NOVEMBRO DE 1974
Muitas pressões
no Rio, São Paulo, Bahia. Três mortes em Fortaleza, uma
em Minas Gerais, esta última por atropelamento.
Hoje fui procurada
pela irmã de Eduardo, angustiada perguntou-me se sabia algo sobre
o paradeiro do rapaz. Em fim, diante da minha mudez, falou um sussurro,
ele é morto, ao que respondi não sei, ela se foi confortada,
com uma fagulha de esperança e eu fiquei arrasada porque não
o creio vivo.
O sofrimento é
ilógico, hoje passei o dia a tentar descobrir uma razão
que explicasse porque algumas pessoas sofrem tanto. Não descobri
nada que me satisfizesse.
Presos no Rio, Marcos
Ferreira da Costa Lima, filho de Dr. Osvaldo Lessa e Rejane Coutinho,
filha de Amaury Coutinho. Dr, Osvaldo me telefonou solicitando ajuda,
o que fiz.
1974
Os presos políticos
iniciaram a greve de fome, pela segregação de Luciano
e Marcelo. Retirada do fogão, refrigerador, televisão,
rádio, jornais, prática de artesanato e saída e
entrada de correspondência.
Entre eles tem um tuberculoso, Samuel Firmino de Oliveira, que no momento
não está tendo o tratamento devido, foi-lhe suspensa a
medicação, e também faz a greve. O Diretor Major
Siqueira colocou-o entre os demais presos, numa evidente violência,
a fim de contagiar os outros.
Anchieta me telefonou
avisando que a absolvição dele fora no STM e me agradeceu.
É tão difícil essas delicadezas nos dias de hoje.
Já se encontram
doentes Luciano Almeida, Marcelo Mário, Alamir Cardoso, Francisco
Peixoto e Chagas. Estão tomando soro em estado de coma. Estão
isolados: Carlos Alberto, Roly Son Cavalcanti.
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