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              Memória das Lutas Populares no RNAcervo Impresso
 Hélio Xavier de Vasconcelos
 Livros 
              e PublicaçõesHistória 
              da Faculdade de Direito de Natal: lutas e tradições. 
              (1949-1973)
 UANABARA, Gileno. Natal: Gráfica Editora Ltda, 
              1989. p. 123-128
   Ofício 
              534/68-R  31 
              de agosto de 1968 Do Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 Ao Exmo. Sr. General Ulisses Cavalcanti
 DD Secretário de Estado da Segurança Pública
 NESTA
  
              Senhor Secretário:  
              Em aditamento ao expediente de hoje datado, em que esta Reitoria 
              solicitou de Vossa Excelência providência no sentido 
              de abertura de inquérito policial, a fim de apurar danos 
              e responsabilidades relacionadas com a invasão insólita 
              do Restaurante Universitário, à Avenida Deodoro, 456, 
              nesta Capital, cumpre agora informar os seguintes fatos novos:  
              1. Depois de efetuada a perícia policial para a verificação 
              dos danos ou violências no imóvel, esta Reitoria fez 
              cessar serviço, dentro do possível, dado o adiantado 
              da hora, preparasse uma refeição para os usuários 
              daquele serviço da Universidade. (sic)  
              2. O Supervisor do Restaurante, Dr. Clezito Cesar Fechine e o pessoal 
              de serviço que estavam então entregues às suas 
              atividades, quando perto do meio dia, chega uma comissão 
              de estudantes, composta dos Srs. Ivaldo Caetano Monteiro, Jaime 
              Ariston, Emanuel Bezerra dos Santos, Juliano Siqueira, Dermi Azevedo 
              e Srta. Dicelma Maria de Medeiros procurando saber se haveria o 
              fornecimento de refeição, tendo o de nome Emanuel 
              Bezerra dos Santos declarado ao Supervisor do Restaurante que o 
              mesmo deveria mandar buscar a refeição e “butar 
              na conta da Reitoria”. Mostrou-lhes o Supervisor que não 
              tinha semelhante autorização e que, iria, entretanto, 
              já autorizado pela Reitoria, fornecer refeição 
              mais ligeira dentro das possibilidades, garantindo, porém, 
              o jantar normal.  
              3. Diante dessa informação, o mesmo estudante Emanuel 
              Bezerra gritou para os colegas, já no recinto do refeitório, 
              e que haviam assistido o diálogo, que fossem apanhar gêneros 
              na cidade e mandassem cobrar na Reitoria. Aliás, o sr. Raimundo 
              Paiva proprietário do Peg-Pag telefonou alarmado para o Reitor 
              diante das exigências de estudantes em atitude hostil, a lhe 
              pedirem gêneros alimentícios por conta da Universidade. 
              A resposta foi no sentido de que a Reitoria não assumiria 
              nenhuma responsabilidade e que podia o proprietário daquele 
              estabelecimento tomar as providências que considerasse oportunas.  
              4. Posteriormente, a mesma comissão volta ao Supervisor, 
              em termos amigáveis, solicitando qualquer tipo de refeição, 
              mas se negando a entregar a ficha de controle de atendimento.  
              5. Diante dessa negativa, os estudantes Ivaldo Caetano Monteiro, 
              Jaime Ariston, Emanuel Bezerra dos Santos, Juliano Siqueira, em 
              discursos exaltados conclamaram as moças que se encontravam 
              no recinto, a prepararem a refeição de qualquer jeito. 
              E, efetivamente, as universitárias Dicelma Maria de Medeiros, 
              Justina Iva de Araújo Maria do Socorro Lopes, Maria Lêda 
              Fernandes, Nilda Maria Avelino Barbosa, Maria Aparecida Dantas, 
              Zélia Dias de Sá, Maria Natividade Monteiro Fernandes, 
              Maria Stela da Costa Cruz e Gilda Nogueira Peixoto, se dirigiram 
              para a copa e cozinha, passando à revelia dos funcionários, 
              a utilizar-se tanto dos gêneros já preparados quanto 
              de outros ainda na dispensa, ignorando esta Reitoria quem tenha 
              feito a retirada dos ditos gêneros do depósito onde 
              se encontravam guardados e que, certamente, foram consumidos sem 
              medida e indevidamente, o que o inquérito deverá apurar.  
              6. Também se deve salientar que chegou a Natal e participou 
              das ações violentas uma embaixada de estudantes da 
              Paraíba, os quais levaram cachaça para o recinto, 
              entregando-se a libações e participando um deles dos 
              discursos violentos.7. Diante desses fatos, o Supervisor e os funcionários não 
              se sentiram com garantias para continuar no recinto, retirando-se 
              e ficando o prédio entregue unicamente aos estudantes que 
              responderão, assim, pelos danos a serem apurados e pelos 
              atos de violência que praticaram , tudo na forma da legislação 
              penal e civil do país e que o inquérito apurará 
              devidamente, para seu posterior encaminhamento à Justiça.
  
              8. Quanto à indevida ocupação do edifício, 
              esta Reitoria requererá, no primeiro dia útil a competente 
              ação possessória, por intermédio do 
              Exmo. Sr. Procurador Regional da República, pois que se trata 
              de um órgão federal.  
              Rogo, em conclusão, que Vossa Excelência faça 
              anexar o presente ao anterior expediente e, tão logo seja 
              possível, promova a necessária perícia para 
              a verificação dos novos danos e dos novos responsáveis 
              por atos punidos pelas leis do Brasil. a) 
              Onofre Lopes - Reitor   | 
 
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