Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 Apresentação
 Trajetória de Vida
 Escritos & Reflexões
 Atuação Jurídica
 ABC Vítimas da Ditadura
 Matérias na Mídia
 Correspondências
 Processos
 Arquivos Multimedia
 Galeria Virtual
 Acervo Mércia
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Rede Brasil
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN
 Rede Lusófona
 Rede Mercosul


15.10.1974
Anotações Inéditas de Mércia Albuquerque

 

Mais uma vez os presos políticos tiveram as celas invadidas e os objetos de uso pessoal roubados pelos guardas, por determinação do Dr. Kleber.

Liguei para Dr. José Paes, Secretário do Interior e Justiça, e disse-lhe o que estava acontecendo, inclusive que Dra. Vanda já havia representado e o Dr. Carlos Henrique contra as violências dos diretores, inclusive ter obstado os advogados em se avistarem com os clientes, então o idiota me agrediu, gritando que não admitia e que era uma inverdade pois os presos mereceiam morrer, eram uns terroristas safados, e Fernando Lira, Sérgio e Jarbas Vasconcelos eram uns cretinos e que queria ir para a televisão anarquizá-los, e Gerson Maciel era um analfabeto. Gritei-lhe esse problema não me interessa, mas sei que apesar de analfabeto, Dr. Jerson é catedrático comparado com você. O senhor é um narcisista e vive pavoneando-se em frente dos seus capachos. O senhor não tem equilíbrio, pois em plena campanha política cria problemas para o governador. O senhor é um narcisista ridículo, que só pensa em aparecer em televisão e tirar retratos. Então me disse o major , Heber me apoia e autorizou-me a apertar a 2ª seção, mandou baixar o pau. Enfim, encerramos a conversa.

Saí imediatamente e fui ao IV Exército, conversei com o Cel. Renato Leite, um velho simpático e me parece equilibrado e bom, que se mostrou perplexo com a revelação e prometeu-me interferir. Telefonei para Júlio e marquei para falar com o Dr. Eraldo na 5ª feira 17. Às 10 horas contei tudo a ele e chamei-lhe a atenção da propaganda negativa que Zé Paes dava causa. Imediatamente telefonou à Ordem dos advogados e hoje, 17 mesmo, estiveram no presídio e o material sequestrado foi entregue e se comprometeram tomar providências. No dia 18, acompanhada de Jerson e da mãe de Marcos, visitei os presos. Tudo voltou ao normal, banho de sol etc., mas não creio que perdure. Mesmo assim, saí deprimida, o presídio tem duas cercas de arame farpado e eletrizado, e quando saí ouvi que me chamavam; eram os presos políticos de calção, nus da cintura para cima e me davam adeus. De repente o tempo retroagiu e me pareceu ver Treblinka e chorei amargurada. Até quando eles ficarão ali, engavetados, enterrados o melhor da nossa juventude.

Mas, dias virão que terei a satisfação de apreciar Zé Paes responder pelos roubos da FEBEM, pelos escândalos da FIAN.

Eu tenho nojo de Zé Paes, é um verme, é um esgoto, que para satisfazer o narcisismo não respeita nem mesmo a velho Eraldo que lhe deu a mão.

 

Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055-84-3221-5932 / 3211-5428 - Skype: direitoshumanos - dhnet@dhnet.org.br
Google
Notícias de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
MNDH
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Memória e a Verdade
Comitês de Educação em Direitos Humanos Estaduais
Rede Brasil de Direitos Humanos
Redes Estaduais de Direitos Humanos
Rede Estadual de Direitos Humanos Rio Grande do Norte
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Rede Lusófona de Direitos Humanos