Toda terra estremeceu,
Abalou todo o Açu,
Ela mexendo um angu,
Tira a perna para um lado
Dá um peido tão danado
Quase não cabe no cu.
7. MOTE
Pude iludir uma cega
Dei-lhe uma foda no cu.
GLOSA
Saindo de uma bodega
De meio lastro queimado,
Com muito jeito e agrado
Pude iludir uma cega.
Rolando na beldroega (1)
Fazendo vez de muçu (2)
Prá fornicar me pus nu.
Faz tempo, mas me recordo,
Virei a cega de bordo
Dei-lhe uma foda no cu.
(1) Erva rasteira e suculenta - da família. das
portulacáceas
(2) Muçu - enguia d'água doce
8. MOTE
O pé de rabo de Ana
Por gosto se pode olhar.
GLOSA
Meti-me na carraspana,
Alexandre acompanhou
E comigo analisou
O pé de rabo de Ana.
Alguém dirá que é chincana
Porém eu posso provar,
A puta é de arrebatar,
Da Urtiga,(1) eu tiro aquela,
Pois o pé-de-rabo dela,
Por gosto se pode olhar.
(1) Urtiga - bairro boêmio do Açu
9. MOTE
Se Celina me matar
Ninguém tenha dó de mim
GLOSA
Se ela me abandonar
Desmastriando-me a sorte
Eu direi, perdôo a morte
Se Celina me matar.
Se eu pudesse gozar
Suas delícias sem fim
Seu corpo, junto de mim
Esbelto, quente, cheiroso,
Sentindo a febre do gozo
Ninguém tenha dó de mim
10. MOTE
Se Celina me matar
Ninguém tenha dó de mim
GLOSA
Não posso mais suportar
É grande a minha paixão
Perdôo de antemão
Se Celina me matar
Se eu dela me aproximar
Terei um prazer sem fim
Se um dia me vires assim
Chupando o beicinho dela
Se eu morrer fudendo nela
Ninguém tenha dó de mim
11. MOTE
Celina cravou Macário
Deixou Bitinha na mão
GLOSA
Num pequeno comentário
Se dizia, com vantagens,
Que com enorme fogagem (1)
Celina cravou Macário.
Quase mata um funcionário
De sarna, chato(2) e bulbão(3)
E mais uma purgação(4)
Que vem deitando a negrada.
Essa puta engalicada
Deixou Bitinha na mão
_______________
(1) Fogagem - Hérpes no prepúcio
(2) Chato - Piolho das virilhas ou púbis - phithirius
inguinalis.
(3) Bulbão - Adenite supurada que acompanha o
cancro mole, vulgarmente chamada de mula.
(9) Purgação - Blenorragia
12. MOTE
O quartel dessa cidade
Transformou- se em hospital
GLOSA
Por dever de humanidade
O Governo decretou
Em asilo transformou
O quartel dessa cidade
Causa dó e piedade
Neste momento atual
A força policial
Se acha toda doente,
Nosso quartel, finalmente,
Transformou-se em hospital;
13. MOTE
Eu fiz um saco de meia
Pra suspender os colhões
GLOSA
Senti grossa a cordovéia
Quando vi, fiquei doente.
Apressado, incontinente,
Eu fiz um saco de meia.
Depois da bruaca cheia
Suspendi por dois cordões,
Senti doer os tendões
Onde a mulher tem tabaco.
Eu não tenho, uso um saco
Pra suspender os colhões
14. MOTE
O saco que eu sempre usava
Não cabe mais os colhões.
GLOSA
Por esta eu não esperava.
De tristeza estou carpido,
Hoje vi. Está perdido.
O saco que eu sempre usava.
Foi uma sentença brava
Para tirá-la em grilhões.
Porém alego razões
Para as quais tenho de sobra:
O saco deu uma dobra
Não cabe mais os colhões.
15. MOTE
Bebo, fumo, jogo e danço
Sou perdido por mulher.
GLOSA
Vida longa não alcanço
Na orgia e no prazer,
Pois enquanto não morrer
Bebo, fumo, jogo e danço.
Brinco, farreio e não canso
Me censure quem quizer,
Não falho um dia sequer
Cumprindo esta sina venho,
Além dos vícios que tenho,
Sou perdido por mulher.
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