ABC
da Cidadania
João Baptista Herkenhoff
INTRODUÇÃO
Ao
escrever seu prefácio à Constituição
Brasileira de 1988, Ulysses Guimarães iniciou-o
com estas palavras: “O homem é o
problema da Sociedade Brasileira: sem salário,
analfabeto, sem saúde, sem casa, portanto
sem Cidadania.”
Sobre a Constituição, propriamente,
ele afirma que ela: “Graficamente testemunha
a primazia do homem, que foi escrita para o homem,
que o homemé seu ifm e sua esperança.
É a Constituição Cidadã.”
E
define: “Cidadão é o que ganha,
come, sabe, mora, pode se curar.”
De
fato, já no seu Preâmbulo, os constituintes
afirmam, “como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos”...
“o exercício dos direitos sociais
e individuais, a liberdade, a segurança,
o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e
a justiça...”
Em
seguida a Constituição afirma: “Todos
são iguais perante a lei”, e garante
a todos “a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à prosperidade.”
(Art. 5º).
Nesse
sentido, podemos orgulhar-nos de possuir uma Constituição
das mais modernas e mais democráticas,
que oferece plena isonomia a todos os brasileiros,
no que se refere tanto aos direitos e deveres
individuais e coletivos, como aos direitos sociais
e políticos.
No
entanto, como sociais-democratas e, por isso,
comprometidos com a verdade, temos que reconhecer
a distância que existe entre o país
legal e o país real. Na realidade concreta
dos fatos, somos campeões mundiais da desigualdade.
Ao invés de fraterna e igualitária,
a nossa é uma sociedade concentradora e
excludente. As grandes desigualdades econômicas,
sociais e culturais são uma barreira ao
exercício da cidadania plena para a grande
maioria. E o pior é que os próprios
benefícios sociais e serviços públicos
que, além da redistribuição
de renda, deveriam contribuir para a redução
dessas desigualdades, além de deficitários
e mal distribuídos, ao invés, “privilegiam
quem mais e deixam desassistido quem ganha menos”.
Daí
que, oito anos depois de promulgada a “Constituição
Cidadã”, continua sendo necessidade
imperiosa e inadiável, para que o Brasil
real se aproxime do Brasil legal, a formulação
de políticas públicas para a redução
das desigualdades entre os brasileiros, qualquer
que seja sua origem, raça, sexo, cor, idade
ou religião.
Em
resposta a essa necessidade, em nível municipal,
é que foi criada em junho de 1994, por
iniciativa do Prefeito Paulo Hartung, esta Secretaria
de Cidadania. Seu objetivo é propiciar
aos habitantes do município de Vitória,
em especial aos mais carentes, o exercício
pleno dos seus direitos estabelecidos na Constituição.
Empenha-se em buscar solução, sempre
que possível, para problemas e situações
que dificultem uma relação mais
igualitária entre os habitantes de nossa
cidade. Além, portanto, de oferecer os
meios para que todos exercitem seus direitos fundamentais,
de remover os obstáculos para o acesso
à justiça, empenha-se em promover
a educação para a cidadania, isto
é, difundir o conhecimento desses direitos
fundamentais: em resumo, busca por todos esses
meios promover o pleno exercício da cidadania.
Nas
Casas do Cidadão – no centro e no
norte – a Secretaria oferece os seguintes
serviços: Procon Municipal, Assistência
Jurídica Gratuita, Juizado de Pequenas
Causas, Núcleo de Atendimento à
Mulher e S.O.S. Racismo.
Em
parceria com órgãos e repartições
competentes, em níveis estadual e federal,
e com organizações não-governamentais,
a Secretaria tem participado ativamente do esforço
de dotar todos os cidadãos dos documentos
fundamentais da cidadania: certidão de
nascimento, carteira de identidade, carteira de
trabalho e título de eleitor; de difundir
informações para o consumidor, dando
informações telefônicas e
publicando Caderno de Preços. Também
o cidadão eleitor da capital foi instruído
sobre o processo de votação eletrônica.
Foi
iniciada a discussão sobre Política
Interativa, visando a encaminhar a criação
do Conselho Municipal de Segurança. E em
resultado de discussões da Secretaria com
os respectivos segmentos interessados, o Prefeito
Paulo Hartung já encaminhou à Câmara
Municipal projetos de lei que criam o Conselho
Municipal da Mulher e o Conselho Municipal do
Negro.
Na
área de educação para a cidadania,
foram realizados três seminários:
sobre Direitos Humanos; sobre Educação
e Mercado de Trabalho para a População
Negra; e, com o apoio da Secretaria, o Grupo de
Trabalho Interministerial, criado pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso, realizou em Vitória,
de 12 a 14 de dezembro, o “Seminário
Nacional sobre Políticas Governamentais
de Ação Afirmativa”, para
a valorização da População
Negra.
Ainda
nesta área, a Secretaria de Difusão
Cultural da Universidade Federal do Espírito
Santo para publicação de duas obras:
uma no campo da pedagogia e outra no da história
da economia do ES.
E,
finalmente, estamos entregando aos habitantes
do município este “ABC da Cidadania”,
na certeza de que será mais um importante
instrumento de informações e formação
básicas, para o conhecimento de seus direitos
fundamentais, mais um estímulo vital com
que a administração do Prefeito
Paulo Hartung ajuda a promover, para todos, o
pleno exercício da cidadania.
Joaquim
Beato
Secretário Municipal de Cidadania
Vitória
24, dezembro de 1996.
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