Ética
e Cidadania
Com
dimensão continental e fortes desigualdades sociais é comum
ouvir o Brasil ser chamado de Belindia, junção do nomes Bélgica
e Índia devido aos grandes bolsões de pobreza. Onde já se
tornou normal pessoas com status, conforto e elevado nível
cultural conviver passivamente com miseráveis, evidenciando a
pirâmide socio-econômica cada vez mais contundente da
sociedade brasileira, na qual, o abismo entre o topo e a base
cristaliza a segunda maior concentração de renda do planeta,
pois se no futebol somos ouro, neste outro torneio só ganhamos de
Serra Leoa.
A
má distribuição de renda é um dos aspectos que devem ser
lembrados quando ética, cidadania e moral forem conceituadas e
refletidas. Moral seria a regra de
conduta, a distinção que faz entre o que é bom ou ruim
para nós e os outros. Normalmente popularizado na assertiva cristã”
fazer aos outros somente o que queremos que nos façam”. A ética,
estudos filosóficos dos valores
e da conduta moral, busca tratar de questões relevantes,
como: o que é a vida boa para os homens? E como deveríamos nos
comportar?
Já
a ética e a moral é o comportamento que assumimos perante os
demais, o padrão de
comportamento e valores que presidem nossa prática, a ciência
que tenciona alcançar o puro e simples bem estar do homem, tendo
por objetivo a perfeição dele através de sua livre ação.
Estes
conceitos são relevantes na discussão do aphartheid sócio-econômico
decorrente de outras exclusões, como o assustador nível de
analfabetismo (17%), a baixa escolaridade e capacitação
profissional e a despolitização de largas parcelas da população.
Isso resulta numa exclusão nacional acompanhando o processo
globalizante que vai modernizando a vida de alguns a custa do bem
estar da grande maioria.
A
ÉTICA DO AVANÇO TECNOLÓGICO
Nunca
a informação e a educação tiveram, do ponto de vista teórico,
tão ao alcance das mãos de toda a humanidade. O milagre da
Internet, das salas de conferência, do acesso a tantos jornais e
canais de tv de todo o mundo, poderia facilitar e possibilitar a
plena educação e coexistência
de todo ser humano. No entanto, nunca houveram tantos em
tantos lugares diferentes tão apartados do conhecimento, informação
e educação.
A
ameaça de desumanização e de amplas manipulações permanecem e
são otimizadas, através do fascinante sonho do avanço tecnológico
que visava aplacar as distâncias , mas engendraram ou
potencializaram violências e pesadelos a se se multiplicarem em
culto ao Deus MERCADO.
A
decantada revolução tecnológica e a globalização haveriam de
ser filhos diletos da reflexão e da razão, que deve ficar atenta
e desperta, fazendo uma crítica inexorável às comodidades que
trazem no seu lastro tanto desconforto e sofrimento. Já
procuraram refletir sobre o sofrimento
causado a inúmeros lares no bojo da automação do sistema bancário?,
pois, se acaso a modernização do sistema bancário tivesse sido
feito tendo o homem como medida das coisas, o plantel de funcionários
saidos do sistema teriam sido de imediato absorvidos por outros
ramos do mundo do trabalho.
O
lucro e não a razão, o mercado e não a comunhão entre irmãos
de todos os credos , cores e nacionalidades, sonhou a revolução
tecnológica que em vez de nos trazer possibilidade de felicidade,
otimimiza o grande salto dos lucros das indústrias de armamentos
a oxigenarem a morte nos quatro cantos do planeta através de 43
guerras declaradas e outras tantas encobertas no amargo tapete da
hipocrisia.
“ SOLIDÃO”: MAL
DO SÉCULO XXI
O
ritmo da nossa vida mal permite que leiamos o Diário de Natal e o
Jornal de Hoje que ocupou um filão do final do expediente. No
entanto, temos a nossa disposição todos os jornais do mundo.
Quem consegue ler todas as edição de tantos jornais mundialmente disponibilizados
? Zarpeia-se com o controle remoto ou assiste-se
a 500 canais de televisão?. É possível agora conhecer
alguém do Butão, África do Sul, do Canadá, da Alemanha, mas não
conseguimos falar com o vizinho do lado, ficando mais que evidente
os versos de Vinícius : “ o meu vizinho do lado se matou de
solidão”.
A
comunicação virtual existe para quem? Apenas 3% da humanidade
tem acesso ao computador. No Brasil, 12 milhões de pessoas usam a
Internet, que tem aproximadamente 15 anos, mas quantos milhões de
brasileiros tem acesso a água potável, eletricidade, escolas,
hospital, estradas, trens, geladeiras e carros? Num país que já
tem mais de 500 anos. Bens que a maioria dos seres vêm através
das vitrines como os garotos que mendigam nas ruas dos centros
comercias ou dos Shopping, templos modernos, onde a maioria das
pessoas que o visitam vão apenas para contemplar o que gostariam
de consumir. Porém, esse desejo latente que eleva as visitações
amplia ainda mais as distância entre os que caminham lado
a lado nos corredores.
A
solução para aplacar essas diferenças seria a educação,
entretanto, a possibilidade de acesso a educação por distância
que facilitaria os custos para minimizar o analfabetismo em benefício
da graduação e qualificação profissional está sendo usada
para outros propósitos, como a disseminação de ideologias
racistas ou crimes sexuais aumentando o risco da barbárie e da
ignorância, virtualizando , também,
a violência nossa de cada dia.
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