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Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

N. 088 – 16/09/04

MENSAGEM A BUSH SOBRE A VERDADEIRA ORIGEM DO TERRORISMO

Estamos aterrorizados porque somos odiados!

Por Robert Bowman*

 

Conte a verdade ao povo, Sr. Presidente, sobre o terrorismo. Se as ilusões acerca deste não forem desfeitas, a ameaça continuará até que nos destrua!

A verdade é que nenhuma das nossas milhares de armas nucleares pode proteger-nos. Nenhum sistema "Guerra nas Estrelas" – não importa quão tecnicamente avançado seja, nem quantos trilhões de dólares sejam despejados nele - poderá nos proteger de uma arma nuclear trazida em um barco, avião, valise ou veículo alugado. Nem sequer uma arma do nosso vasto arsenal, nem sequer um centavo dos duzentos e setenta bilhões de dólares gastos por ano no chamado sistema de defesa, pode evitar uma bomba terrorista. Isso é um fato militar.

Como tenente-coronel reformado e freqüente conferencista em assuntos de segurança nacional, sempre tenho citado o salmo 33: "Um rei não é salvo pelo seu poderoso exército. Um guerreiro não é salvo por sua enorme força." A reação óbvia é: então o que podemos fazer? Não existe nada que possamos fazer para garantir a segurança do nosso povo?

Existe. Mas, para entender, precisamos saber a verdade sobre a ameaça. Presidente, quando o senhor explicou porque bombardeamos o Afeganistão e o Iraque, o senhor não contou ao povo americano a verdade sobre o porquê de sermos alvo do terrorismo. O senhor disse que somos alvo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos no Mundo. Que absurdo! Somos alvo dos terroristas porque, na maior parte do Mundo, nosso governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana.

Somos alvo dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque nosso governo fez coisas odiosas.

Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos, substituindo-os por militares ditadores, marionetes desejosas de vender seu próprio povo a corporações americanas multinacionais? Fizemos isso no Irã, quando os Marines e a CIA depuseram Mossadegh porque ele tinha intenção de nacionalizar a indústria de petróleo. Nós o substituímos pelo Xá e armamos, treinamos e pagamos a sua odiada guarda nacional Savak, que escravizou e brutalizou o povo iraniano; tudo para proteger o interesse financeiro de nossas companhias de petróleo. Será possível imaginar que existam pessoas no Irã que nos odeiam?

Fizemos isso no Chile. Fizemos isso no Vietnã. Mais recentemente, tentamos faze-lo no Iraque. E, é claro, quantas vezes fizemos isso na Nicarágua e outras repúblicas na América Latina? Uma vez atrás da outra, temos desempossado líderes populares que desejam que as riquezas da sua terra sejam repartidas pelo povo que as gerou. Nós os substituímos por tiranos assassinos, que venderiam o seu próprio povo para que a riqueza da terra pudesse ser tomada por similares à Domino Sugar, à United Fruit Company, à Folgers...

De país em país, nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a liberdade e pisoteou os direitos humanos. É por isso que somos odiados ao redor do Mundo. E é por isso que somos alvos dos terroristas. O povo do Canadá desfruta da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. O senhor já ouviu falar de embaixadas canadenses sendo bombardeadas? Ou norueguesas, ou suecas? Nós não somos odiados porque pratiquemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Nós somos odiados porque nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados por nossas corporações multinacionais. Esse ódio, que semeamos, virou-se contra nós, para assombrar-nos na forma de terrorismo e no futuro, de terrorismo nuclear.

Uma vez dita a verdade sobre o porquê de existir a ameaça e de ter sido entendida, a solução torna-se óbvia. Nós precisamos mudar nossas práticas. Livrarmo-nos de nossas armas nucleares - unilateralmente, se necessário - irá melhorar nossa segurança. Alterar drasticamente nossa política externa irá assegurá-la. Em vez de enviar nossos filhos e filhas ao redor do mundo para matar árabes (de modo que possamos ter o petróleo sob suas areias), deveríamos mandá-los para reconstruir sua infra-estrutura, fornecer-lhes água limpa, alimentar suas crianças famintas.

Em vez de continuar a matar milhares de crianças iraquianas todos os dias com nossas sanções, deveríamos ajudar os iraquianos a reconstruir as suas usinas elétricas, as suas estações de tratamento de água, os seus hospitais, todas as coisas que destruímos e os impedimos de reconstruir.

Em vez de treinar terroristas e esquadrões da morte, deveríamos fechar a "Escola das Américas". Em vez de sustentar a revolta, a desestabilização, o assassínio e o terror em redor do mundo, deveríamos abolir a CIA e dar dinheiro a agências de assistência.

Resumindo, deveríamos ser bons, em vez de maus. Quem iria tentar nos deter? Quem iria nos odiar? Quem iria querer nos bombardear? Essa é a verdade, senhor Presidente. É isso que o povo americano precisa ouvir.

*Tenente-coronel Aviador, participou de 101 missões de combate no Vietnã; hoje é bispo de igreja católica em Melbourne Beach, Flórida.

Fonte: Carta O Berro

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