A Ordem de Advogados do
Brasil (OAB), Miguel Mossoró e a falta de bom senso
Por Vital Nogueira de Souza*
Fiquei surpreso com o anúncio de apoio do
presidente da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) à candidatura
do Sargento Miguel Mossoró à prefeitura de Natal. A nossa
OAB que sempre emprestou seu nome às grandes causas nacionais
e regionais, agora atordoada, confunde brincadeira de mau
gosto com protesto e esperança.
Tenho examinado constantemente o quadro político
das eleições em Natal e estou convicto de que uma mão invisível
busca conduzir o voto das pessoas para uma aventura. De
olho no mercado publicitário e de adesões do segundo turno,
muita gente tem feito um grande esforço para provar que
as propostas mirabolantes de Miguel Mossoró são uma forma
criativa e metafórica de criticar as promessas não realizadas
pelos políticos, apresentando o candidato como a encarnar
um novo Cristo, que moderno agora caminha sobre pontes.
Com fogo não se brinca. E com voto muito
pior. É preciso saber quem é Miguel Mossoró, o seu partido,
os interesses que representam, a retaguarda de sua campanha.
Ninguém se engane: a esta hora dos acontecimentos tem gente
cabeluda aguardando a contagem dos votos. Afinal, Miguel
Mossoró não é mais um produto da juventude despolitizada
de alguns colégios particulares, é um ícone do pensamento
anárquico-direitista. Sua pregação ao invés de organizar,
desorganiza; de compromissar, descompromissa.
Diferentemente
as candidaturas de Carlos Eduardo (PSB), Fátima Bezerra
(PT), Ney Lopes (PFL) e Luiz Almir (PSDB), em que apesar
de suas diferenças ideológicas e a base social que representam,
possuem projetos e propostas realistas para a cidade. Todos
já vivenciaram os importantes ensinamentos da atividade
parlamentar. Carlos Eduardo teve a oportunidade de continuar
o bom trabalho administrativo da Governadora Vilma de Faria.
Estas candidaturas representam com nitidez os projetos em
disputa em nosso país: Carlos Eduardo e Fátima Bezerra,
a esperança de que o Governo Lula se afirme no cenário nacional
e internacional como agente das mudanças reclamadas pelo
povo brasileiro; Ney
Lopes e Luiz Almir, a expectativa de retorno do PFL e PSDB
ao comando político-administrativo do país.
Portanto, se o povo está confuso, atordoado
e desesperançado, maior lucidez e responsabilidade devem
ter os homens e mulheres públicos, as lideranças populares
e institucionais. Por isso não entendo o gesto do Dr. Joanilson
de Paula Rego. Afinal, a minha expectativa era que a OAB
se mantivesse lúcida, responsável, e que jamais levasse
água ao moinho das causas duvidosas e dos interesses inconfessáveis.
*Advogado, procurador federal e secretário
de juventude do Partido Comunista do Brasil no Rio
Grande do Norte (PCdoB/RN).
Fonte: Marcos Dionísio de Medeiros Caldas, Ouvidor da Defesa Social do
Rio Grande do Norte
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