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- Como se formam as
miragens
Refração:
A palavra miragem vem da palavra
francesa "mirage", que significa ser refletido. As miragens que
constantemente aparecem em histórias em quadrinhos não são uma alucinação
do personagem, como pensam muitas pessoas. Uma miragem é um efeito ótico
real que ocorre na atmosfera e que pode inclusive ser fotografado.
A miragem mais comum em nosso
clima talvez seja a de um veículo que aparece como que refletido no asfalto
de uma estrada, dando a nítida impressão de que o solo está molhado e que
o veículo foi refletido por uma poça d'água. Esse tipo de miragem, criada
por um maior aquecimento das camadas de ar próximas do solo do que o
aquecimento das camadas de ar mais afastadas, é também comum em desertos
e, talvez, uma das mais exploradas em histórias em quadrinhos.
O fenômeno físico que explica
essa miragem, assim como muitas outras, é a refração. Quando um feixe de
luz passa de um meio mais refringente para um menos refringente ele se
afasta da direção perpendicular à superfície (ou seja, a direção
normal) que separa os dois meios. A lei que descreve esse fenômeno é a lei
de Snell
n1 sen 1
= n2 sen 2

A luz, ao atravessar a superfície
que separa os dois meios trasparentes, mas de índices de refração
diferentes, muda a direção de propagação
O índice de refração é a
relação entre a velocidade da luz no vácuo (c) e no meio em questão (v),
ou seja n = c/v.
No caso do ar, à pressão
constante, o índice de refração varia com a temperatura: quanto mais
quente o ar, menor será sua densidade e menor será o índice de refração.
Em um dia ensolarado o asfalto
de uma estrada pode se aquecer muito. Com isso o ar estará tão mais quente
quanto mais perto do chão estiver. Consequentemente, o índice de refração
do ar irá diminuindo à medida que se aproxima do chão. Assim, um raio de
luz que se propaga em direção ao chão, em ângulo rasante, será
constantemente desviado e refratado "para cima". Veja a figura
abaixo:

As camadas de ar mais
distantes do chão são mais frias e mais densas, tendo portanto índice
de refração maior que as camadas mais próximas do chão, mais quentes
e menos densas.
O efeito global é um desvio do
feixe de luz que inicia seu percurso se aproximando do solo e acaba por se
afastar. Quem olha o feixe de luz que saiu do ponto A da figura (e que foi
refratado à medida que se aproximava do chão) terá a impressão que ele
veio do ponto B, pois nosso mecanismo mental da visão pressupõe que a luz
caminhe em linha reta. Assim o observador verá o ponto A diretamente,
segundo um raio que seguiu o percurso r1 da figura acima, e sua
"imagem" (o ponto B) como se houvesse um espelho no chão,
correspondente ao feixe r2 da figura. Daí a nítida impressão
que a estrada está molhada, apesar disso ocorrer em dias quentes e
ensolarados nos quais uma poça d'água numa estrada seria praticamente
impossível.
O que foi dito anteriormente é
suficiente para entendermos um dos processos de formação de miragens; você
pode entretanto se perguntar por que quando o percurso do feixe é
exatamente paralelo ao chão ele continua a sofrer refração, tendendo a ir
para cima, embora não esteja mudando de meio.
Uma possível resposta pode ser
procurada no conceito de ângulo crítico, aquele a partir do qual a luz
deve ser totalmente refletida quando o ângulo de incidência é muito
rasante.
Outra explicação, porém, pode
ser obtida levando em consideração que a luz é uma onda. Assim, ao se
propagar em um meio onde o índice de refração varia ao longo de uma direção
perpendicular à de propagação da onda (nesse caso, a direção vertical)
diferentes partes da frente de onda terão diferentes velocidades. A figura
abaixo ilustra o que se quer dizer:
As frentes de onda nas várias
regiões: a velocidade de propagação da luz é maior na região aonde o ar
é mais quente e menos denso.
Como conseqüência deste
efeito, mesmo que em um determinado instante a luz esteja se propagando
paralelamente ao chão, o feixe de luz irá curvar-se para cima.
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