O
relatório final da CPI sobre grupos de extermínio no Nordeste
será entregue em agosto
O relatório da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a ação dos
grupos de extermínio no Nordeste será entregue no final
da primeira quinzena de agosto. A previsão é do relator
da Comissão, o Deputado Federal Luiz Couto (PT/PB). A Paraíba
está entre os Estados que reúnem o maior número de
informações, junto com a Bahia, Ceará e Pernambuco.
A CPI vai pedir o indiciamento
de várias pessoas ao Ministério Público Federal e dos Estados e
o aprofundamento das investigações de casos em que
constam só indícios ou depoimentos
que citam apenas o primeiro nome ou o apelido de membros
do crime organizado. A Comissão vai sugerir a criação de
um departamento especifico da Polícia Federal para auxiliar
no processo investigatório. Segundo o relator, quando não
há uma integração entre o trabalho do Promotor de Justiça,
do juiz e da polícia o processo não evolui. “Em muitos casos
nem mesmo o inquérito foi instaurado”, disse.
No relatório vão
constar nomes de executores, mandantes e pessoas que prestam
serviço a grupos de extermínio, entre eles policiais civis
e militares, além daqueles que acobertam, em suas fazendas
ou apartamentos, membros do crime organizado em troca de
favores.
O material reunido,
segundo ele, aponta para a existência de grupos organizados
com ramificações em vários Estados. Eles têm preferência
por atuar nas divisas dos Estados para facilitar o ocultamento
das vítimas, que em geral são executadas e enterradas em
cemitérios clandestinos situados em locais ermos. Na estrutura
do crime existem um mandante, um intermediário, um
financiador, um executor e um protetor. Os grupos
são compostos por policiais e ex-policiais militares, civis,
agentes penitenciários, araques de polícias (informantes),
ex-presidiários e presidiários que têm a saída da cadeia
facilitada para poderem cometer os crimes e dificultar as
investigações, além de vigilantes de empresas de segurança
clandestina e servidores públicos. Todos participam diretamente
ou dão cobertura aos assassinatos.
Em geral, os principais
alvos dos membros do crime organizado são agricultores e
pessoas do próprio grupo que manifestam a intenção de abandonar
as atividades criminais. Mas são mortos também defensores
de Direitos Humanos, os que lutam pela terra e pela Reforma
Agrária e aqueles que dentro do aparelho policial ou judicial
tentam combater o crime de extermínio.
Foram colhidos depoimentos
de autoridades dos Executivos estaduais, do Judiciário,
das entidades de defesa de Direitos Humanos, da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e do Ministério Público, bem como
de pessoas que estão no Programa de Proteção a Testemunhas
por ter denunciado o crime organizado, bem como familiares
das vítimas e vítimas que conseguiram escapar da execução.
“Diante do que investigamos em todos os estados do Nordeste
ficou evidente que a prática da execução sumária, extrajudicial,
ocorre de forma permanente e corriqueira”, afirmou o relator
da CPI.
Fonte:
Assessoria de Comunicação do Deputado Federal Luiz Couto